Composição, estrutura e análise de gradientes em floresta estacional semidecídua em Viçosa, MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Ferreira Júnior, Walnir Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/8896
Resumo: É grande a demanda por estudos ecológicos em florestas que possam embasar trabalhos de recuperação, conservação da biodiversidade e apoio à legislação ambiental. Portanto, o presente trabalho teve como objetivos, determinar a composição florística, a estrutura fitossociológica, caracterizar o atual estádio do processo de sucessão secundária em que se encontra este trecho da Reserva da Biologia, no campus da Universidade Federal de Viçosa, MG, em regeneração natural há 78 anos, bem como identificar as manchas em diferentes estádios sucessionais integrantes do mosaico florestal e avaliar se variáveis ambientais estariam influenciando padrões de distribuição de espécies, fornecendo assim informações que poderão embasar trabalhos de recuperação e conservação da biodiversidade dos fragmentos de Floresta Estacional Semidecídua. A amostragem consistiu na implantação de 100 parcelas contíguas de 10 x 10m, (1 ha), na qual todos os indivíduos arbóreos, vivos e mortos ainda em pé, com diâmetro de tronco maior ou igual a 4,7cm a 1,30m do solo, foram registrados. Para análise comparativa da florística foram analisados 14 trabalhos realizados em remanescente de Floresta Estacional Semidecídua da região de Viçosa. Foram amostrados, 1460 indivíduos, entre os quais 89 mortos em pé, com área basal estimada de 28,36m 2 /ha, agrupados em 131 espécies, 94 gêneros, pertencentes a 40 famílias. Com os maiores valores de riqueza específica destacaram-se Leguminosae com 24 (Mimosoideae com 10, Papilionoideae com 8 e Caesalpinioideae com 6); Lauraceae com 12; Myrtaceae com 10; Annonaceae e Meliaceae ambas com 8; Flacourtiaceae com 7; Rubiaceae com 6 e, Euphorbiaceae e Moraceae com 5 cada uma. As espécies Apuleia leiocarpa, Guapira opposita, Bathysa nicholsonii, Ocotea odorifera, Casearia decandra, Dalbergia nigra, Piptadenia gonoacantha, Matayba elaeagnoides e Siparuna guianensis, são apontadas como de grande ocorrência nos fragmentos estudados na região de Viçosa e adjacências, apresentando mais de 86% de ocorrência nos catorze trabalhos analisados. Foram amostradas 43 espécies (32,82%) com apenas 1 indivíduo. O índice de diversidade de Shannon (H’) foi de 3,87 e a equabilidade de Pielou (J’) foi de 0,793. A análise da sucessão ecológica revelou o predomínio de indivíduos e espécies secundárias iniciais (SI) com 44,20% e 43,51%, respectivamente e pioneiras (P) com 17,36% e 20,61%, respectivamente. As secundárias tardias (ST) representaram 29,78% das espécies e compuseram um grupo com alta densidade (35,67%). As SI e P perfizeram juntas, 57,89% da densidade relativa, 72,19% da dominância relativa, 58,60% da freqüência relativa e 62,85% do valor de importância, e, as ST representaram 33,53%, 22,44%, 32,33% e 29,44% nos mesmos parâmetros, respectivamente. Essas observações permitiram inferir que o trecho estudado encontra-se em estádio médio-avançado do processo de sucessão secundária. Foram identificadas e caracterizadas, mediante o uso da avaliação ecológica rápida, quatro eco-unidades, que são: Clareira Natural (CN), Mata Aberta 1 (MA-1), Mata Aberta 2 (MA-2) e Mata Fechada (MF). A partir das análises químicas de solo coletadas em 15 parcelas e observações de campo, foram definidos 10 pedoambientes, que integraram a matriz ambiental da análise de correspondência canônica (CCA). Três classes de solos foram identificadas a partir da análise de perfis e estabelecidas como definidoras de “habitats de solo” por representarem bem a heterogeneidade ambiental existente na área: as áreas de Cambissolo epieutrófico (Cambissolos Háplicos Tb Eutróficos), caracterizando um ambiente com relevo mais plano, eutrófico, Al 3+ trocável nulo e maior disponibilidade hídrica no solo; as áreas de LVA distrófico (Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos) no topo plano e de menor declividade, caracterizando um ambiente oligotrófico, com pH baixo, alto Al trocável e bem drenados; as de LVA câmbico (Latossolos Vermelho- Amarelos Distróficos Câmbicos) nas encostas íngremes, com solos mais rasos e teores de nutrientes e pH intermediário entre o Cambissolo epieutrófico e o LVA distrófico, caracterizando um ambiente transicional, com tendência eutrófica. Com isso, ficou evidente a existência de um gradiente pedológico fortemente associado à topografia. No LVA distrófico foram amostradas 72 espécies, 323 indivíduos, 21,54m 2 de área basal e densidade por hectare de 1404 indivíduos. Para os mesmos parâmetros, respectivamente, o LVA câmbico apresentou 58, 325, 33,04m 2 e 1413; o Cambissolo epieutrófico 63, 358, 31,49m 2 e 1556, respectivamente. Os valores de H’ e J’ foram, 3,6 e 0,84; 3,48 e 0,85; 3,49 e 0,84 para o LVA distrófico, LVA câmbico e Cambissolo epieutrófico, respectivamente. Siparuna guianensis, Amaioua guianensis, Luehea grandiflora, Coutarea hexandra, Anadenanthera peregrina, Apuleia leiocarpa e Dalbergia nigra correlacionaram-se com solos de drenagem mais eficiente, com alto teor de Al 3+ , oligitróficos, de pH baixo e reduzido teor de MO, destacando-se A. leiocarpa e D. nigra que correlacionaram-se mais fortemente com este ambiente. Por isso, essas sete espécies são recomendadas para uso na recuperação de áreas degradadas que apresentem restrições de fertilidade química e de retenção de umidade no solo. Mediante os dados obtidos neste trabalho, as espécies Nectandra lanceolata, Chrysophyllum flexuosum e Endlicheria paniculata, apresentaram-se como espécies indicadoras de solos férteis.