Emprego rural não agrícola (ERNA) e gasto com alimentos de famílias rurais na Colômbia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Escobar Codezzo, José Luis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9763
Resumo: Durante as últimas décadas, a importância dos empregos por fora do setor agropecuário apresentou um crescimento significativo em muitos países em desenvolvimento. A maior relevância desse tipo de empregos rurais ampliou a discussão acadêmica sobre as mudanças estruturais que alavancaram o surgimento da atual heterogeneidade ocupacional das economias rurais. Apesar da importância dos empregos rurais não agrícolas, em países como a Colômbia, muito pouco tem sido feito para entender como esse tipo de trabalho relaciona-se com as decisões das famílias rurais. As zonas rurais do país atualmente estão sendo alvo do desenvolvimento de políticas para melhorar as condições de vida da população rural, mas nos temas não agropecuários é pouco o conhecimento em termos acadêmicos. É necessário contribuir com a nova abordagem que considera imprescindível, neste novo contexto rural colombiano, explorar e utilizar todos os recursos e as vantagens comparativas dos territórios rurais, e não somente a agricultura. Desse modo, esta pesquisa tenta analisar como a vinculação dos integrantes das famílias rurais da Colômbia em atividades não agrícolas relaciona-se com o consumo de alimentos como um indicador de bem-estar. Entendendo que devem ser tratadas com cautela as considerações obtidas, dada a presença de problemas de endogeneidade e causalidade dupla, considerou-se adequado utilizar o método propensity score matching para mesurar as diferenças médias no consumo de alimentos entre as famílias rurais colombianas dedicadas de forma exclusiva aos trabalhos agropecuárias e as famílias rurais colombianas com pelo menos um dos seus integrantes trabalhando no setor não agropecuário. A fim de avaliar indivíduos mais homogêneos, realizaram-se estimativas por faixas de renda e se fez uma breve análise dividindo o grupo de famílias vinculadas às atividades não agropecuárias em dois subgrupos: famílias pluriativas e famílias especializadas em trabalhos não agropecuários. A base de dados utilizada foi a Encuesta Nacional de Calidad de Vida (ENCV 2014). Os principais resultados fornecem evidência de um maior consumo de alimentos por parte das famílias com pelo menos um dos seus integrantes trabalhando no setor não agropecuário. No entanto, ao separar as despesas em alimentos comprados e em alimentos adquiridos sem comprar, observa-se um maior consumo do segundo tipo por parte das famílias que trabalham exclusivamente no setor agropecuário. Os resultados também mostram que as famílias rurais especializadas em atividades agrícolas, dado o maior esforço físico, demandam uma maior quantidade de alimentos calóricos de baixo custo, como o arroz. Por sua vez, trabalhar em atividades não agropecuárias leva os integrantes das famílias a um maior gasto com comidas fora de casa, devido em grande parte à maior dinâmica comercial do entorno em que é realizado esse tipo de trabalho. Os resultados apontam para uma maior importância dos alimentos dentro do gasto total das famílias especializadas no setor agropecuário (tanto em alimentos quanto em outros produtos), pelo que o maior valor nas despesas totais em alimentos por parte das famílias não agropecuárias obedece a um maior valor dos seus gastos totais em termos absolutos. Em contrapartida, os resultados mudam ao fazer as estimações por faixa de renda. Na faixa renda superior, não se observam diferenças entre os dois tipos de famílias quanto às despesas dos alimentos adquiridos sem comprar, enquanto que, nos alimentos comprados, as famílias vinculadas ao emprego rural não agrícola registram maiores despesas. Por sua vez, na faixa de renda média e baixa a diferença é observada unicamente nos alimentos adquiridos sem comprar: as famílias dedicadas de forma exclusiva às atividades agropecuárias gastam mais com esse tipo de alimento. Embora as estimativas obtidas nesta pesquisa estejam sujeitas a críticas devido às limitações do método e dos dados utilizados, a principal conclusão é que existe uma relação entre as mudanças no nível e na composição do gasto das famílias rurais e a participação dos seus integrantes em atividades não agrícolas. Por exemplo, a realização de trabalhos não agrícolas relaciona-se com um maior gasto da família em produtos processados, enquanto que as famílias especializadas em trabalhos agropecuários apresentam um maior vínculo aos produtos de autoconsumo. Uma consequência importante disso é que a vinculação das famílias aos empregos não agrícolas alavanca a demanda de produtos industrializados e/ou de comidas preparadas fora de casa, gerando, assim, a necessidade de uma oferta que satisfaça essa demanda. Nessa sequência, os formuladores de políticas encontram no emprego rural não agrícola uma ferramenta importante para criar uma interação comercial mais dinâmica dos habitantes rurais que possibilite a existência de uma heterogeneidade de atividades produtivas geradoras de mais emprego e melhores condições socioeconômicas. Porém o impacto do emprego rural não agropecuário será muito mais benéfico na medida em que a promoção dessas atividades compreenda políticas que melhorem o funcionamento do mercado de fatores, minimizem as implicações negativas desses empregos e incremente as oportunidades das famílias rurais mais pobres.