Política de atenção à família: uma análise do Centro de Referência da Assistência Social em Guaraciaba MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Oliveira, Cristiane Teixeira de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3310
Resumo: No Brasil, as políticas sociais procuram definir e redefinir estratégias capazes de reduzir a pobreza e, concomitantemente, alcançar os direitos de cidadania. Porém, grande parte dos programas e projetos sociais não tem conseguido alterar o quadro de pobreza e exclusão, uma vez que muitas das necessidades e demandas dos membros das famílias vulnerabilizadas não são completamente satisfeitas. Quando as unidades familiares se deparam com os problemas específicos do grupo, somados com as dificuldades do meio social em que vivem e que não conseguem resolver, tendem a exteriorizar estas demandas através de conflitos, como: violência, doença e abandono. Assim, são necessárias ações capazes de prevenir situações de risco, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou analisar o processo de implementação e desenvolvimento do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), a partir de uma realidade concreta; como é o caso do Centro implantado em Guaraciaba-MG. Especificamente, pretendeu-se caracterizar o processo de criação, implantação e o desenvolvimento do CRAS, identificando seus objetivos, processos de trabalho e funcionamento; identificar a configuração socioeconômica das famílias e suas condições de desenvolvimento; examinar a qualidade das redes socioassistenciais para o cumprimento dos objetivos do Centro e analisar o posicionamento do público envolvido no CRAS, quanto aos objetivos e funções do Centro e seu papel social. Os dados foram coletados por meio de pesquisa documental e entrevista semi-estruturada com a Secretária Municipal de Assistência Social, com a equipe técnica do CRAS e com as famílias usuárias do Centro. O universo da pesquisa foi constituído por 70 famílias, 20% do total de famílias atendidas no CRAS, caracterizadas como nucleares, na fase de formação do ciclo de vida, com baixo nível de escolaridade, ocupações precárias e baixo nível de rendimento. Os resultados também mostraram que, apesar do pouco tempo de implantação do CRAS, as ações do Centro se traduzem em um importante serviço socioassistencial, na percepção do grupo familiar pesquisado. O índice de Desenvolvimento Familiar apresentou-se abaixo da média nacional, pelas situações de exclusão e de vulnerabilidades a que as famílias encontram-se submetidas. A entrevista com as famílias mostrou que, com a implantação do CRAS, as famílias e seus membros passaram a realizar atividades de qualificação profissional e, ou, de lazer; com maior acesso a informações e conhecimentos. Somando a isso, demonstraram grande satisfação com os novos vínculos, desenvolvendo laços de solidariedade e de cooperação na comunidade local. As crianças e os adolescentes também tiveram condições de desenvolver, por meio de diversas atividades promovidas pelo CRAS, suas potencialidades, com reflexos sobre a responsabilidade e melhoria do comportamento social. Apesar de toda essa contribuição para melhoria das condições de vida das famílias usuárias, o CRAS não desenvolve todas suas funções, conforme recomendado pelas normas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Este fato é constatado, principalmente, no que se refere à carência de ações de encaminhamento das famílias e indivíduos para os serviços socioassistenciais locais, bem como, pela falta de acompanhamento e monitoramento do público-alvo, revelando certa fragilidade no sistema de redes. Reconhece-se, assim, que o aprimoramento do trabalho em rede é essencial tanto para a organização e gestão do Centro quanto para que as famílias não se mantenham tuteladas aos programas de assistência social. Diante disso, pode-se concluir que o CRAS não alcançou, de maneira plena, a construção do protagonismo e da autonomia na garantia da cidadania das famílias usuárias, em função da situação de dependência e de incapacitações das unidades familiares, derivado dos condicionamentos impostos pela ordem civil, socioeconômica e política.