Interação inseto-peixe no processo de reversão sexual da tilápia-do-nilo, Oreochromis niloticus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cruz, Franciele Macedo da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/27169
Resumo: Nos ecossistemas aquáticos, coabitam uma infinidade de organismos, incluindo inse- tos e peixes. A barata d’água, Belostoma anurum (Hemiptera: Belostomatidae), é uma importante predadora generalista que vive em ambientes de água doce, consumindo outros invertebrados e até mesmo pequenos vertebrados. Uma das presas potenciais das baratas d’água são as fases imaturas (e.g., larvas) da tilápia-do-nilo, Oreochromis niloticus. A tilápia-do-nilo é uma das espécies mais cultivadas no mundo e sua fase de larva pode ser muito prejudicada pela presença de seus predadores e por outros agentes estressores (e.g., temperatura, pH, amônia e xenobióticos). Para garantir uma melhor produtividade destes peixes, tem se utilizado a técnica para reversão sexual de larvas com a utilização do hormônio 17 α-metiltestosterona, o que resulta na obtenção de animais monosexos (machos), garante maiores taxas de crescimento e evita super- população nos tanques de cultivo. Entretanto, pouco se sabe dos potenciais efeitos deste hormônio em organismos aquáticos não-alvos. Em vista disso, esta dissertação foi conduzida com objetivo de avaliar os efeitos do hormônio 17 α-metiltestosterona no desenvolvimento biológico e nas habilidades predadoras de ninfas de B. anurum, bem como averiguar se a presença de B. anurum interfere na fisiologia oxidativa de larvas de O. niloticus. Para se avaliar os efeitos da exposição de B. anurum ao 17 α- metiltestosterona, foram avaliados o desenvolvimento biológico (i.e., do terceiro íns- tar até a fase adulta), a razão sexual e as habilidades predatórias (i.e., consumo diário de larvas), durante o processo de reversão sexual das larvas de O. niloticus. Além disto, bioensaios de sobrevivência foram conduzidos em ninfas de terceiro ínstar de B. anurum expostas a diferentes concentrações (i.e., 0,01; 0,1; 1,0; 3,0; 10 e 30 mg/L) do hormônio. Observou-se que nas concentrações de 0,01 e 0,1 mg/L houve aumento no tempo de sobrevivência em relação ao controle. Em apenas 24 h de exposição, as maiores concentrações (10 e 30 mg/L) foram letais para todos os insetos testados. Já para avaliar os efeitos de B. anurum nos peixes, os insetos foram acondicionados em potes plásticos flutuantes para manter contato indireto com os peixes que se encontra- vam em aquários. Nestes experimentos, foram averiguados se o crescimento produ- tivo, resposta ao estresse e a capacidade antioxidante das larvas foram comprometidas pelo potencial estresse desencadeado pela presença das baratas d’água. Os resultados apontaram que a exposição subletal de B. anurum ao 17 α-metiltestosterona resultou em benefícios (e.g., maiores habilidades de sobrevivência como também menor du- ração do quinto ínstar) ao inseto aquático e que na presença do inseto aumentou-se a quantidade de glicose, lactato e a produção de SOD (superóxido dismutase) dos peixes. Portanto, com base nos resultados aqui descritos, conclui-se que larvas de tilápias-do-nilo é afetada quando em situação de risco predatório. Entretanto, novas experimentações precisam serem conduzidas para se averiguar se estas respostas be- néficas ao inseto não poderiam por torná-los uma maior ameaça a produção de larvas revertidas sexualmente, uma vez que eles poderão permanecer por mais tempo nos ambientes contendo concentrações subletais do hormônio 17 α-metiltestosterona.