Avaliação da qualidade da assistência de indivíduos com excesso de peso no contexto da atenção primária: análise do processo de trabalho e do estigma de peso pelo olhar dos profissionais de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Coelho, Maíra Mendes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Ciência da Nutrição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/30467
Resumo: O caráter multifatorial da obesidade, que envolve a complexa interação entre fatores que estão além do controle do indivíduo, constitui um desafio para Atenção Primária à Saúde (APS). O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da assistência ao indivíduo com sobrepeso ou obesidade na APS em Minas Gerais a partir da análise dos processos de trabalho e do estigma de peso por profissionais de saúde do NASF-AB. Trata-se de um estudo seccional, avaliativo e exploratório realizado com profissionais de saúde de 62 municípios mineiros. Os profissionais responderam a ferramenta “Autoavaliação para a Melhoria do Acesso e da Qualidade”, adaptada para avaliação da organização dos processos de trabalho e atenção integral à saúde dos indivíduos com sobrepeso e obesidade. Para análise do estigma de peso, responderam ao instrumento de Harvey et al. (2002), adaptado transculturalmente pela equipe de pesquisa deste projeto para o português brasileiro. Os dados de ambos os questionários foram compilados utilizando o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 23.0 e todos os testes consideraram o nível de significância estatística p<0,05. Para estatística descritiva, utilizou-se frequências absolutas e relativas, média, desvio padrão, valores mínimo e máximo. Para avaliação dos processos de trabalho, escores foram gerados, de acordo com as respostas por município. Associações entre os escores obtidos na dimensão e subdimensões da ferramenta e variáveis do município foram testadas por modelos de Equações de Estimativa Generalizadas. Os testes qui-quadrado de Pearson e exato de Fisher foram utilizados para testar a associação entre o estigma de peso e o IMC dos participantes do estudo. Todos os municípios obtiveram classificação de regular a muito satisfatória. Com ajuste do modelo, o escore do processo de trabalho foi inversamente associado à prevalência de excesso de peso (p=0,016) e positivamente à cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) (p<0,001) e PIB per capta (p=0,015). O escore da subdimensão Atenção Integral foi associado ao tamanho do município (p<0,001) e à taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório (<0,001). O escore total, associou-se com o tamanho do município (p<0,001) e à cobertura da ESF (p<0,001). Vícios alimentares, ingestão excessiva de alimentos inadequados e sedentarismo foram as causas da obesidade com maior concordância de acordo com a percepção dos profissionais (96, 95,2 e 93,7%, respectivamente). Aproximadamente metade dos participantes concordou que indivíduos com obesidade devem ser responsabilizados por sua condição. Mais da metade dos profissionais acredita que a obesidade pode influenciar a felicidade, autoconfiança e saúde. Não houve associação entre as crenças relacionadas ao estigma de peso e a presença de excesso de peso nos participantes. Existe a necessidade de aprimorar o cuidado ofertado a esses indivíduos no que concerne a redução do estigma, ações de vigilância, discussões de fluxos de atendimento, implementação de ferramentas que auxiliam no cuidado, suporte familiar, coordenação do cuidado, aprimoramento do apoio matricial por meio de agenda integrada e desenvolvimento conjunto de atividades de educação permanente. Esse estudo foi fundamental para as futuras ações, que devem buscar sanar essas fragilidades para alcançar a integralidade do cuidado. Palavras-chave: Atenção básica. Obesidade. Integralidade. Avaliação de processos. Crenças.