IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO COM A IMPLANTAÇÃO DE UM POLO CANAVIEIRO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE BAMBUÍ-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Pereira, Marcos Gonçalves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Plantas daninhas, Alelopatia, Herbicidas e Resíduos; Fisiologia de culturas; Manejo pós-colheita de
Doutorado em Fitotecnia
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1211
Resumo: A sociedade tem se mobilizado em torno de um entendimento de que os fatores sociais, econômicos, políticos e ambientais exercem e sofrem influência nas opções de desenvolvimento escolhidas. As questões que orientaram esta pesquisa são: 1) Como a produção agroindustrial canavieira no município afeta a sócio-economia da região? 2) Quais as relações existentes entre a presença do polo canavieiro e os indicadores socioeconômicos do município? 3) Houve impactos no ambiente social e econômico com a implantação do polo canavieiro no município de Bambuí, MG? O objetivo desta pesquisa foi o de identificar os impactos sociais e econômicos desencadeados após seis anos da implantação do polo canavieiro no município de Bambuí, MG, apoiando-se na metodologia da pesquisa descritiva, avaliativa e estudo de caso, com abordagens quantitativa e qualitativa nas análises. As coletas de dados foram feitas por meio de questionários e análise documental. Os questionários semi estruturados foram direcionados e aplicados com o objetivo de levantar as perspectivas e percepções sociais e econômicas dos segmentos: 1) Usina Bambuí Bioenergia S.A.; 2) gestores; 3) comerciantes; 4) arrendantes de terras e não arrendantes; e 5) moradores do município. As perspectivas e percepções levantadas com aplicação dos questionários nortearam a análise em documentos de posse dos diversos órgãos públicos e privados, as quais puderam ser correlacionadas aos documentos (fatos) que relatavam no município: 1) investimentos em infraestrutura; 2) arrecadações; 3) a renda da população; 4) financiamentos rurais; 5) evolução do emprego; 6) evolução das infrações criminais; 7) evolução do mercado imobiliário; 8) evolução da agricultura e pecuária; 9) evolução da relação da sociedade bambuiense com a Usina Bambuí; 10) evolução da abertura de empreendimentos comerciais; 11) evolução da demanda por bens e serviços; e 12) as preocupações da Usina Bambuí para com o meio ambiente. Para correlacionar os fatos as percepções e expectativas envolvendo valores numéricos, foram utilizados a análise de séries temporais de frequência anual para predição do futuro, utilizando o modelo de tendência linear (yi = a + b xi + Ei) e também o modelo de tendência exponencial (yi = aebxi) para definir a taxa geométrica de crescimento. Para isto foram elaborados dois cenários, sem a usina (período de 2000 a 2006) e com a usina (período de 2006 a 2012) avaliando dados temporais os quais permitiram definir as taxas de crescimento no período e ainda fazer as predições de 2007 a 2014 (cenário sem a usina) e avaliando dados temporais de 2006 a 2012 os quais permitiram definir as taxas de crescimento no período e ainda fazer as predições de 2013 a 2014 (cenário com a usina). Os procedimentos utilizados permitiram comprovar as percepções, levando-as a saírem do patamar de meras percepções para serem referenciadas como fatos. Neste estudo concluiu-se que: 1) a Usina Bambuí instalada no município de Bambuí, MG, em meados do ano de 2006 com previsão de expansão até 2014, atendeu as exigências legais de implantação e funcionamento; 2) predominou o plantio de cana-de-açúcar em terras arrendadas, correspondendo a 89% da área total cultivada; 3) houve participação da sociedade bambuiense no processo de implantação da usina sucroenergética; 4) os financiamentos rurais no período posterior a implantação da Usina Bambuí foram positivos e maiores que no período anterior; 5) a Usina Bambuí Bioenergia S.A. encontrou e ainda encontra apoio nas políticas públicas na esfera federal, estadual e municipal; 6) no período analisado após a implantação da Usina Bambuí no município Bambuí, MG, ocorreu o aquecimento do comércio local, a retração do mercado imobiliário, a melhoria da renda da população, a maior movimentação de pessoas, a alta demanda por bens e serviços, a maior oferta de empregos, a redução das infrações criminais e o aumento da arrecadação foram significativos com tendência a manter este panorama até 2014; 7) a sazonalidade do emprego na agroindústria está presente no município; 8) as expectativas dos segmentos de investimentos tenderam para ações e projetos que viessem minimizar os impactos do empreendimento e também ações e projetos que viessem resolver os problemas que o município estava enfrentado no período da coleta de dados da pesquisa; 9- no período analisado após a implantação da Usina Bambuí no município Bambuí, MG, verificou-se uma tendência de diminuição da área cultivada e da produção de milho ao longo do tempo, uma tendência de crescimento positivo, porém menor em relação ao rebanho bovino e uma tendência de diminuição da produção de leite; 10) os impactos nas atividades agrícolas só não foram maiores em função dos investimentos em tecnologia e do grande número de pequenos produtores agrícolas no município; 11) na visão dos entrevistados a preocupação da Usina Bambuí em termos ambientais no município é baixa devido: (a) o uso excessivo de queimadas e defensivos agrícolas nas lavouras de cana-de-açúcar; (b) a distribuição de vinhaça nas estradas de terra; (c) os vazamentos nas tubulações que transporta a vinhaça para as áreas a serem fertirrigadas; e (d) o desmatamento completo das áreas a serem implantados os canaviais; 12) a preocupação da Usina Bambuí em termos ambientais no município é de média a alta em função dos problemas gerados pela monocultura canavieira, dos altos investimentos no controle da erosão e em função dos arrendamentos estarem condicionados a averbações legais e averbação de áreas de preservação permanente; 13) a motivação para os arrendamentos das terras foi em função da falta de política agrícola no Brasil, boa proposta da usina, baixa lucratividade da propriedade, área grande da propriedade, dificuldades financeiras e idade avançada dos proprietários arrendantes; 14) os arrendamentos das propriedades foram parciais; 15) o alto nível de satisfação dos arrendamentos foi devido a fonte de renda fixa e segura, enquanto o baixo nível se deve aos longos períodos de arredamentos, ao receio de obter as terras de volta em condições de exploração e a forma de correção dos valores do arrendamento; e 16) as justificativas para os não arrendamentos de terras para o plantio de cana-de-açúcar foi devido a: a) propriedades acidentadas; b) impactos ambientais e estruturais que estão sujeito as propriedades arrendadas; c) valores pagos pelos arrendamentos; d) receios quanto a devolução das propriedades em condições de exploração; e) longos períodos de arrendamento; f) maior renda das propriedades em outras explorações; g) grande estrutura das propriedades para outros tipos de exploração; h) preferência por outros tipos de exploração das propriedades; e i) tendo em vista o tamanho pequeno das propriedades.