Influência de prebiótico e sulfato ferroso na modulação da microbiota intestinal humana e murina e do prebiótico associado ao cálcio na biodisponibilidade de minerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Ybarra, Lorena Maria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9013
Resumo: O presente trabalho teve como objetivos verificar o efeito de prebiótico (Raftilose® P95 - FOS), (1 e 5%), probiótico (Bifidobacterium longum - 108 UFC/dia) e simbiótico (5% FOS + B. longum) na biodisponibilidade de ferro, cálcio e magnésio em ratos e na modulação da microbiota murina (aeróbios totais, anaeróbios totais, bifidobactérias e coliformes); o efeito de cálcio (2,5, 5,0 e 10,0g/kg) sobre a biodisponibilidade de ferro e magnésio, em 2 estudos in vivo: biodisponibilidade de ferro (12 grupos experimentais, n=8) com duração de 35 dias, sendo um período de repleção de 14 dias (AOAC, 1994, modificado) e biodisponibilidade de minerais (7 grupos experimentais, n=10). Foram verificados os efeitos in vitro (culturas em série e modelos intestinais) de diferentes níveis de sulfato ferroso (11, 22 e 33 mg/Kg, correspondentes a 50, 100 e 150% dos níveis utilizados na composição do meio de cultura) sobre a microbiota colônica humana e sua utilização de FOS, por meio de análise da contagem celular total, bacteróides, bifidobactérias, clostridios e bactérias sulfato redutoras pela técnica de hibridização fluorescente in situ (FISH), e contagem microbiológica de enterobactérias, lactobacilos, anaeróbios totais e bifidobactérias; a produção de ácidos orgânicos de cadeia curta: acético, propiônico, isobutírico, n-butírico, isovalérico, n-valérico, capróico, D- e L-lactato, determinados por meio de cromatografia gasosa. Os resultados indicaram que a suplementação com FOS (1%) não afetou a biodisponibilidade de ferro em animais submetidos a dietas deficientes em ferro, porém aumentou a absorção de magnésio (p<0,05) e cálcio (p<0,05). Foi demonstrada interação negativa entre cálcio e ferro (p<0,01) e entre cálcio e magnésio (p<0,05). Doses de 5% de FOS resultaram em diarréia nos animais e não aumentaram (p>0,05) a biodisponibilidade de ferro de animais anêmicos. A suplementação com B. longum tampouco influenciou (p>0,05) a recuperação da anemia dos animais nem alterou (p>0,05) as contagens dos diferentes grupos bacterianos intestinais. Em dietas controle verificou-se diminuição do grupo dos coliformes cecais com aumento do teor de ferro da dieta (p<0,01). O efeito de FOS sobre a microbiota humana e produção de ácidos orgânicos depende do teor de ferro e do segmento intestinal estudado. Baixo teor de sulfato ferroso (11 mg/L) resultou em diminuição (p<0,01) de enterobactérias, em experimentos em modelo intestinal. A incorporação de FOS estimulou esse grupo bacteriano (p<0,01) em dietas com baixo teor de ferro, bem como bifidobactérias e lactobacilos em todos os segmentos e dietas. Dietas com alto teor de sulfato ferroso (33 mg/kg) e FOS estimularam o grupo dos clostrídios. A incorporação de FOS a dietas com 11mg FeSO4/L resultou em aumento da produção de acetato (p<0,01), isobutirato (p<0,05), n-butirato (p<0,05) e isovalerato (p<0,01) no recipiente que simula o cólon ascendente; acetato (p<0,05) no cólon transverso e isobutirato (p<0,05) e caproato (p<0,01) no cólon descendente. A incorporação de FOS a dietas com 33mg FeSO4/L resultou na diminuição de n-valerato (p<0,05) no cólon ascendente; aumento de propionato (p<0,05) e isobutirato (p<0,05) no cólon transverso e diminuição de acetato (p<0,05), propionato (p<0,05), n-butirato (p<0,01), isovalerato (p<0,05) e n-valerato (p<0,05) no cólon descendente. Dietas com baixo teor de sulfato ferroso + FOS resultaram em maior produção de n-valerato (p<0,05) no cólon ascendente; menor produção de propionato (p<0,05), isovalerato (p<0,05) e n-valerato (p<0,05) no cólon transverso; e maiores concentrações de acetato (p<0,05), isobutirato (p<0,05), n-butirato (p<0,05), n-valerato (p<0,01) e caproato (p<0,05) no cólon descendente, quando comparadas com dietas com alto teor de sulfato ferroso + FOS. Os experimentos indicam que a concentração mineral presente em uma dieta pode vir a influenciar a saúde do hospedeiro, não apenas devido à biodisponibilidade per si, mas por também influenciar a ecologia microbiana. Sugere-se um cuidadoso estudo das doses de prebióticos a serem utilizadas, para evitar efeitos colaterais, como diarréia, que possam vir a influenciar nos resultados fisiológicos e novos estudos na área, com outros microorganismos probióticos, como Lactobacillus sp. ou outras espécies de bifidobactérias, devido a diferenças de metabolismo e adaptação dos mesmos à condições experimentais, outras substâncias prebióticas, que possam influenciar diferentes grupos microbianos e,ou, fontes dietéticas de minerais, como dietas baseadas em arroz/feijão, multimisturas, mais próximas da realidade populacional, em vez de suplementação com minerais inorgânicos.