Consumo de alimentos de acordo com grau de processamento e mortalidade em indivíduos em hemodiálise – estudo NUGE-HD
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Ciência da Nutrição |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/29749 https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2021.118 |
Resumo: | A doença renal crônica (DRC) vem crescendo rapidamente no Brasil e no mundo, sendo considerada um grande problema de saúde pública. No estágio terminal da doença renal os rins não conseguem manter a homeostase, sendo necessária terapia renal substitutiva, como a hemodiálise (HD). Os indivíduos em HD apresentam vários distúrbios metabólicos e hormonais causados pela disfunção renal, além de maior risco para eventos cardiovasculares, sendo a doença cardiovascular a causa mais comum de morte nessa população. Considerando que a qualidade da alimentação influencia no curso da doença renal e que uma nutrição adequada é essencial para a promoção e preservação da saúde, torna-se necessário avaliar a qualidade da alimentação desses indivíduos, incentivando o consumo de alimentos frescos em substituição aos alimentos processados e ultraprocessados. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a associação do consumo alimentar, com ênfase no grau de processamento, com marcadores metabólicos e mortalidade de indivíduos em HD. Trata-se de um estudo longitudinal da coorte Estudo de NUtrição e GEnética nos desfechos em HemoDiálise – NUGE-HD. Participaram desse estudo 137 indivíduos (58,4% homens, 59,8 ± 15,0 anos) em tratamento de HD, regularmente atendidos em um centro único de HD, situado na cidade de Viçosa-MG. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Parecer nº 1.956.089/2017) e pelo centro de HD. Foram coletados dados sociodemográficos e de saúde, por meio de prontuário médico e aplicação de questionário durante a sessão de HD. Dados antropométricos e clínicos e os marcadores metabólicos foram coletados dos prontuários médicos. Nesse sentido, coletamos o perímetro do braço, o peso seco (kg), e a altura (cm), e estes dois últimos utilizados para o cálculo do IMC (kg/m 2 ). O consumo alimentar foi avaliado por meio de questionário de frequência de consumo alimentar (QFCA), e a classificação NOVA foi utilizada para avaliar o consumo alimentar de acordo com o grau de processamento. A busca do registro dos óbitos foi feita por meio de consulta aos prontuários médicos no serviço de HD, e confirmadas no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Como resultados, ao final do período de acompanhamento (2017 – 2020), 41 (29,9%) indivíduos faleceram. Esses indivíduos eram mais velhos (70,6 ± 12,0 anos), apresentavammenor tempo de tratamento em HD (63,0 (56,0) meses), bem como tinham menores valores de perímetro do braço (26,5 (4,5) cm) e de albumina sérica (3,5 ± 0,4 mg/dl) e maiores concentrações de proteína C-reativa (PCR) (6,6 (25,5) mg/l) e relação PCR/albumina (1,8 (7,8)). Além disso, tinham consumo alimentar médio de açúcar 20,3% maior, e um menor consumo de ácidos graxos poli-insaturados (-13,7%), cereais (-17,8%) e hortaliças (-25,7%). Pelo modelo de riscos proporcionais de Cox, o consumo de alimentos processados e ultraprocessados (HR=1,071; IC95%=1,027-1,118) esteve associado positivamente à mortalidade por todas as causas, independentes do tempo de HD e do índice TyG, dentre outros fatores de confusão. Por outro lado, os alimentos in natura e minimamente processados (HR=0,949; IC95%=0,911-0,988) foram associados negativamente. Os indivíduos com maior consumo de alimentos in natura e minimamente processados (≥ P75, 66,5% da ingestão calórica diária) eram mais velhos e tinham, em média, glicemia 40,7% maior que aqueles com menor consumo. Por sua vez, os indivíduos com maior consumo de alimentos processados e ultraprocessados (≥ P75, 42,6% da ingestão calórica diária) eram mais jovens, apresentavam, em média, concentrações maiores de creatinina e fósforo séricos, 14,8% e 11,0%, respectivamente. Como conclusão, o consumo alimentar de acordo com grau de processamento está associado com a mortalidade de todas as causas em indivíduos em HD (estudo NUGE- HD), indicando a importância da qualidade da alimentação, bem como a necessidade de estratégias de educação alimentar e nutricional e políticas públicas capazes de desestimular o consumo de ultraprocessados em prol de uma alimentação adequada e saudável. Palavras-Chave: Hemodiálise. Consumo alimentar. Processamento de alimentos. Mortalidade. |