Uso de sensoriamento remoto e reconhecimento pedológico para identificação de ambientes na sub-bacia do rio Pacuí, submédio São Francisco
Ano de defesa: | 2013 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Fertilidade do solo e nutrição de plantas; Gênese, Morfologia e Classificação, Mineralogia, Química, Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/5523 |
Resumo: | A necessidade de reconhecimento do vasto território da bacia do rio São Francisco para a definição de áreas prioritárias para a aplicação de ações de recuperação e preservação ambiental motivou a proposição deste trabalho.Buscou-se encontrar métodos de baixo custo para a execução desta tarefa no trecho submédio, que engloba a drenagem que verte para a calha entre os municípios baianos de Pilão Arcado e Paulo Afonso. A sub-bacia do rio Pacuí foi tomada como área piloto para este trabalho. Localiza-se no norte da Bahia, possui 1010,1 km² e está totalmente inserida no município de Campo Formoso. É afluente do rio Salitre, o qual nasce na Chapada Diamantina norte e deságua no rio São Francisco em Juazeiro, 20 km a montante da sede. A sub-bacia tem pouco mais de 10.000 habitantes e o principal povoado existente é Laje dos Negros, que dista 96 km da sede municipal. A região possui temperatura média anual de 23,7 ºC, evapotranspiração de 1000 a 1400 mm e precipitação anual entre 475 e 700 mm, de acordo com a influência do relevo, caracterizando o clima como semiárido, do tipo BSh pela classificação de Koppen-Geiger. As serras que delimitam os divisores topográficos norte e oeste atingem cota máxima de 1275 m. O centro, sul e leste da bacia possuem relevo suave e a cota da foz é 465 m. Foi testado o uso de imagens TM/Landsat 5 para encontrar as melhores combinações de bandas para a distinção de classes de uso e ocupação dos solos no Submédio São Francisco por meio do classificador Máxima Verossimilhança. Foram utilizadas as bandas naturais do sensor TM, exceto a 6, que trata do infravermelho termal. Foram produzidas quatro bandas artificiais para participar das combinações: as três primeiras bandas da análise de componentes principais (PCAs) e o índice de vegetação por diferença normalizada (NDVI). Foram analisadas 1023 diferentes combinações. Percebeu-se que a PCA3 não agrega bons resultados devido à sua baixa quantidade de informação. A banda 2 também tem mal desempenho frequentemente, mas há alguns casos em que traz benefícios. Quanto às demais, o ideal é utilizar todas ou no máximo remover algumas da região do visível. A combinação entre as bandas naturais e artificiais é o ideal. NDVI, PCA1, bandas 4, 5 e 7 são as que agregam melhores resultados. Com as bandas escolhidas, foi reconhecida a evolução do uso do solo na sub-bacia do rio Pacuí por meio de imagens TM/Lansat-5 atuais e históricas. O resultado foi a existência de mais de 28.000 ha de áreas fortemente antropizadas na sub-bacia, sendo que 45 % do vale e 8 % das serras estão com a cobertura vegetal degradada. Foram utilizados ainda os NDVIs de quatro imagens TM/Landsat-5 para investigar desmatamento e regeneração da cobertura vegetal nas duas últimas décadas. Foi empregado o método de subtração dos índices de vegetação. As imagens utilizadas foram de agosto de 1992, maio de 2001, outubro de 2001 e junho de 2011. Para a produção dos NDVIs foram feitas calibração radiométrica, geração de reflectância de superfície e uniformização de médias e variâncias. As imagens de subtração foram divididas segundo as doze classes de uso e ocupação definidas para a imagem mais antiga do par de comparação. Cada setor foi analisado enquadrando pixels de imagens diferença segundo nove diferentes intervalos: alto, médio, baixo e muito baixo desmatamento; inalteração; e muito baixa, baixa, média e alta regeneração. Os intervalos foram calculados a partir da média somando-se ou diminuindo-se uma, uma e meia, duas ou três vezes o desvio padrão respectivamente. Foram desconsideradas como desmatamento aquelas áreas que no passado eram agricultura ou solos expostos. Só foram consideradas regeneração áreas que na imagem mais recente não foram classificadas como agricultura e na do passado eram pastagens ou solos expostos. O resultado foi mais de 1000 ha de desmatamento acumulado no período 1992 a 2011. Analisou-se também as características dos solos da sub-bacia por meio de onze perfís de solo e foram determinados 10 diferentes ambientes de ocorrência. Realizaram-se análises físicas, químicas e morfológicas de rotina. Foram encontradas as seguintes classes: Neossolo Litólico Eutrófico típico, Cambissolo Háplico Tb Distrófico latossólico, Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico típico (2 perfis), Neossolo Litólico Distrófico típico, Neossolo Quartzarênico Hidromórfico típico, Cambissolo Háplico Tb Eutrófico latossólico (2 perfís), Cambissolo Háplico Tb Eutrófico léptico, Cambissolo Háplico Carbonático saprolítico e Neossolo Quartzarênico Órtico latossólico. Percebeu-se que o relevo é um dos fatores principais para a diferenciação dos pedoambientes, ocorrendo nas partes mais declivosas os Neossolos litólicos, nas partes intermediárias Cambissolos e nas partes mais planas Latossolos. Solos que ocorrem sobre calcário resultam eutróficos e sobre arenito e cobertura detríticas, distróficos. As porções da paisagem sob influencia da Formação Bebedouro possuem solos ricos em silte, fortemente alcalinos e com alta suscetibilidade à erosão. Quaisquer áreas dentro da bacia onde se promova perda da permeabilidade apresenta fortes sinais de erosão. A região serrana da sub-bacia e algumas áreas de solos arenosos de baixada apresentam bom estado de conservação da cobertura vegetal e constituem uma das últimas partes preservadas da região, e podem responder por grande parte da recarga dos mananciais subterrâneos que mantém o rio Pacuí perene. Devem ser preservadas, juntamente com o enorme patrimônio espeleológico local. Se faz necessária a mudança dos meios de produção baseados na exploração desregrada dos recursos naturais, para atividades que se aproximem da sustentabilidade ambiental. A atividade mais impactante é a caprino-ovinocultura extensiva. É preciso que seja recuperada a cobertura vegetal das encostas do rio Pacuí, principal foco de processos erosivos. Deve-se ainda controlar o escoamento superficial em estradas, povoados e em áreas com cobertura vegetal empobrecida que vertem para locais de maior declividade. |