Síndrome de Burnout e sua relação com condições de trabalho, estado nutricional e de saúde em professores do ensino médio estadual
Ano de defesa: | 2010 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Valor nutricional de alimentos e de dietas; Nutrição nas enfermidades agudas e crônicas não transmis Mestrado em Ciência da Nutrição UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/2737 |
Resumo: | O presente trabalho objetivou avaliar a possibilidade de ocorrência da Síndrome de Burnout em professores do ensino médio estadual, na cidade de Viçosa MG, e sua correlação com as condições de trabalho, estado nutricional e de saúde desses professores. Além de identificar os sinais da síndrome, buscou-se avaliar as condições ambientais, tecnológicas e organizacionais no ambiente de trabalho, o estado nutricional e de saúde dos professores. Realizou-se um estudo epidemiológico quali-quantitativo, transversal, cuja amostra inicial foi de 100 professores, que posteriormente sofreu alterações devido à dificuldade de agendamento e disponibilidade de parte dos voluntários. Para a caracterização da amostra utilizou-se de questionário sociodemográfico e informações sobre trabalho e condições de saúde dos participantes da pesquisa. A avaliação das condições de trabalho fez-se por meio da Análise Ergonômica do Trabalho proposta por Guérin (2001). Também foram realizadas medições de ruído, temperatura e umidade relativa do ar. O ruído foi avaliado utilizando um Medidor de Nível de Pressão Sonora DEC 460. Já a iluminação, a temperatura e a umidade relativa do ar foram avaliadas por meio de um termo-higro-anemômetro luxímetro digital. Avaliaram-se queixas de dores por meio de questionário, utilizando o diagrama corporal proposto por Corlett & Manenica (1980), além da altura alcançada pelo braço acima da cabeça para identificar o alcance vertical da mão, necessário para a escrita no quadro em sala de aula. Os riscos para distúrbios músculo-esqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho foram avaliados por meio de check-list proposto por Couto (2000). Os deslocamentos realizados durante a jornada de trabalho foram registrados por meio de pedômetro. Identificou-se a carga de material didático transportada pelos professores durante o trabalho com a utilização de uma balança digital, com precisão de 5 g. A presença da Síndrome de Burnout foi avaliada por meio da aplicação do Maslach Burnout Inventory, com versão traduzida para o português. O peso e a composição corporal foram avaliados por meio da bioimpedância bipolar, sendo a altura aferida com a utilização de antropômetro portátil. O índice de massa corporal foi utilizado para classificar o estado nutricional, de acordo com os dados de peso e altura obtidos, sendo o percentual de gordura estimado segundo dados do manual do fabricante do aparelho. O perímetro da cintura obtido pela medida executada no ponto médio da cintura foi utilizado para identificar riscos metabólicos associados à obesidade. Para avaliação da qualidade dietética foi realizado o inquérito de frequência do consumo alimentar. Na avaliação bioquímica, o perfil lipídico, a glicemia de jejum e o hemograma completo foram avaliados por meio de exame bioquímico laboratorial. Para avaliação clínica foi realizada a aferição da pressão arterial por meio do medidor de pressão arterial, certificado pela Sociedade Brasileira de Hipertensão, além da avaliação do risco de doenças cardiovasculares com base no Escore de Risco de Framingham. As análises estatísticas foram realizadas com a utilização dos softwares SPSS 17.0, MiniTab 14.0, Epi Info 6.0 e Excel 2007. Foram utilizados os testes: Kolmogorov-Smirnov, Qui-Quadrado, Fisher e Mann-Whitney. A correlação de Spearman foi analisada através da avaliação qualitativa de Callegari-Jacques (2003). Na amostra encontrou-se prevalência de professoras, com média de 40,4 + 10,4 anos, sendo a maioria casada e com filhos. Menos da metade dos professores ou 46% apresentou especialização completa, enquanto 40% ainda não possuem pós-graduação. Cerca de 50% estava com menos de 10 anos de serviço, sendo que mais da metade era efetiva por meio de concurso público. Mais da metade dos professores ministrava mais de 18 aulas semanais. O controle de saúde periódico apresentou maior prevalência entre as mulheres. A rouquidão após o trabalho foi relatada principalmente entre as mulheres. O número de dias de licença para tratamento de saúde demonstrou queda entre as mulheres nos anos de 2008 e 2009. O ruído, a iluminação, a umidade relativa do ar e a temperatura prevaleceram com valores inadequados nas salas de aula. A umidade apresentou forte correlação com a temperatura. A presença da dor nos membros inferiores foi elevada principalmente entre as mulheres. O risco para distúrbios músculo-esqueléticos nos membros superiores não apresentou significância estatística. Entre os professores avaliados, identificou-se uma distância média percorrida de 1,43 + 0,5 Km, com média de 2281,9 + 878,3 passos, em um turno de trabalho. A mediana do transporte de peso chegou a 4,340 Kg. A Síndrome de Burnout apresentou alto score para despersonalização principalmente entre os homens. A exaustão emocional apresentou associação positiva estatisticamente significativa com o fato dos professores possuírem pós-graduação e com o número de aulas superior a 18. A despersonalização apresentou associação em ambos os sexos. O ruído apresentou correlação regular com a exaustão emocional, a qual também apresentou correlação regular com a despersonalização e correlação fraca com a realização pessoal. A idade e o tempo de serviço apresentaram correlação regular com a despersonalização, enquanto o número de aulas semanais correlacionou-se com a exaustão emocional de maneira regular. Destaca-se predomínio do sobrepeso entre os homens. O perímetro da cintura e o IMC apresentaram forte correlação entre eles, além de correlação regular com o percentual de gordura. O IMC inadequado associou-se com inadequado perímetro de cintura e percentual de gordura. Quanto ao hábito alimentar, há entre os professores consumo regular de frutas, hortaliças, leite, arroz, feijão, pão e café. Constatou-se associação entre sexo e níveis de HDL-c, nas mulheres apresentando maiores frequências de adequação do que nos homens, o mesmo acontecendo na relação LDL-c/HDL-c. Observou-se prevalência de 8,6% de hipertensão arterial entre os professores. O perímetro da cintura apresentou maior distribuição para risco muito aumentado entre as mulheres, o que as inclui num potencial grupo de risco para doenças cardiovasculares, devido ao acúmulo de gordura corporal localizada na região abdominal. O IMC alterado e o nível do HDL-c inadequado apresentaram associação com o nível elevado de despersonalização. Portanto, constatou-se que a Síndrome de Burnout esteve presente entre os professores da amostra, principalmente quanto ao quesito despersonalização, merecendo atenção de gestores governamentais e das escolas, além dos próprios professores. O estado nutricional e de saúde esteve inadequado em parcelas da amostra, necessitando um maior cuidado com a saúde. As condições ambientais, organizacionais e tecnológicas precisam ser acompanhadas para manutenção de adequadas condições de trabalho junto aos professores, com atenção sendo dispensada para a saúde física e mental no ambiente de trabalho. |