Estado inflamatório e sua associação com os componentes da síndrome metabólica em adultos jovens
Ano de defesa: | 2009 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Ciência de Alimentos; Tecnologia de Alimentos; Engenharia de Alimentos Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/444 |
Resumo: | O tecido adiposo secreta várias adipocinas, as quais podem desempenhar importante papel na gênese da síndrome metabólica (SM). Em vista disto, vários biomarcadores inflamatórios têm sido estudados. Porém, porém persiste a necessidade de se conhecer a presença destes no estado inflamatório de uma população adulta jovem, bem como a capacidade dos mesmos em predizer a SM nesta população. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as associações entre as concentrações dos biomarcadores inflamatórios do componente C3 do complemento, adiponectina e proteína C-reativa (PCR) com vários componentes antropométricos, bioquímicos, dietéticos e de estilo de vida, dando especial ênfase nos componentes da síndrome metabólica (SM), em adultos jovens aparentemente saudáveis. O estudo avaliou 157 indivíduos jovens saudáveis, com idade entre 18 e 35 anos. Foram coletados e analisados dados de medidas antropométricas e de composição corporal, pressão arterial sistólica e diastólica, de dieta e de estilo de vida. Amostras sanguíneas de jejum foram coletadas para determinação das concentrações de glicose, colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL, insulina, C3 do complemento, adiponectina, PCR, ácido úrico e ceruloplasmina. A seguir, índices antropométricos, bioquímicos e de qualidade de dieta foram calculados e analisados. As concentrações de C3 do complemento não diferiram entre os gêneros (p=0,2433). Porém, tais concentrações foram maiores para o grupo com sobrepeso/obesidade, quando comparados ao grupo com baixo peso/eutrofia (p=0,0003). As concentrações de adiponectina não diferiram estatisticamente entre os grupos baixo peso/eutrofia e sobrepeso/obesidade (p=0,2028), porém foram significativamente maiores para as mulheres, quando comparadas aos homens (p<0,0001). Já as concentrações de PCR foram significativamente maiores para as mulheres, quando comparadas aos homens (p=0,0006), bem como maiores para o grupo com sobrepeso/obesidade, quando comparado ao grupo com baixo peso/eutrofia (p=0,0102). As concentrações de C3 do complemento correlacionaram-se (p<0,05) com o IMC (r=0,23417), percentual de gordura corporal estimado por bioimpedância elétrica (BIA) (r=0,29819), circunferência da cintura (r=0,21266), insulina (r=0,26152), HOMA-IR (r=0,24831) e triacilgliceróis (r=0,38435). As concentrações de adiponectina correlacionaram-se (p<0,05) com percentual de gordura corporal estimado por BIA (r= 0,30145), IMC (r=-0,17810), circunferência da cintura (r=-0,21199), pressão arterial sistólica (r=-0,20279) e HDL-c (r=0,53289). As concentrações de PCR correlacionaram-se (p<0,05) com o IMC (r=0,16147), percentual de gordura corporal estimada por BIA (r=0,41865); circunferência da cintura (r=0,16487), insulina (r=0,19286), HOMA-IR (r=0,17055), triacilgliceróis (r=0,39545) e glicose (r=- 0,20877). Em análise de regressão linear múltipla, os triacilgliceróis (r2=0,1379, p<0,0001) e a gordura corporal estimada por BIA (r2=0,0621, p=0,0010) se associaram de maneira independente com as concentrações de C3 do complemento; o HDLcolesterol e o ácido úrico (r2=0,3100, p<0,0001), a prega cutânea tricipital e circunferência da cintura (r2=0,2245, p<0,0001) e o consumo de álcool, fósforo e retinol (r2=0,1275, p=0,0003) se associaram com as concentrações de adiponectina; e a insulina e ceruloplasmina (r2=0,3044, p<0,0001), a prega cutânea tricipital (r2=0,1267, p<0,0001) e o consumo de sódio (r2=0,0425, p=0,0216) se associaram com as concentrações de PCR, ambos de forma independentemente da idade, gênero, tabagismo e atividade física. Ainda, em análise de regressão linear múltipla somente com os componentes da SM, os triacilgliceróis (r2=0,1379, p<0,0001) se associaram de maneira independente com as concentrações de C3 do complemento; o HDL-c (r2=0,2840, p<0,0001) se associou de maneira independente com as concentrações de adiponectina; e os triacilgliceróis (p=0,0080) se associaram com as concentrações de PCR, ambos mesmo após ajuste para IMC e gordura corporal (%) estimada por BIA. Por fim, para essa amostra de voluntários, para cada aumento de 10,0 mg/dL das concentrações de complememto C3, existe um aumento de chance de 76%, 54% e 40% de apresentar circunferência da cintura elevada, excesso de peso e de gordura corporal; para cada aumento de 1,0 μg/mL das concentrações de adiponectina, existe uma diminuição de chance de 91% e 22% de apresentar HDL-colesterol reduzido e SM; e para cada aumento de 0,1 mg/dL das concentrações de PCR, existe um aumento de chance de 3%, 30% e de 2% de apresentarem hipertrigliceridemia, excesso de peso e de gordura corporal (p<0,05). Assim, o C3 do complemento, adiponectina e PCR estão relacionados com medidas antropométricas e de composição corporal bem como bioquímicas, dietéticas e de estilo de vida, em indivíduos jovens aparentemente saudáveis. Estes resultados demonstram: (a) um papel independente dos triacilgliceróis, componente da SM, e da gordura corporal, como preditores das concentrações de C3 do complemento; (b) um papel independente do HDL, componente da SM, como preditor das concentrações de adiponectina; e (c) um papel dos triacilgliceróis, componente da SM, como preditor das concentrações de PCR. Por outro lado: (d) a capacidade do C3 do complemento em predizer chance de apresentar circunferência da cintura elevada, excesso de peso e de gordura corporal; (e) a capacidade da adiponectina em predizer chance de apresentar HDL-colesterol reduzido e SM; e (f) a capacidade da PCR em predizer chance de apresentar hipertrigliceridemia, excesso de peso e de gordura corporal. Desta forma, o C3 do complemento, a PCR e em especial a adiponectina, podem ser usados como marcadores precoces da SM. |