Estratégias de educação em saúde e nutrição na atenção primária aos portadores de hipertensão arterial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Machado, Juliana Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/11174
Resumo: A HAS é considerada um dos mais importantes problemas de saúde pública por sua alta prevalência, baixas taxas de controle e elevado custo econômico e social. A HAS é, na maioria das vezes, assintomática e seu controle requer mudanças de comportamento e de estilo de vida, o que está diretamente relacionado ao grau de adesão do portador ao tratamento. A relevância das ações educativas em saúde é reconhecida pelo seu potencial para a redução dos custos sociosanitáros, por favorecer a promoção do autocuidado e o desenvolvimento da corresponsabilidade do indivíduo sobre as decisões relacionadas à saúde. Objetivo: avaliar a adesão dos portadores de HAS às intervenções realizadas na de Atenção Primária à Saúde após a implementação de estratégias de educação alimentar e nutricional visando o estímulo à incorporação de hábitos de vida saudáveis. Métodos: estudo de intervenção, do tipo ensaio comunitário, não cego, de abordagem quantitativa. Os participantes foram alocados em três grupos, de forma a comparar diferentes modalidades de intervenção educativa em saúde. Os grupos foram comparados quanto à adesão ao tratamento não farmacológico. A amostra foi constituída de indivíduos com diagnóstico médico de HAS acompanhados pela Estratégia Saúde da Família (n=212) do município de Porto Firme, MG, que atenderam aos critérios de inclusão/exclusão e aceitaram participar do estudo. As intervenções foram realizadas ao longo de doze meses e constaram das seguintes estratégias, de acordo com cada grupo. No Grupo 1 foram realizadas oficinas mensais, visando à educação e prevenção de agravos, com ênfase na terapêutica dietética da HAS por meio de atividades educativas participativas e dialógicas. Esse grupo foi composto pelos indivíduos que participaram de, pelo menos, 8 oficinas em grupo (n=101). O Grupo 2 recebeu oficinas e visitas domiciliares (VD) mensais. As VD foram realizadas no horário da principal refeição do dia e seguiram um plano sistemático de educação nutricional. O grupo foi composto por 21 indivíduos, escolhidos de forma aleatória, sendo que o tamanho da amostra foi previamente definido de forma a viabilizar a operacionalização das VD mensais. O Grupo 3 recebeu oficinas mensais visando, da mesma forma que no Grupo 1, a educação e prevenção de agravos. O grupo foi composto pelos indivíduos que participaram de menos de 8 oficinas em grupo por livre vontade (n=90). Os participantes foram alocados nestes três grupos de acordo com a frequência nas oficinas e/ou recebimento de VD. O número mínimo de frequência nas atividades em grupo (N=8) foi definido com base no cálculo da mediana da frequência dos participantes nas oficinas. Com base nesse critério, após o período de intervenção, foi determinada a alocação dos indivíduos no Grupo 1 ou 3. Os dados sobre o perfil socioeconômico e hábitos de vida foram coletados em entrevistas individuais antes do início da intervenção. As variáveis antropométricas, bioquímicas, pressão arterial, atividade física e as informações sobre o consumo de alimentos foram coletadas antes e depois das intervenções. Para a análise dos dados foi utilizada estatística descritiva com medida de tendência central (média). A normalidade e homogeneidade dos dados foram verificadas por meio do uso dos testes de Kolmogorov-Smirnov e Levene. A ANOVA ou Kruskal-Wallis foram adotadas para a análise das diferenças entre as variáveis mensuradas nas pré e pós-intervenções e, quando necessário, foi utilizado o Pos Hoc de Bonferroni ou Mann-Whitney de acordo com anormalidade dos dados. Foi adotado o nível de significância p<0,05, e o pacote estatístico utilizado foi o SPSS 20.0. Resultados: os dados foram apresentados e analisados em forma de 5 artigos científicos, sendo dois artigos de revisão bibliográfica e três originais. A análise comparativa de antes e depois das três estratégias de educação em saúde e nutrição, revelou que houve melhorias estatisticamente significantes mais efetivas nos grupos 1 e 2, nos parâmetros antropométricos (Peso, IMC e CC), bioquímicos (Glicemia de jejum, Colesterol Total e LDL colesterol) e dietéticos (óleo, açúcar e sal, aumento do consumo de alimentos protetores e redução do consumo de alimentos do grupo de risco). No parâmetro de atividade física não houve melhora, continuando abaixo do recomendado mesmo após as intervenções. A análise comparativa das diferentes intervenções educativas mostrou resultados positivos sobre os fatores de risco modificáveis: estado nutricional, colesterol total e LDL colesterol e consumo alimentar. A melhora encontrada nesses parâmetros foi diferenciada em relação ao tipo de intervenção, sendo mais eficaz no Grupo 1. No Grupo 1, a longitudinalidade e constância das atividades realizadas, por um período de 12 meses de intervenção, apontam para uma contribuição para os melhores efeitos. Já os resultados do Grupo 2, se justificam pela participação dos indivíduos nas oficinas educativas associada ao recebimento das visitas domiciliares, que torna a intervenção mais intensiva. Constatou-se que as intervenções foram capazes de promover alterações favoráveis no consumo médio per capita de óleo, açúcar e sal em todos os grupos. Porém, os valores de consumo per capita desses alimentos ainda estão acima do recomendado para a população brasileira. Embora não se possa afirmar que essas mudanças no consumo tenham ocorrido estritamente por conta das intervenções educativas, pode-se inferir que estes resultados revelaram uma tendência favorável na modificação da dieta em decorrência desta ação. Conclusões: As intervenções educativas propiciaram resultados positivos sobre a adesão ao tratamento não farmacológico da HAS, considerando os parâmetros antropométricos, bioquímicos, clínicos e dietéticos. Enfatiza a importância da educação em saúde no contexto da APS, para a prevenção e tratamento das DCNT. Para tal, é imprescindível uma proposta educacional na qual tenha a participação ativa da comunidade, fundamentada no diálogo entre usuários e profissionais de saúde, que proporcione reflexão, informação, educação sanitária, empoderamento e aperfeiçoe as atitudes indispensáveis para a vida.