Riqueza de espécies de grilos (Orthoptera: Grylloidea) em fragmentos de Mata Atlântica em regeneração
Ano de defesa: | 2009 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Biologia e Manejo animal Mestrado em Biologia Animal UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/2222 |
Resumo: | Com o aumento do tempo de regeneração florestal há um aumento na diversidade de recursos e alterações nas condições do ambiente, deixando o ambiente mais estável. Esses fatores, junto com a estrutura e complexidade do hábitat, processos históricos e geográficos, interações intraespecíficas e interespecíficas, entre outros, são essenciais para a determinação da biodiversidade. O desmatamento é um dos responsáveis pela eliminação de espécies, pois remove a oferta e diversidade de recursos e altera as condições, acentuando a competição entre os organismos. Entretanto, áreas exploradas durante certo tempo são abandonadas e inicia-se, naturalmente, um processo de regeneração. Com essa recuperação há o retorno de espécies vegetais e animais, conforme a capacidade de suporte do ambiente. Assim, áreas de florestas com diferentes idades de regeneração representam um gradiente de sucessão vegetal e animal. Os grilos devido a sua abundância e diversidade entre todos os estratos florestais, podem ser utilizados como organismos-resposta à fragmentação ambiental e a outros distúrbios ambientais. O objetivo desse trabalho foi avaliar a resposta da riqueza de espécies de grilos à regeneração florestal. Foi testado o pressuposto de que a riqueza de espécies de grilos aumenta com o tempo de regeneração florestal. Testamos hipóteses explicativas de que: i) a riqueza de espécies de grilos é influenciada pela idade de regeneração devido a um aumento na disponibilidade de recursos; ii) A riqueza de espécies de grilos é influenciada pela idade de regeneração devido a um aumento na amplitude das condições ambientais; iii) a riqueza de espécies de grilos é influenciada pela idade de regeneração devido à abundância de formigas predadoras. Os grilos foram coletados no município de Foz do Iguaçu – PR, em seis áreas com diferentes idades de regeneração, que foram estimadas como tendo idades variando de zero a 500 anos. Entre todas as áreas, foram amostrados 1408 indivíduos de 19 espécies. A riqueza de espécies de grilos acumulado por fragmento aumentou com a idade de regeneração florestal. A riqueza de espécies de grilos aumentou com a frequência de fungos na serrapilheira, porém a frequência de fungos não aumentou com ao tempo de regeneração. A riqueza de espécies de grilos não alterou-se com a profundidade da serrapilheira nem com a frequência de frutos na serrapilheira, entretanto a frequência de frutos aumentou com o tempo de regeneração florestal. A riqueza de espécies de grilos aumentou com a porcentagem de cobertura de dossel e a cobertura de dossel foi maior quanto maior o tempo de regeneração. A diversidade beta aumentou com o tempo de regeneração. A riqueza de espécies diminuiu com o coeficiente de variação da serrapilheira. Portanto, nossos dados são relevantes para o entendimento dos processos ecológicos envolvidos na resposta da diversidade de grilos a um gradiente de sucessão ecológica. A riqueza de espécies de grilos está condicionada ao tempo de regeneração, a oferta e diversidade de recursos e a amplitude das condições ambientais. A frequência de frutos parece mais um indicador de umidade do que alimento para grilos, visto que esta condição é essencial para o desenvolvimento de fungos e para algumas espécies de grilos. O maior tamponamento efetuado pelo dossel quanto maior a idade de regeneração proporciona maior estabilidade de temperatura, umidade e luminosidade, condições que são necessárias para a sobrevivência de espécies de áreas primárias. Áreas mais antigas têm maior heterogeneidade de recursos. Estes são explorados por espécies com diferentes nichos, conforme evidenciado pelo aumento da diversidade beta. A maior abundância de formigas deveria representar menor riqueza de grilos devido a competição por recursos ou predação. Entretanto, verificou-se o contrário demonstrando que de alguma forma grilos e formigas respondem aos mesmos fatores, ou ainda, a competição é maior em ambientes menos heterogêneos e é anulada em ambientes mais heterogêneos. Porém o fator determinante da qualidade do ambiente parece ser a composição de espécies. Composição diferente entre diferentes idades de fragmentos com aproximadamente as mesmas áreas, deixa claro que o ambiente não suporta determinadas espécies. Neste caso, áreas que sofreram grandes processos de desmatamentos podem não recuperar as espécies de “final de sucessão”, pois estas podem estar extintas localmente. |