Produtividade de soja e resposta a técnicas de cultivo em solos de cerrado com diferentes texturas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Santos, Flávia Cristina dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Fertilidade do solo e nutrição de plantas; Gênese, Morfologia e Classificação, Mineralogia, Química,
Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1592
Resumo: Nos últimos anos, a agricultura foi marcada pelo avanço da produção de soja em solos mais arenosos do cerrado, tidos como impróprios para essa atividade. Esse fato gerou questionamentos quanto à sustentabilidade e viabilidade técnica, econômica e ambiental da produção de soja. Adicionalmente, esperam-se diferenças nas respostas às técnicas aplicadas e à dinâmica de nutrientes, matéria orgânica (MO), entre outros, no solo e plantas. Diante disso, esse trabalho objetivou avaliar a produtividade de soja e a adoção de técnicas de cultivo em solos de cerrado com diferentes texturas; avaliar o relacionamento entre teores e conteúdos de nutrientes no sistema solo-planta com a textura do solo; relacionar propriedades químicas do solo com textura e histórico de uso e comparar as práticas de correção e fertilização do solo utilizadas por produtores e agrônomos no cultivo da soja com o conhecimento teórico, em solos de diferentes texturas. Para isso, foram utilizados três amplos bancos de dados com informações de plantas de soja e solos com diferentes texturas (teor de argila variando de 30 a 840 g kg-1). Por meio de plotagem dos dados em gráficos e ajustes de equações de regressão, diversos relacionamentos foram gerados com textura: produtividade, teor e conteúdo de nutrientes na planta, propriedades químicas do solo, calagem e adubação da soja e, em alguns casos, separando-se os efeitos por classes texturais: arenosa, média, argilosa e muito argilosa. Alguns relacionamentos envolveram o histórico de uso das áreas. Foi aplicado questionário a produtores e agrônomos para verificar a coerência entre as práticas conduzidas no campo e o conhecimento teórico. A produtividade de soja mostrou tendência de aumento com o teor de argila. Separando-se por classes texturais, a mesma tendência foi verificada apenas nas classes arenosa e argilosa. Nas classes média e muito argilosa houve tendência de queda da produtividade com o aumento do teor de argila. Os nutrientes tiveram relacionamentos variados com a textura e produtividade da soja, merecendo destaque os teores foliares e conteúdos de P e S nas plantas, que apresentaram aumentos com os teores de argila até valores de 227 e 426 g kg-1, respectivamente, para posteriores decréscimos. Potássio, Ca e Mg se relacionaram positiva e significativamente com teor de argila e produtividade da soja, mostrando limitação, principalmente de K+ e Ca2+ para a soja cultivada em solos mais arenosos. Quanto aos micronutrientes não houve limitação à produção, à exceção do B. De modo geral, as propriedades químicas do solo (pH, P, K+, Ca2+, Mg2+, H+Al e MO) tenderam a aumentar com o teor de argila e histórico de uso dos solos (anos 1, 3 e 5). Especificamente em relação à MO, não foi verificada diminuição em seus teores iniciais com os anos de uso nos solos arenosos. O relacionamento da CTC e MO do solo com o teor de argila seguiu o modelo potencial, evidenciando maiores aumentos para os teores menores de argila. A calagem necessita de manejo mais adequado em solos mais arenosos, pois verificou-se que, para neutralizar o Al3+ e atender à demanda da planta em Ca2+ e Mg2+, vêm sendo aplicadas doses acima de 6 t ha-1, maiores que as recomendáveis. Isso pode provocar problemas futuros, como alcalinização geral do perfil do solo. As doses recomendadas de P e K diminuem com o teor de argila e se relacionam negativamente com a produtividade. Explicações para essas constatações são que as áreas mais arenosas foram incorporadas recentemente ao cultivo e as argilosas são áreas mais velhas, com fertilidade já construída; assim a recomendação de P e K é dependente, nas condições deste trabalho, da produtividade de soja. O questionário aplicado evidenciou algumas incoerências entre as práticas conduzidas no campo por produtores e agrônomos com o conhecimento teórico, principalmente relacionadas à calagem e adubação com P e K. Por exemplo, aplicações de doses mais elevadas de calcário e P em solos arenosos em comparação aos argilosos. Conclui-se que a produtividade de soja independe da textura do solo; condições climáticas e manejo adequados são os principais fatores determinantes, e os solos arenosos apresentam potencial produtivo equivalente aos argilosos.