Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Martins, Márcia Eliana |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9746
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Resumo: |
A pesquisa que deu origem a esta tese foi realizada com os agricultores que formam a Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária de Tombos (Cresol Tombos) e as seis unidades de atendimento a ela vinculadas juridicamente. Nossa proposta de pesquisa foi motivada pelos questionamentos que emergiram dos resultados e reflexões da experiência anterior com estas organizações durante o mestrado, período em que havia uma discussão interna nestas cooperativas sobre a necessidade de padronizar suas práticas organizacionais, de acordo com as exigências do Sistema Financeiro Nacional sem, no entanto, deixar de ser uma organização baseada em valores como a solidariedade, a cooperação e a ajuda mútua. Nesta época, as cooperativas estavam vinculadas ao Sistema de Cooperativas de Crédito da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Sistema Ecosol). Contudo, dadas as dificuldades operacionais e as exigências legais, em meados de 2012, este Sistema foi incorporado pelo Sistema de Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária (Sistema Cresol). É exatamente neste ponto, entre as discussões sobre o futuro das cooperativas de crédito rural solidárias e a legitimidade (ou necessidade) das incorporações, que se situa o objetivo desta tese: compreender a inserção e a influência de novas formas institucionais nas interações dos associados à Cresol Tombos e suas unidades. Para tanto, foram utilizados como instrumentos de coleta de dados a pesquisa documental e bibliográfica, a observação de determinados momentos coletivos, a entrevista semiestruturada, o diário de campo e as fotos. Os dados foram coletados em dois períodos distintos: em março de 2015, através da observação das pré-assembleias, da Assembleia Geral Ordinária e a busca de documentos como Estatuto e Ata da Assembleia Geral. E entre junho e julho de 2015, por meio da observação de outros momentos coletivos (cursos, formações, encontros e uma fase do planejamento estratégico) e da realização de vinte e duas entrevistas, divididas entre diretores e associados. Tanto para a realização da coleta de dados quanto para a análise dos resultados e composição dos capítulos, esta tese se orientou por uma abordagem metodológica, segundo a qual nosso intuito, ao caminhar entre os sujeitos da pesquisa e suas organizações, não foi acumular dados e informações, mas procurar histórias e significados para fatos cotidianos que poderiam tecer relações e interações ao longo do tempo. Neste sentido, entendendo as cooperativas como sistemas autopoiéticos de terceira ordem (sistemas sociais), os dados resultantes da pesquisa nos permitem afirmar que as mudanças estruturais nestas cooperativas partem, sobretudo, da interação de seus diretores com outras organizações e associações representativas, além do contato mais próximo com órgãos estatais de regulação, os quais incentivam a padronização e uniformização dos Sistemas. Tais mudanças contribuem para o obscurecimento da criatividade e diversidade características deste tipo de cooperativa, levando à diminuição/eliminação de sua capacidade autopoiética. Neste ínterim, emergem formas de instrumentalização dos discursos da cooperação no âmbito organizacional, enfatizando-a como estratégia de reprodução das cooperativas como meras instituições financeiras comerciais. Contudo, ainda que a cooperação instrumentalizada figure como um significante vazio no discurso formal da organização, os discursos que emergem na organização acerca de seu significado trazem em seu escopo as diferentes maneiras que os sujeitos encontram para lidar com um modelo normativo que não corresponde, necessariamente, às suas práticas cotidianas. Portanto, no contexto da Cresol Tombos e suas unidades, percebemos o cotidiano como o espaço de expressão das sociabilidades entre os sujeitos, o que nos proporcionou observar o modo como táticas e “astúcias” de sujeitos que não detém o poder, se manifestam na lida cotidiana com essas instituições. Assim, é possível, enfim, afirmarmos que a dinâmica de cooperação, no contexto pesquisado, é permeada por imposições e inconsistências que lhe conferem uma natureza conflituosa, materializada na prática organizacional de um Sistema, cujas ações nem sempre são orientadas ao comportamento cooperativo entre os sujeitos. Assim, o que a prática do cooperativismo, nestas cooperativas de crédito rural solidárias, pode trazer para os sujeitos rurais que as formam vai muito além do conteúdo oferecido nas formações, cursos e capacitações. A inserção em uma cooperativa oportuniza a estes sujeitos uma experiência em relação à cooperação, que os torna pouco a pouco aptos a lidar com os (des)caminhos e com as (im)possibilidades da prática cooperativista e que vai além, possibilitando que desenvolvam táticas capazes de auxiliá-los a inserirem-se e manterem- se nas redes organizacionais em que a cooperação do “tipo exigente” é um imperativo. |