Estratégias reprodutivas de plantas de sub-bosque de Floresta Atlântica em diferentes estádios sucessionais
Ano de defesa: | 2013 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Botânica estrutural; Ecologia e Sistemática Doutorado em Botânica UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/374 |
Resumo: | As características reprodutivas das comunidades vegetais são influenciadas pelo seu histórico de perturbação. A Mata do Paraíso, um fragmento de 195 ha de Floresta Atlântica em Viçosa, Minas Gerais, sudeste brasileiro, apresenta ambientes que foram submetidos a diferentes históricos de usos e correspondem aos seguintes estádios sucessionais: pasto abandonado (Pasto) e florestas em estádio inicial (FEI), médio (FEM) e avançado (FEA) de regeneração. Para compreender a distribuição das estratégias reprodutivas nessa comunidade é necessária a análise das espécies em relação aos seus estádios sucessionais. Foram objetivos: 1) verificar a distribuição da frequência (% de espécies) e da abundância (% de indivíduos) dos sistemas sexuais nos hábitos de crescimento e nos estádios sucessionais em sub-bosque; 2) verificar se a eficiência da polinização é afetada pela idade da flor em Corymborkis flava (Sw.) Kuntze, orquídea terrestre de sub-bosque de FEA; 3) confirmar a autogamia em Cyclopogon variegatus Barb. Rodr., orquídea terrestre de sub-bosque de FEM, descrever o seu mecanismo de autopolinização e interpretar as consequências ecológicas dessa estratégia reprodutiva. Para o primeiro objetivo, 24 parcelas foram distribuídas nos diferentes estádios sucessionais e obtidas as espécies, seus hábitos, sistemas sexuais e abundância de indivíduos. Para o segundo objetivo, flores de C. flava foram submetidas a observações morfológicas (aspectos do perianto e da área estigmática), teste químico (teste para atividade enzimática com peróxido de hidrogênio) e polinizações manuais. Para o terceiro objetivo, flores de C. variegatus, em diferentes estádios, foram analisadas com auxílio da microscopia de fluorescência e de luz (cortes anatômicos); foram conduzidos testes de polinização, de viabilidade das sementes, realizadas observações de polinizadores e de remoção de polinários. Foram encontrados cinco sistemas sexuais: hermafroditismo (em 80,5% das espécies), dioicia (12,4%), monoicia (5,3%), andromonoicia (0,88%) e ginomonoicia (0,88%). O hábito e os estádios sucessionais interferiram na distribuição dos sistemas sexuais. Houve associação das ervas ao hermafroditismo, das trepadeiras à monoicia e das arvoretas à dioicia. A andromonoicia e a ginomonoicia foram restritas às ervas. Em relação aos estádios, a andromonoicia foi restrita ao Pasto, a ginomonoicia à FEI, enquanto a monoicia não foi observada na FEA e a dioicia predominou nesse estádio. Tais diferenças parecem determinadas pela gama de hábitos que compõem o sub-bosque de cada estádio sucessional. A frequência ou a abundância dos sistemas sexuais nos hábitos permitiu a mesma conclusão: a distribuição dos hábitos está relacionada à distribuição dos sistemas sexuais. No entanto, para os estádios sucessionais a frequência e a abundância propiciaram conclusões distintas. As abundancias dos sistemas sexuais diferiram entre os estádios, enquanto as frequências foram semelhantes. As observações morfológicas e o teste químico nas flores de C. flava foram igualmente efetivos na definição do período de receptividade estigmática e de polinização. Porém, a maior frutificação no primeiro e segundo dias de antese mostrou que o melhor método para definir a receptividade estigmática, incluindo a sua magnitude, é a polinização manual. Dessa forma, para orquídeas com flores longevas, são recomendadas polinizações cruzadas in vivo para avaliar o grau máximo de receptividade estigmática e o real potencial reprodutivo das flores. C. variegatus apresentou a morfologia funcional da coluna distinta da de outras espécies de Spiranthoideae. Essas divergências incluem a área estigmática no interior da cavidade do clinândrio, característica única, e a perda da hercogamia, tornando a autogamia obrigatória. Esse mecanismo de autopolinização é novo para as orquídeas e pode favorecer o estabelecimento da população estudada, onde não há polinizadores. Esses resultados demonstram que o sub-bosque apresenta diversidade de estratégias reprodutivas, que garantem a sobrevivência das suas espécies em ambientes com diferentes níveis de perturbação. |