Metodologia para a estimativa das demandas e disponibilidades hídricas: estudo de caso da bacia do Paracatu

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Rodriguez, Renata del Giudice
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9677
Resumo: O aumento da demanda pelo uso da água evidenciado ao longo do tempo, sobretudo nas últimas décadas, vem causando sérios conflitos entre os usuários em muitas regiões da Terra. A bacia do São Francisco possui uma demanda total de água de 224 m 3 s -1 , sendo o principal consumidor a irrigação, responsável por 71,4% dessa demanda. O rio Paracatu, situado no Médio São Francisco, é o maior afluente do São Francisco, contribuindo com cerca de 40% da vazão desse rio na seção de deságüe do Paracatu. A irrigação apresentou expressivo crescimento na bacia do Paracatu, principalmente após os incentivos advindos de programas governamentais iniciados na década de 1970, como o Plano de Desenvolvimento Integrado do Noroeste Mineiro (PLANOROESTE). Como conseqüência da grande expansão da agricultura irrigada, sérios conflitos têm surgido em várias partes da bacia, principalmente nas sub-bacias do ribeirão Entre Ribeiros e do rio Preto. Tendo em vista o complexo quadro de conflitos pelo uso da água existente na bacia do Paracatu, o presente trabalho teve como objetivos: analisar o comportamento hidrológico na bacia do Paracatu no período de 1970 a 2000; estimar as vazões de retirada e consumida pela irrigação e pelos abastecimentos animal e humano (urbano e rural); e avaliar o impacto dos usos consuntivos da água nas vazões do rio Paracatu e seus afluentes. Para a realização do estudo foi analisada a variação espacial da precipitação média anual, das vazões médias de longa duração, máximas e mínimas; da vazão associada à permanência de 95% (Q 95 ); das vazões específicas (média de longa duração, máxima e mínima); e do coeficiente de deságüe em 18 estações fluviométricas localizadas na bacia do Paracatu. A estimativa das vazões retiradas e consumidas para os usos consuntivos analisados foi realizada com base nos dados obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, referentes a área irrigada, culturas cultivadas, número de cabeças dos diversos rebanhos de animais criados na bacia e população nos meios urbano e rural. Para a estimativa da vazão de retirada pela irrigação utilizaram-se, além da área irrigada, a evapotranspiração das culturas cultivadas na bacia e a precipitação efetiva, obtida pelo método proposto pelo boletim 24 da FAO. A evapotranspiração das culturas foi estimada com base na evapotranspiração potencial da cultura de referência, calculada pelo método de Penman- Monteith, e nos coeficientes das culturas. Com base nos resultados, constatou-se que: a) as precipitações médias anuais, bem como as vazões específicas (média, máxima e mínima), tiveram tendência de decréscimo das cabeceiras em direção à foz, oposta ao comportamento evidenciado nas vazões médias, máximas e mínimas, que aumentaram nesse sentido; b) a vazão consumida pela irrigação variou, ao longo da bacia, de 78 a 93% do total consumido; c) a vazão total consumida teve pouca influência na vazão média de longa duração, representando de 0,5 a 2,1% da vazão média de longa duração; d) a vazão de retirada pela irrigação chegou a atingir 85,1% (1,05 m 3 s -1 ) da Q 7,10 observada e 69,4% da Q 7,10 natural no ribeirão Entre Ribeiros; e e) a vazão de retirada pela irrigação chegou a atingir 47,0% da Q 95 nesse mesmo ribeirão.