Protagonismo, participação e projetos de vida: movimento dos jovens agroecológicos no município de Araponga-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Miranda, Edna Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3396
Resumo: A agricultura brasileira é marcada por sucessivos modelos de desenvolvimento que têm contribuído para promover as desiguladades e exclusão social, principalmente nos espaços rurais. Com a queda das ocupações agrícolas, provenientes da modernização e mecanização a partir da década de 1970, a população rural, principalmente jovens e mulheres, passou a não mais imaginar em seus projetos de vida a agricultura como ocupação e meio de vida capaz de proporcionar condições dignas de trabalho e geração de renda. A reação dos jovens foi traduzida tanto em termos do êxodo rural quanto sob a forma de mobilização e organização dos movimentos sociais, visando a conquista da terra, o fortalecimento da agricultura familiar e o controle social das políticas públicas relacionadas ao meio rural. Enfim, o protagonismo com relação às reivindicações pela concretização do direito à vida com dignidade. Diante do exposto é que se definiu a questão central da pesquisa: Os movimentos sociais juvenis têm alcançado a sustentabilidade, em termos do protagonismo e da participação dos jovens? Quais são as ações ou estratégias protagonizadas por esses jovens participantes dos movimentos sociais do campo e como isso pode influenciar em seus projetos de vida? Assim, este estudo teve como principal objetivo analisar o processo de construção, interações e alcance dos movimentos sociais rurais, examinando sua sustentabilidade e as repercussões sobre os projetos de vida do público juvenil do município de Araponga, MG. Trata-se, então, de um estudo de caso, que possui caráter exploratório, com abordagem quantitativo-qualitativa, em razão de apresentar grande envolvimento dos jovens nos movimentos sociais rurais. A população entrevistada compreendeu os jovens com idade entre 15 e 32 anos e lideranças do Movimento Agroecológico. Resultados mostraram que os fatores que contribuíram para a origem e construção dos movimentos sociais rurais na região, a exemplo do movimento agroecológico, são: a experiência da conquista de terras em conjunto; a preocupação dos agricultores locais e agentes pastorais da Igreja Católica com as consequências indesejáveis da agricultura moderna, o diagnóstico participativo e a elaboração de um Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável no município. Além disso, destaca-se o papel fundamental do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), como redes de apoio capazes de mobilizar os agricultores no acesso a políticas públicas. Ao analisar os projetos de vida dos jovens, evidenciou-se que, à medida que os jovens passam a adotar os princípios e ações do movimento agroecológico, seus projetos de vida não são orientados exclusivamente por uma racionalidade econômica, mas buscam reconstruir relações que têm raízes numa condição de vida familiar tradicional, pautada pelas relações de trabalho e de reciprocidade que perpassam gerações. Os resultados também apontaram que entre os programas e políticas acessadas pelo movimento e também pelo jovem agroecológico estão: o Pronaf Jovem, o Pronaf Agroecologia, o Programa de Crédito Fundiário, o Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária/PRONERA, o Programa de Aquisição de Alimentos/PAA e o Programa de Aquisição da Merenda Escolar. Além disso, na visão das lideranças, as políticas públicas implementadas até o momento pelo Movimento Agroecológico são o resultado da luta dos agricultores e agricultoras que, por meio do acesso a informações e assessoria prestadas pelo CTA e STR, conseguiram ampliar as possibilidades de dinamizar a vida no campo. Nesse caso específico, a política não aparece como dádiva e, sim, como conquista dos trabalhadores. Conclui-se que o movimento agroecológico de Araponga tem alcançado a sustentabilidade em suas múltiplas dimensões, em função de suas estratégias de permanência dos jovens no campo; fortalecimento da renda pessoal e familiar; promoção de maior autonomia na produção e participação juvenil na discussão política com o poder público municipal, principalmente no que se refere aos programas e políticas públicas para os jovens.