Avaliação quantitativa de risco microbiológico como subsídio para a formulação de diretrizes de qualidade microbiológica de águas residuárias para irrigação de forrageiras: estudo da sanidade animal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Dias, Graziele Menezes Ferreira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Biotecnologia, diagnóstico e controle de doenças; Epidemiologia e controle de qualidade de prod. de
Doutorado em Medicina Veterinária
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1452
Resumo: No contexto atual de escassez de água, formas de reutilização vêm ganhando espaço como opções ambientalmente aceitas e mesmo necessárias. A crescente demanda por produtos de origem animal aponta a necessidade de incremento na produção de forrageiras e a irrigação com águas residuárias surge como alternativa viável. Esse trabalho teve como objetivo estimar riscos de infecção, ou doença, decorrentes da prática de uso de águas residuárias na irrigação de pastagens destinadas à alimentação de animais de produção, com base na aplicação da metodologia de Avaliação Quantitativa de Risco Microbiológico (AQRM). Foram selecionados os patógenos, Salmonella spp. Campylobacter spp., Cryptosporidium spp. e rotavírus, e construídos cenários de exposição específicos para diferentes animais (bovinos, caprinos, suínos e aves). Os cenários de exposição foram baseados no Pastoreio Racional de Voisin, (PRV) no qual os animais alternam diariamente entre piquetes irrigados com água residuárias, mantendo intervalo de 14 dias entre a irrigação e o pastoreio. Foi considerado que os animais foram alimentados exclusivamente à pasto, durante 365 dias. Em relação aos modelos doseresposta, com base em dados de literatura e utilizando o método dos mínimos quadrados por Gauss Newton, foram estimados os parâmetros de interação agente-hospedeiro para salmonelose em bovinos (modelo beta-Poisson). Para as demais combinações de patógenos e animais de produção, foram utilizados parâmetros de modelos dose-resposta (beta-Poisson e exponencial) descritos na literatura para infecção em humanos. As estimativas de risco foram obtidas com simulação de irrigação de pastagens com águas residuárias em diferentes faixas de qualidade microbiológica, entre 101 e 107E. coli/100mL, por meio da técnica de Hipercubos Latinos&#8223; com 10.000 iterações. Os resultados sugerem que a utilização de águas residuárias com 104-105E. coli/100mL não representa excesso de risco de infecção ou doença para bovinocultura (cenário de exposição mais desfavorável), sendo as estimativas obtidas, em termos percentuais, próximas de zero para Salmonella spp., 2,8% para Cryptosporidium spp. e 33,9% para rotavírus, enquanto dados de literatura revelam prevalência de 21,3% para Salmonella spp., entre 9,2 a 77,46% para Cryptosporidium spp. e entre 2,7% a 82,4% para rotavírus. Com a utilização de águas residuárias contendo 103-104E. coli/100mL as estimativas de risco foram ainda menores, com percentuais praticamente nulos para Salmonella spp., 0,28% para Cryptosporidium spp. e 3,89% para rotavírus. Conclui-se que a qualidade preconizada nas diretrizes da OMS para irrigação de pastos e forrageiras com águas residuárias,(104E. coli/100mL), embora tenha sido fixada visando a proteção da saúde de trabalhadores, é segura para garantir a sanidade dos animais que consomem tais plantações. Por conseguinte, também o seria o critério estabelecido pela Resolução CONAMA no 357/2005 (<4x103 coliformes termotolerantes/100mL).Em contraposição, os critérios adotados pelos Estados Unidos da América e pela Austrália para irrigação de pastagens com águas residuárias, respectivamente &#8804;200 coliformes fecais/100 mL e <100 E. coli/100mL, soam extremamente rigorosos e até mesmo desnecessários para assegurar a sanidade dos animais. A metodologia de AQRM mostrou grande valia para a estimativa de riscos à sanidade animal associados ao pastoreio de forrageiras irrigadas com águas residuárias. Entretanto, essa metodologia ainda necessita ser mais bem adaptada, de forma a reduzir as incertezas incorporadas aos modelos de estimativa de riscos, tanto em seu componente de modelos de exposição quanto, e principalmente, nos de dose-resposta. Estudos que supram tais informações podem ser úteis na medida em que poderão reduzir as incertezas incorporadas nesse trabalho e endossar o reconhecimento do reúso como prática segura e viável na pecuária.