Morfologia do tubo digestivo da lagartixa Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) (Squamata: Gekkonidae).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Sartori, Sirlene Souza Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Análises quantitativas e moleculares do Genoma; Biologia das células e dos tecidos
Doutorado em Biologia Celular e Estrutural
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/233
Resumo: Hemidactylus mabouia é a espécie de lagartixa mais amplamente distribuída no Brasil, sendo comum em ambientes antrópicos, o que torna fácil seu uso como modelo para estudo dos répteis. Assim, visando descrever morfologicamente o tubo digestivo de H. mabouia, foram utilizados 17 exemplares adultos, sendo coletados fragmentos do esôfago, da transição esôfago-gástrica, do estômago e dos intestinos delgado e grosso, que foram processados conforme métodos rotineiros para análises anatômica, histológica, histoquímica e ultra-estrutural. Secções histológicas foram coradas com azul de toluidina ou submetidas a técnicas para detecção de glicoconjugados, proteínas, atividade da fosfatase alcalina, mitocôncrias e células endócrinas argirófilas e argentafins. O esôfago de H. mabouia é um órgão tubular retilíneo, com a porção cranial mais dilatada, o que facilita a deglutição de presas inteiras e concorre para a rápida desobstrução da cavidade bucofaringeana. O estômago tem forma de J , com uma extensa região fúndica, que pode ser subdividida em fúndica oral e fúndica aboral, e uma curta região pilórica. A presença de macrófagos na superfície gástrica constitui fato singular e reflete a necessidade de defesa no lúmen. Como o dos demais répteis carnívoros, o intestino de H. mabouia é curto, sendo o intestino delgado mais longo e convoluto que o intestino grosso, que possui um cólon bastante dilatado seguido por um reto curto. O epitélio de revestimento esofágico é pseudo- estratificado ciliado com células secretoras de mucinas ácidas e neutras; na transição esôfagogástrica há mistura deste tipo epitelial com o epitélio simples prismático mucossecretor de mucinas predominantemente neutras; no estômago é simples prismático mucossecretor de mucinas neutras; no intestino delgado é simples prismático com células absortivas e células mucossecretoras de mucinas ácidas e neutras; no intestino grosso as células absortivas são escassas, sem borda estriada ou com borda muito reduzida, e as células mucossecretoras são abundantes. No esôfago, a lâmina própria é delgada e aglandular; na transição esôfago-gástrica se torna espessa e preenchida por glândulas acinosas simples ramificadas, com células mucossecretoras de mucinas neutras e células zimogênicas produtoras de pepsinogênio. Essas glândulas multicelulares não foram observadas em vários répteis, mas foram descritas em muitos anfíbios anuros, o que pode estar relacionado com o hábito alimentar desses animais. No estômago, a região fúndica oral apresenta extensas glândulas túbulo-acinosas simples ramificadas, que se tornam menores, menos ramificadas e mais tubulares na fúndica aboral, e são tubulares simples e curtas na pilórica. As glândulas fúndicas possuem células mucossecretoras de mucinas neutras e células oxintopépticas, que diferem da fúndica oral para aboral em relação à densidade de grânulos de zimogênio e mitocôndrias, indicando a existência de um gradiente de secreção de pepsinogênio e ácido clorídrico. As glândulas pilóricas possuem apenas células mucossecretoras de mucinas neutras e células endócrinas argirófilas e argentafins, que também foram observadas dispersas no epitélio de revestimento e nas glândulas de outros segmentos do tubo digestivo, exceto no esôfago. Curiosamente, células argentafins mas não argirófilas foram localizadas na transição esôfago-gástrica. No intestino não há vilosidades nem criptas de Lieberkühn.