Florística, fitossociologia e relações solo-vegetação em floresta estacional decidual em Barão de Melgaço, Pantanal de Mato Grosso
Ano de defesa: | 2007 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática Doutorado em Botânica UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/380 |
Resumo: | As Florestas Estacionais Deciduais são caracterizadas por estações climáticas bem definidas, uma chuvosa e uma seca. Apresentam o estrato arbóreo dominante predominantemente caducifólio, durante a seca, com mais de 50% dos indivíduos despidos de folhagem. Ocorrem em solos relativamente férteis onde a precipitação não ultrapassa 1.600 mm/ano e com 5-6 meses do ano recebendo menos do que 100 mm de chuva, fator ecológico que determina a presença deste tipo de florestas. Este estudo foi realizado na RPPN SESC Pantanal, localizada no município de Barão de Melgaço, Estado de Mato Grosso, coordenadas 16°34 50 S e 56º15 58 W, tendo como objetivos: descrever e caracterizar a composição florística do componente arbóreo de Floresta Estacional Decidual, analisar a distribuição geográfica das espécies, avaliar as diversidades alfa e beta, caracterizar a estrutura e os atributos químicos e físicos do solo. Para a amostragem da vegetação foram estabelecidas quatro parcelas (Áreas I, II, III e IV) de 100 x 100 m, subdivididas em parcelas de 10 x 10 m e inventariados todos os indivíduos arbóreos com CAP = 15,7 cm (circunferência a altura do peito a 1,30 m do solo). Foram feitas análises da distribuição geográfica, sazonalidade das folhas, tipo de fruto, hábito de crescimento e estádio sucessional, através de informações bibliográficas. As coletas de solo foram na profundidade de 0-20 cm. Encontrou-se o total de 106 espécies, distribuídas em 88 gêneros e 40 famílias botânicas (Áreas I e II com 63 espécies cada uma, a Área III 53 e a Área IV 55). As espécies foram caracterizadas como de ampla distribuição neotropical, são na maioria árvores decíduas e com frutos secos. A família que apresentou maior Valor de Importância (VI%) nos quatro estandes amostrados foi Arecaceae, influenciados pela dominância e densidade de Scheelea phalerata (VI 96,29%) e pela área basal superestimada devido às bainhas foliares persistentes no estipe. A área basal foi de 59,81 m² ha-1 (Área I), 44,47 m² ha-1 (Área II), 48,44 m² ha-1 (Área III) e 56,15 m² ha-1 (Área IV), caso fosse retirado o valor referente aos indivíduos de S. phalerata, cairia para 25,95 m² ha-1 (Área I), 20,45 m² ha-1 (Área II), 20,38 m² ha-1 (Área III) e 21,43 m² ha-1 (Área IV), valores compatíveis com os encontrados em outros trabalhos em florestas decíduas. As quatro áreas amostradas apresentaram três estratos verticais, sendo que a grande maioria dos indivíduos encontra-se distribuídos no estrato médio, e quanto à estrutura diamétrica apresentam o padrão J invertido. Na análise da estrutura diamétrica observa-se a concentração dos indivíduos nas menores classes de diâmetros, podendo-se então inferir que as populações amostradas estão se restabelecendo a partir da retirada de impactos que ocorreram nas áreas antes do estabelecimento da RPPN, como retirada seletiva de madeira e criação extensiva de gado. A partir das análises realizadas, acredita-se que os estandes avaliados encontram-se em estádio intermediário de sucessão ecológica. O Índice de Diversidade de Shannon foi de 2,78 (Área I), 2,85 (Área II), 2,16 (Área III) e 2,35 (Área IV), valores dentro do esperado para este tipo de formação florestal. A similaridade florística entre os estandes estudados, verificada através do coeficiente de Sørensen, revela a semelhança florística entre as Áreas I e II (0,7) e a menor semelhança da Área III (0,5) em relação às demais. As espécies que caracterizam estas florestas são: Scheelea phalerata, Myracrodruon urundeuva, Tabebuia impetiginosa, T. roseoalba, Combretum leprosum, Casearia gossypiosperma, Anadenanthera colubrina var. cebil e Rhamnidium elaeocarpum. As florestas estudadas se desenvolvem sobre solos eutróficos de natureza arenosa, cuja maior fertilidade reflete-se na estrutura das espécies arbóreas. Em geral as áreas estão dentro do padrão típico das florestas estacionais em termos de atributos químicos e físicos do solo, com altos teores de Ca2+, P, Mg e K, baixos níveis de Al-3 e altos teores de areia nas camadas superficiais. Estes resultados indicam que as florestas decíduas estudadas apresentam características e identidade próprias, o que as torna uma unidade vegetacional singular em seus aspectos florísticos e ecológicos, diferenciando-as de outras formações florestais. |