Biologia reprodutiva de Ditassa burchellii Hook. & Arn. (Asclepiadoideae, Apocynaceae): fenologia, morfologia funcional, polinizadores e análise química de voláteis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Fontes, Anderson Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7549
Resumo: Ditassa R. Br. é um gênero neotropical composto por 100 espécies de lianas volúveis, distribuídas por toda a América Latina, exceto o Chile, e excepcionalmente no México. São 60 espécies brasileiras, 49 destas endêmicas. Ditassa burchellii Hook. & Arn. é restrita ao Distrito Federal e aos Estados do Sul e Sudeste. Na ocasião da sua floração, é facilmente localizada devido ao forte odor de urina liberado pelas suas pequenas flores, com cerca de 3 mm de diâmetro. Foi objetivo analisar as estratégias reprodutivas sexuadas dessa espécie, no maior remanescente de Floresta Atlântica do município de Viçosa, sudeste brasileiro. Para tanto, sete indivíduos foram acompanhados no período entre março de 2013 e dezembro de 2014. Neles, foi registrada a fenologia reprodutiva e, adicionalmente, foi verificada a sazonalidade das fenofases e sua correlação com as variáveis ambientais. A morfologia floral e o mecanismo de polinização foram analisados com auxílio da microscopia de luz e microscopia eletrônica de varredura, através de procedimentos usuais. Para verificar a atividade dos visitantes florais, foi quantificada a remoção de polinários em 450 flores senescentes. Os visitantes florais foram identificados e a frequência de visitação foi realizada no pico da floração. A composição específica dos voláteis florais foi quantificada utilizando Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas. A floração e frutificação ocorreram, respectivamente, na transição da estação chuvosa para seca e na estação seca, com sobreposição entre elas e picos distintos e sequenciais. Os ciclos fenológicos foram ajustados à sazonalidade climática, influenciados principalmente pela precipitação, temperatura e comprimento do dia. A morfologia floral é semelhante à morfologia de outras espécies de Asclepiadoideae. Entretanto, a presença de tecidos secretores nos segmentos estaminais da corona é inédita. O néctar é o recurso procurado pelos visitantes florais e acumula-se em cavidades nectaríferas, localizadas abaixo das fendas anterais. Ao acessar o recurso, o aparelho bucal dos polinizadores é capturado pela fenda, que a percorre de baixo para cima, resultando em remoção ou inserção de polínias. Este mecanismo de polinização também foi observado em outras Asclepiadoideae. As flores apresentaram a tendência de um ou dois polinários removidos. Foram observados 53 espécies de visitantes florais, distribuídas entre as ordens Hymenoptera (23 espécies) e Diptera (30 espécies). Apesar dessa diversidade, D. burchellii foi caracterizada como sapromiiófila. Os principais polinizadores foram as micro-moscas (cerca de 4-5 mm) da família Milichiidae, que realizaram 23,49% das visitas. Os compostos mais abundantes encontrados nos voláteis florais foram (E)- -ocimeno, (E)- cariofileno, α-copaeno, tiglato de (Z)-hex-3-enila e p-1,3,8-mentatrieno, que provavelmente são os responsáveis pela atratividade dos insetos visitantes.