Processos ecológicos e invasão biológica por Acacia mangium Willd nos ecossistemas de Mussunungas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Maria Carolina Nunes Alves da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/21102
Resumo: Invasões biológicas são consideradas uma das maiores ameaças à biodiversidade dos ecossistemas, atuando em mudanças nas regras de montagem das comunidades vegetais. Acácias australianas são frequentemente associadas à diminuição da riqueza de espécies nativas, pela inibição do estabelecimento de suas plântulas através da competição ainda na fase de estabelecimento, levando não só a uma redução do número de espécies, como também de suas abundâncias. As hipóteses levantadas neste trabalho foram as seguintes: a invasão biológica por Acacia mangium ocasiona perda de diversidade taxonômica de espécies nativas e diminuição da radiação solar no substrato herbáceo- arbustivo nas áreas invadidas com vegetação de Mussununga (cap i); a presença da Acacia mangium causa alterações sobre as regras de montagem das comunidades de Mussunungas (cap ii); e a riqueza e diversidade de espécies aumentará a medida que as condições ambientais restritivas (estresse hídrico, nutricional e de luz), ao longo do gradiente fisionômico, tornem-se mais amenas, aumentando o conjunto de estratégias que possibilitam o estabelecimento e permanência das espécies na vegetação de Mussununga (cap iii). O estudo foi conduzido em áreas com vegetação de Mussununga, nos municípios de Alcobaça, Caravelas e Linhares, constituindo um tipo de vegetação savânica sobre solos arenosos, pobres em nutrientes, associados à Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, restritas ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Foram selecionadas seis áreas com fisionomia gramíneo-lenhosa, sendo três invadidas (BA) e três não-invadidas (ES) por Acacia mangium. Na Bahia, foram alocadas 10 parcelas circulares com três metros de raio, em cada Mussununga, sendo cinco com Acacia no centro e cinco com Marcetia taxifolia (espécie controle), constituindo 30 parcelas. No Espírito Santo, a amostragem foi idêntica, porém, em substituição à leguminosa invasora, a Andira cf. ormosioides foi selecionada (controle da Acacia no ES), por apresentar características estruturais semelhantes à Acacia, além de ser uma leguminosa pertencente a um gênero fixador de nitrogênio atmosférico (N 2 ). Nossos resultados revelaram que: (i) a Acacia mangium elevou os níveis das diversidades taxonômica e filogenética da vegetação de Mussununga quando comparados às áreas não invadidas; (ii) a estrutura filogenética revelou agrupamento das áreas invadidas, indicando que as comunidades são estruturadas por filtros ambientais, apresentando maior quantidade de nichos vagos; (iii) a sobredispersão nas áreas não-invadidas, apontou uma maior quantidade de nichos preenchidos nas comunidades, com a facilitação atuando na estruturação das comunidades; (iv) o regime de luz revelou que a Acacia mangium aumenta o nível de sombreamento, prejudicando às espécies nativas adaptadas à forte radiação de luz solar. Dessa maneira, concluímos que: (i) a invasão por Acacia mangium aumentou a diversidade de comunidades nativas, provavelmente pelo tempo de residência da espécie na Mussununga; (ii) as leguminosas invasora e nativa são facilitadoras das espécies nativas de Mussununga pelo aumento das diversidades taxonômica e filogenética, bem como pelo sombreamento das espécies nativas, adaptadas à alta incidência de luz solar, ocasionados pela copa densa da Acacia mangium. Relacionado às fisionomias, foram alocadas cinco parcelas circulares em cada uma das áreas, constituindo 25 parcelas. Foi realizado contagem de indivíduos das espécies, bem como coleta de solo nas parcelas. Os resultados apontaram para formação de três grupos distintos, separados por aspectos abióticos edáficos e de luz: (i) Arborizada Típica e Florestada; (ii) Arborizada Aberta e Gramíneo lenhosa de Bonnetia; (iii) Ilhas. Apesar da diversidade taxonômica não ter revelado diferenças significativas entre as fisionomias, pudemos observar que: (i) a riqueza de espécies está concentrada nas áreas que apresentam maior complexidade estrutural e que sofrem menor estresse abiótico por luz, nutrientes e escassez ou excesso de água; (ii) a proporção de areia grossa em comparação com areia fina do solo, constitui um fator determinante da distribuição das espécies nas fisionomias; e (iii) os fatores abióticos de luz e água, são filtros ambientais severos que limitam o estabelecimento das espécies que não são adaptadas às condições adversas da Mussununga.