Estado nutricional e fatores associados à desnutrição em idosos em tratamento oncológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Carolina Araújo dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Valor nutricional de alimentos e de dietas; Nutrição nas enfermidades agudas e crônicas não transmis
Mestrado em Ciência da Nutrição
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/2775
Resumo: Introdução: Idosos com câncer apresentam elevado risco de desnutrição. A Avaliação Subjetiva Global Produzida pelo Paciente (ASG-PPP) tem sido considerada o método mais adequado para a avaliação nutricional de pacientes oncológicos, embora a antropometria ainda seja largamente utilizada na prática clínica. Por ser um método subjetivo e recentemente validado para a população brasileira, estudos comparativos entre os diferentes métodos são necessários. Além do diagnóstico nutricional, a identificação dos fatores associados à desnutrição são aspectos relevantes na abordagem do idoso com câncer, incluindo a investigação da presença de depressão e de déficit cognitivo. Objetivos: Analisar o perfil clínico, sociodemográfico, nutricional, os fatores associados à desnutrição e comparar o diagnóstico nutricional obtido pela ASG-PPP com medidas antropométricas objetivas em idosos em tratamento oncológico. Metodologia: Foi realizado um estudo transversal com 96 idosos em tratamento em um centro oncológico. Os procedimentos adotados incluíram a aplicação de um questionário sociodemográfico e de saúde, avaliação do estado nutricional pela ASGPPP e determinação de medidas e índices antropométricos: peso, estatura, Índice de Massa Corporal, perímetro do braço, circunferência muscular do braço, área muscular do braço, área muscular do braço corrigida, área adiposa do braço, perímetro da panturrilha, perímetro da cintura, perímetro do quadril, relação cintura-quadril e prega cutânea tricipital. O consumo alimentar atual foi investigado por meio de um Recordatório de 24 horas, a presença de depressão foi avaliada pela Escala de Depressão Geriátrica versão com 15 itens (GDS-15) e a função cognitiva pelo do Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). A análise estatística envolveu medidas descritivas, análise univariada e multivariada. Foi utilizada a regressão de Poisson com ajuste de variância robusta para identificar os fatores independentemente associados à desnutrição. A comparação entre os métodos de avaliação nutricional foi feita por meio da correlação de Spearman e do cálculo do coeficiente Kappa ajustado à prevalência. Em todos os testes estatísticos, o nível de significância para rejeição da hipótese de nulidade foi α = 0,05. Resultados: A amostra foi equitativa em relação ao sexo, com idade média de 70,6 anos (DP = 7,8 anos) e predomínio de indivíduos com doença em estágio avançado. Por meio da ASG-PPP identificou-se 56,2% de idosos eutróficos, 29,2% com desnutrição moderada ou suspeita de desnutrição e 14,6% com desnutrição grave. Dos idosos avaliados, 47,9% necessitavam de intervenção nutricional crítica. Os parâmetros antropométricos apresentaram diferenças segundo a classificação subjetiva da ASG-PPP, com correlação significativa entre os métodos objetivos e subjetivo. A prevalência de desnutrição variou de 43,8% a 61,4%, dependendo do método utilizado, com maior concordância entre o diagnóstico fornecido pela ASG-PPP com o Índice de Massa Corporal (kappa = 0,54; IC: 0,347-0,648). O déficit cognitivo foi identificado em 39,6% e a presença de depressão em 17,7% dos avaliados, com maior pontuação para o sexo feminino na GDS-15 (p=0,017). Na análise multivariada estiveram associados à desnutrição nos idosos o déficit funcional (RP: 3,40; IC: 1,23-9,45), a presença de dois ou mais sintomas de impacto nutricional (RP: 3,22; IC: 1,03-10,10) e o tratamento atual por quimioterapia (RP: 2,96; IC: 1,16-7,56). Conclusões: Os idosos em tratamento oncológico apresentaram elevada prevalência de desnutrição e de necessidade de intervenção nutricional crítica, reiterando a importância do suporte nutricional como ação central no cuidado ao indivíduo com câncer. A ASG-PPP apresentou correlação significativa com as medidas antropométricas e de consumo alimentar, confirmando-se sua indicação como método preferencial para a avaliação nutricional de idosos com câncer. Cerca de dois a cada cinco avaliados apresentaram déficit cognitivo e a depressão foi identificada em um de cada seis idosos, com maior pontuação na escala de depressão para o sexo feminino. O déficit funcional, a presença de dois ou mais sintomas de impacto nutricional e o tratamento atual por quimioterapia estiveram independentemente associados à desnutrição e devem ser condições efetivamente investigadas na abordagem e intervenção junto a estes indivíduos.