Avaliação nutricional da cana-de-açúcar acrescida de óxido de cálcio em diferentes tempos de amazenamento para bovinos
Ano de defesa: | 2008 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Genética e Melhoramento de Animais Domésticos; Nutrição e Alimentação Animal; Pastagens e Forragicul Doutorado em Zootecnia UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/1707 |
Resumo: | Foram realizados 4 experimentos com o objetivo de avaliar a composição bromatológica e a cinética de digestão in situ e in vitro da cana-de-açúcar, o consumo e digestibilidade dos nutrientes, o desempenho, e parâmetros ruminais de animais alimentados com cana-de-açúcar acrescida de óxido de cálcio em diferentes tempos de armazenamento. No primeiro experimento, objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de óxido de cálcio (cal) e dos tempos de exposição (TE) da cana-de-açúcar à cal sobre o desempenho de novilhas Nelore e comparar o dióxido de titânio (Ti) com o óxido crômico (Cr) para estimar o consumo individual de concentrado e as digestibilidades dos nutrientes. Utilizaram-se 30 fêmeas Nelore, com idade aproximada de 24 meses e pesos médios de 285 ± 31 kg alojadas em seis baias coletivas. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 3 x 2, sendo 3 níveis de inclusão de cal (0; 0,5 ou 1% na MN da cana-de-açúcar) e 2 TE (0 e 3 dias), com 5 repetições (6 grupos de 5 animais). O experimento foi conduzido em três períodos de 28 dias após adaptação de 14 dias. Não foram observados efeitos (P>0,05) dos tempos de exposição da cana-de-açúcar à cal (0 ou 3 dias) sobre os consumos de MS, MO, PB e NDT e o ganho de peso (GMD). Porém, os mesmos influenciaram (P<0,05) os consumos de EE, FDNcp e CNF. Os níveis de cal influenciaram de forma linear decrescente (P<0,05) os consumos de MO, FDNcp, CNF e NDT, e o GMD. Todavia, não foram observados efeitos (P>0,05) dos indicadores (Ti e Cr), nem das interações entre os níveis de cal e o tempo de armazenamento (P>0,05) sobre os consumos de MS, MO, PB, EE, FDNcp, CNF e NDT. Interações significativas (P<0,05) entre o tempo de exposição e o nível de inclusão de cal foram observadas, para as digestibilidades aparentes (DA) total da MS, MO, PB e FDN e para o teor de NDT. O aumento do TE influenciou positivamente a DA da MS, MO, PB, FDN e o teor de NDT dentro dos níveis de inclusão de 0,5 e 1,0% de cal, estimando-se em 0,5% o nível ótimo de inclusão de cal. Contudo, dentro do nível zero de inclusão de cal, houve redução na digestibilidade aparente total da MO e no teor de NDT. Considerando que a hidrólise da cana-de-açúcar com cal, após três dias de armazenagem, resulte em melhoria na digestibilidade de alguns nutrientes, incorre em redução do consumo de NDT e, conseqüentemente, em redução do ganho de peso, não se recomenda fornecer a cana-de-açúcar tratada com cal. Conclui-se também que os indicadores Ti e Cr são igualmente efetivos para estimar os consumos individuais de concentrado de bovinos alimentados em grupo, e que o armazenamento da cana-de-açúcar durante três dias sem qualquer tratamento não altera o desempenho de novilhas Nelore em crescimento. No segundo experimento, avaliou-se o efeito da cal e dos tempos de exposição da cana-de-açúcar à cal sobre as digestibilidades totais e parciais, o consumo de nutrientes e os parâmetros ruminais, bem como, foram comparados o Ti e o Cr como indicadores externos para estimar a excreção de matéria seca fecal (MSF) e o fluxo de matéria seca abomasal (MSABO). Utilizaram-se seis fêmeas Nelore, com pesos médios de 250 ± 19 kg, fistuladas no rúmen e no abomaso, distribuídas em quadrado latino 6 x 6 incompleto. O experimento constou de quatro períodos, com duração de 12 dias cada, sendo sete para adaptação e cinco para coletas de amostras. Os tratamentos foram arranjados em esquema fatorial 3 x 2, sendo três níveis de inclusão de cal (0; 0,5 ou 1% na matéria natural da cana- de-açúcar) e dois tempos de armazenamento da cana (0 e 3 dias). Não houve efeito (P>0,05) dos tempos de armazenamento, nem da interação entre os tratamentos (P>0,05) sobre os consumos MS, MO, PB, EE, FDNcp, e CNF. Contudo, os níveis de inclusão de cal aumentaram linearmente (P<0,05) os consumos de MS, MO, e CNF, mas não afetaram (P>0,05) os de PB, EE e FDNcp. Os tempos de armazenamento reduziram (P<0,05) a digestibilidade aparente total da MS, MO e FDNcp, mas não influenciaram (P>0,05) a digestibilidade aparente ruminal dos nutrientes. A inclusão de cal aumentou (P<0,05) o consumo de NDT (kg/ dia), porém não afetou (P>0,05) a digestibilidade total e ruminal dos nutrientes. Os indicadores produziram resultados similares (P>0,05) para as estimativas de digestibilidade aparente total e ruminal de todos os nutrientes avaliados. Foram observadas interações entre o tempo de amostragem e o nível de cal e entre o nível de cal e o tempo de armazenamento (P<0,05) para o pH ruminal. Contudo, os valores de N-NH3 foram influenciados somente pelos tempos de amostragem (P<0,001). Conclui-se que a adição de cal não teve efeito sobre a preservação da cana-de-açúcar, mas influenciou positivamente o consumo de MS, MO e NDT pelos animais, e que os indicadores produziram estimativas similares para a digestibilidade aparente total e ruminal de todos os nutrientes avaliados. No terceiro experimento, objetivou-se avaliar o efeito dos níveis de inclusão (0; 0,5 ou 1% na MN da cana- de-açúcar) e tempos de exposição (0 e 3 dias) da cana-de- açúcar à cal sobre a síntese e eficiência de síntese de nitrogênio (NMic) ou proteína microbiana ruminal (PBMic). A produção microbiana foi estimada utilizando a excreção urinária de derivados de purinas (DPU) obtida a partir de amostras spot de urina ou o fluxo abomasal de bases purinas determinado com o Ti (BPTi) ou o Cr (BPCr) como indicadores do fluxo de MS abomasal. Para isso, foram utilizados os dados provenientes do primeiro experimento conduzido com 30 fêmeas Nelores, com pesos médios de 315 ± 37 kg, alojadas em 6 baias coletivas (aproximadamente 50 m2) contendo cinco animais por baia, o qual foi conduzido em três períodos de 28 dias após um período de adaptação de 14 dias. E do segundo experimento, conduzido com 6 fêmeas Nelores, com pesos médios de 250 ± 19 kg fistuladas no rúmen e no abomaso, alocadas em um quadrado latino 6 x 6 incompleto e balanceado para efeito residual, constituído por 6 tratamentos e 4 períodos experimentais de 12 dias. Os tratamentos foram arranjados em um esquema fatorial 3 x 2 e as comparações entre médias foram realizadas através de contrastes ortogonais, respeitando-se os delineamentos experimentais de cada experimento. As coletas de digesta abomasal foram efetuadas com intervalo de 22 horas durante cinco dias, enquanto as amostras spot de urina foram obtidas 4 horas após a alimentação. A quantidade de PBMic sintetisada no rúmen não foi influenciada (P>0,05) pelos tempos de exposição ou pela inclusão de cal à cana-de-açúcar em ambos os experimentos. Os indicadores utilizados para estimar a síntese de PBMic (DPU, BPTi e BPCr) produziram estimativas similares (P>0,05) de síntese e eficiência de síntese de PBMic. Dessa forma, pode-se concluir que os indicadores foram adequados para estimar a síntese e a eficiência de síntese de NMic ou PBMic, e que a utilização de amostras spot de urina para estimar a excreção urinária de DP, mostrou-se tão eficiente quanto os métodos baseados no fluxo abomasal de bases purínicas para determinar a síntese e a eficiência de síntese microbiana ruminal. No quarto experimento, objetivou- se avaliar por meio das técnicas in vitro e in situ o efeito de 3 níveis de inclusão da cal (0; 0,5 ou 1% na MN da cana-de- açúcar) e 4 tempos de exposição (0, 24, 48, e 72 h) da cana- de-açúcar à cal sobre a cinética de digestão e sobre a composição bromatológica da cana-de-açúcar. Os tratamentos foram arranjados em um esquema fatorial 3 x 4. A cana-de-açúcar picada foi tratada com cal e separada em montes de aproximadamente 150 kg, os quais foram armazenados em um galpão a fim de previnir a exposição direta do material ao sol e a chuva. Durante 1 dia de cada semana por 3 semanas consecutivas, a temperatura inferior (Ti) e superior (Ts) e o pH dos montes de cana-de-açúcar tratados foram avaliados antes e depois das coletas de amostra, respectivamente. O EE e a MS não foram influenciados (P = 0,01) por ambos, TE ou nível de inclusão. Contudo, a PB e a MO diminuiram linearmente (P = 0,01 e P<0,0001; respectivamente) com o aumento do TE e do nível de inclusão da cal, respectivamente. Interações entre os níveis de cal e os tempos de armazenamento não foram observadas para MS, MO, PB, EE, Ti, e Ts. Todavia, interações significativas foram observadas para CNF, FDN, e pH. Efeitos quadráticos do TE da cana-de-açúcar à cal foram observados sobre a Ti (Ti = 24,5297 (±1,8258) + 1,1874 (±0,1241)×T 0,0116 (±0,0017)×T2; R2= 82,3; RMSE= 5,612) e Ts (Ts = 24,1717 (±1,9307) + 1,2065 (±0,1292)×T 0,0119 (±0,0017)×T2; R2= 80,7; RMSE= 5,942), sendo a temperatura máxima obtida com aproximadamente 51 h de exposição. A cal influenciou a fração insolúvel potencialmente digestível da MS e da FDN (P = 0,001 e P = 0,001; respectivamente) e a fração indigestível da FDN (P = 0,001) da cana-de-açúcar obtidas através da técnica in situ. Interações entre os tratamentos foram observadas para as frações solúvel (P = 0,0001) e indigestível (P = 0,01) da MS da cana-de-açúcar. Contudo, nenhuma interação entre os níveis de cal e os tempos de armazenamento foi observada para os parâmetros da cinética digestiva da FDN (P>0,27). A taxa de fracional de digestão (kd) da MS e da FDN não foram influencidas pelos tratamentos (P>0,56). Os valores médios de 0,0235 e 0,0215 h-1 foram obtidos para o kd da MS e da FDN, respectivamente. Os parâmetros da cinética digestiva obtidos por meio da técnica de produção de gás não foram influenciados pelos tratamentos (P>0,15). Dessa forma, concluí-se que o óxido de cálcio aumentou a fração insolúvel potencialmente digestível da MS e da FDN da cana-de-açúcar quando determinda por meio da técnica in situ, contudo o mesmo não influenciou a taxa fracional de digestão. Os parâmetros da cinética digestiva da MS e da FDN da cana-de- açúcar não foram influenciados pelos tratamentos quando os mesmo foram obtidos por meio da técnica in vitro de produção de gás. |