Manejo agroecológico aumenta a multifuncionalidade ecológica e o fornecimento de serviços ecossistêmico da propriedade rural
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Agroecologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/29553 https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2021.112 |
Resumo: | Os ambientes naturais sofrem modificações ao longo do tempo em função da forma como os seres humanos manejam a paisagem. A Agroecologia, em sua mais ampla aplicação (âmbitos social, econômico e ambiental), possui capacidade de estruturar as atividades humanas de maneira consonante à manutenção da qualidade dos ecossistemas manejados. Com uma perspectiva holística, o manejo agroecológico é capaz de unir o uso antrópico com a proteção e preservação das funções ecossistêmicas, conservando a diversidade dos processos do ecossistema em nível de paisagens. Na transição de um ecossistema natural para um agroecossistema, a elasticidade primitiva e a estabilidade biológica são substituídas pela combinação de fatores socioeconômicos e ecológicos. Isto aconteceu em larga escala no Brasil e na Zona da Mata mineira, com extensa substituição das florestas e ecossistema nativos por culturas agrícolas como o café, que atualmente em sua maior parte deu lugar às pastagens. No presente trabalho buscamos investigar como o manejo agroecológico contribui para a regeneração da multifuncionalidade ecológica da paisagem. Selecionamos como estudo de caso uma propriedade na Zona da Mata mineira, que vem sendo manejada há quinze anos a partir de uma abordagem agroecológica, visando a regeneração de pastagens degradadas e a produção agroecológica de alimentos. Foram selecionadas características para se entender as mudanças na funcionalidade ecológica ao de 15 anos, a saber: i) uso e cobertura do solo; ii) estoque de carbono orgânico nos solos e na vegetação; iii) biodiversidade e; iv) susceptibilidade dos solos à erosão. A partir de imagens aéreas e conversas com os atuais proprietários, foi reconstruído o cenário do ano de 2004. Em 2019, foi realizado um levantamento com o uso de drone e elaborado um mosaico ortoretificado da área de estudo e feito o mapeamento e caracterização do uso atual do solo. Foram coletadas amostras de solo dos principais tipos de uso e utilizados dados secundários de inventário florestal para se avaliar estoques de carbono no solo e na fitomassa aérea do estrato arbóreo. A conversão da pastagem em outros tipos de uso de maior biodiversidade e com cobertura arbóreo-arbustiva é a principal alteração da paisagem contida na propriedade. Em termos do funcionamento ecológico avaliamos os impactos deste manejo em relação a três aspectos: i) conservação do solo e da água; ii) sequestro de carbono atmosférico e; iii) aumento da biodiversidade. Quanto aos impactos da substituição das pastagens sobre as características químicas dos solos, os resultados indicam que a sucessão ecológica e maior produção de biomassa aérea aumenta a ciclagem de nutrientes, porém o teor de carbono orgânico no solo permanece próximo ao das pastagens, indicando um sistema dinâmico de transformação de matéria e utilização da energia pelos seres vivos. Os resultados mostram poucas diferenças nos teores médios de carbono orgânico nos solos das diferentes classes de uso. A regeneração natural levou ao expressivo aumento da biodiversidade vegetal devido a ocorrência de estrato arbustivo e arbóreo. Com isso, tem-se a ampliação da diversidade de nichos ecológicos para diversas espécies da fauna. A maior produção de biomassa e sua deposição e decomposição nos solos e a presença de sistemas radiculares mais profundos também indicam o provável aumento da diversidade de microfauna do solo. A presença de estratos arbustivos e arbóreos nas encostas e a implantação de técnicas de “Plantio de Água” contribuem para a redução da estimativa do potencial de erosão do solo. Enquanto uma pesquisa exploratória, os resultados evidenciam que após 15 anos de manejo agroecológico tem-se uma paisagem atual com maior multifuncionalidade ecológica. Incentivo à disseminação deste tipo de manejo de forma mais ampla pode ter efeitos significativos em escala local e regional, contribuindo para a regeneração ecológica de um território mais extenso. Palavras-chave: Biodiversidade. Autorregulação. Paisagens funcionais. |