Criopreservação de sêmen e avaliação histológica e funcional do testículo de periquitos australianos (Melopsittacus undulatus SHAW, 1805)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Peixoto, Juliano Vogas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Biotecnologia, diagnóstico e controle de doenças; Epidemiologia e controle de qualidade de prod. de
Doutorado em Medicina Veterinária
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1437
Resumo: O periquito australiano (Melopsittacus undulatus) de vida livre habita as regiões áridas e semi-áridas do interior da Austrália. Sua criação em cativeiro teve início na metade do século XIX devido sua grande adaptabilidade e reprodutibilidade. É considerado pela IUCN (2009) como Least Concern , ou seja, sem ameaça de extinção. Assim como para a maioria das aves silvestres, poucos são os estudos sobre a morfofisiologia reprodutiva de psitacídeos, levando à escassez de conhecimentos sobre a reprodução dessas aves. O desenvolvimento de protocolos de reprodução assistida em espécies modelos que não se encontram em vias de extinção é essencial para extrapolação metodológica na utilização de biotécnicas reprodutivas. Os animais do presente experimento foram alocados nas dependências do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa. A coleta de sêmen foi realizada três vezes por semana via massagem digital na porção dorso caudal da cavidade celomática. O sêmen foi coletado das papilas dos ductos deferentes, na parede da cloaca, por meio de tubos de micro hematócrito graduados não heparinizados. O volume de sêmen coletado foi diluído em solução de Ringer com lactato, e os espermatozóides foram classificados quanto à motilidade e vigor, sendo também calculados a concentração espermática e o percentual de anormalidades. Posteriormente as amostras foram rediluídas nos meios Lake®, TRIS-citrato-gema de ovo e TES-TRIS para teste de resfriamento a 5ºC. Para o teste de congelamento, amostras foram fracionadas em 2 alíquotas contendo 6 e 11% de glicerol. Uma amostra de cada tratamento foi submetida a dois processos de congelamento: uma curva rápida de resfriamento/congelamento e uma curva ultrarrápida de resfriamento/congelamento. Após o descongelamento foram considerados os mesmos parâmetros de análise para o sêmen a fresco, além do teste de termorresistência e dos testes hiposmótico, supravital e coloração por fluorescência para verificar a integridade de membrana. O meio Lake® apresentou melhores resultados para o resfriamento do sêmen após 24 horas. Não foram observados resultados satisfatórios de motilidade, vigor e testes de integridade de membrana após o descongelamento das amostras nos diferentes protocolos. Foi ainda avaliado o processo espermatogênico de periquitos australianos. Quatro dias previamente à coleta dos testículos, em três animais foi aplicado 0,1 ml de bromodeoxiuridina via sistêmica. Os testículos foram coletados e processados segundo técnica rotineira para inclusão em resina e parafina. Cortes em resina foram corados com azul de toluidina e analisados com técnicas qualiquantitativas enquanto os cortes em parafina foram corados segundo técnica imunocitoquímica. Foram verificados índices indicativos de alta produção espermática, como índice gonadossomático (1,4%), proporção volumétrica dos túbulos seminíferos (97%), diâmetro médio do túbulo seminífero (314 μm), altura do epitélio seminífero (96,7 μm), 12,4 metros de túbulo seminíferos por grama de testículo, reserva espermática por grama de testículo (551,7 x 106), produção espermática diária (171,3 x 106) e produção espermática diária por grama de testículo (342,7 x 106). O arranjo celular ao longo do ciclo do epitélio seminífero foi semelhante àquele descrito em mamíferos, sendo possível a definição de 8 estádios do ciclo do epitélio seminífero. Semelhante as demais espécies de aves estudadas, cinco a nove áreas com estádios distintos foram observados em uma única secção transversal do túbulo seminífero conferindo a característica helicoidal da espermatogênese. A frequência relativa dos oito estádios do ciclo do epitélio seminífero de periquitos australianos foi: estádio 1 (9,35); estádio 2 (5,33); estádio 3 (26,09); estádio 4 (11,06); estádio 5 (22,28); estádio 6 (16,17); estádio 7 (5,89) e estádio 8 (3,84). Os estádios pré divisionais somaram 40,8%, o divisional 11% e os estádios pós divisionais somaram 48,2% seguindo a mesma tendência encontrada em codornas. A duração do ciclo do epitélio seminífero em periquitos australianos foi de 1,66 dias, menor que em todos os mamíferos e aves estudadas. Nas áreas correspondentes ao estádio I do ciclo do epitélio seminífero de periquito australiano, foram observados em média 55,42 espermatogônias, 53,01 espermatócitos jovens, 44,68 espermatócitos velhos, 176,56 espermátides arredondadas e 7,06 células de Sertoli. Foi observada uma perda de aproximadamente 16% de espermatócitos durante a prófase meiótica. A perda registrada de espermátides arredondadas durante as divisões meióticas não foi significativa sendo que das quatro células esperadas, cerca de 3,95 espermátides foram produzidas. Cada célula de Sertoli no epitélio seminífero do periquito australiano foi capaz de sustentar e manter 46,72 células da linhagem germinativa, das quais 25,02 eram espermátides arredondadas.