Morfoanatomia foliar de Microstachys A. Juss. e Sebastiania Spreng. (Hippomaneae-Euphorbiaceae): caracterização das estruturas secretoras e contribuições para a distinção dos gêneros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Luana de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/28998
Resumo: Microstachys A. Juss. (24 espécies) e Sebastiania Spreng. (79 espécies) destacam-se dentre os maiores gêneros da tribo Hippomaneae (Euphorbiaceae) e encontram-se distribuídos na região Neotropical. Nas abordagens filogenéticas utilizando dados morfológicos e moleculares, as espécies da seção Microstachys que estavam inseridas no gênero Sebastiania foram elevadas ao status de gênero, sendo estes apontados como irmãos. Entretanto, a delimitação desses gêneros sempre foi controversa devido ao uso de caracteres florais, que são pouco informativos. Em estudo filogenético recente, Microstachys foi apontado como monofilético e dois clados Neotropicais foram reconhecidos, sem, contudo, serem identificadas sinapomorfias morfológicas para os estes. Mesmo com a exclusão de Microstachys, Sebastiania foi apontado como polifilético com base em dados morfológicos e moleculares. Uma diferença enfatizada nas descrições taxonômicas das espécies destes gêneros é a presença de glândulas foliares em Microstachys que são ausentes em Sebastiania. Outra informação comum nas descrições é a exsudação de látex esbranquiçado e leitoso em todas as espécies de Microstachys e em parte das espécies de Sebastiania. Assim, a presença e a morfologia das estruturas secretoras podem ser úteis para distinguir espécies de Sebastiania e Microstachys, como reportado em outros taxons de Euphorbiaceae. Em Microstachys, não existem descrições sobre as tipologias das estruturas genericamente denominadas como glândulas crateriformes, tampouco das estruturas secretoras de látex. Embora os caracteres anatômicos tenham contribuído para a resolução de problemas taxonômicos e filogenéticos em Euphorbiaceae, na tribo Hippomaneae tal abordagem ainda não foi sistematicamente explorada. Este trabalho pretende verificar se existem caracteres morfoanatômicos foliares que possam contribuir para a delimitação entre Microstachys e Sebastiania, bem como para a distinção de espécies, corroborando o tratamento destes como gêneros distintos e se existem sinapomorfias anatômicas que sustentem os dois clados Neotropicais de Microstachys. São caracteres comuns aos dois gêneros lâmina foliar plana, epiderme unisseriada, estômatos paracíticos, mesofilo dorsiventral, nervura central projetada para face adaxial, feixe colateral, viiiparênquima paliçadico na nervura central e traqueídes alargadas. Destacam-se como caracteres distintivos em Microstachys a margem serreada com células epidérmicas altas, de contorno reto a levemente ondulado, epiderme com tricomas simples e estrelados, cutícula estriada, folhas anfiestomáticas, nervuras de menor porte areoladas com terminação dicotômica e presença de glândulas marginais ou submarginais. Em Sebastiania a margem foliar é denteada e não apresenta células altas, a cutícula é lisa e a parede das células epidérmicas é sinuosa, as folhas são hipoestomáticas, glabras e eglandulares, nervuras de menor porte são areoladas com terminações dendríticas. A presença de glândulas marginais em S. klotzschiana e S. serrata, laticíferos em S. brasiliensis, S. brevifolia, S. glandulosa, S. jacobinensis, S. macrocarpa e topograficamente uma hipoderme exclusivamente em S. pallens devem ser consideradas em futuras revisões taxonômicas pois foram exceções apontadas no estudo. Utilizando M. serrulata como modelo, as glândulas foliares crateriformes foram descritas anatômica e ultraestruturalmente e os laticíferos anatomicamente, permitindo descrever a tipologia, a natureza química da secreção produzida, as organelas envolvidas na produção da secreção e o mecanismo de exsudação. Em relação aos caracteres ultraestruturais, as células da epiderme secretora em paliçada e do parênquima secretor subepidérmico possuem núcleo conspícuo, citoplasma denso com vacúolos, numerosas mitocôndrias de formato alongado com cristas evidentes, retículo endoplasmático rugoso, dictiossomos, leucoplastos ameboides e plasmodesmos conectando as células secretoras adjacentes. A secreção é hidrofílica composta essencialmente por polissacarídeos e proteínas. A eliminação da secreção ocorre por ciclos de deslocamento, ruptura e recomposição da cutícula. As características anatômicas e ultraestruturais são compatíveis com a descrição destas estruturas como nectários. Os laticíferos são não-articulados ramificados e ocorrem no mesofilo por entre o parênquima paliçadico e lacunoso, na região cortical do pecíolo e próximos aos feixes. O látex é esbranquiçado e leitoso e é composto por polissacarídeos, proteínas, lipídios e borracha. Os caracteres anatômicos corroboraram com as abordagens taxonômicas embora não tenham sido encontradas diferenças entre os clados de Microstachys. A presença de nectários e o tipo de laticíferos devem ser considerados nos trabalhos taxonômicos.