Impactos da fragmentação na diversidade filogenética, functional e co-benefícios na Floresta Tropical Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Matos, Fabio Antonio Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7643
Resumo: A fragmentação de habitat e a degradação das florestas tropicais causadas por mudanças no uso da terra, são as principais ameaças à biodiversidade e a emissões de carbono antropogênico. Consequentemente, o desenvolvimento de políticas adequadas de conservação requer uma compreensão de como as comunidades são afetadas pelas mudanças antropogênicas das paisagens. Para investigar os efeitos da fragmentação e possíveis co-benefícios entre carbono e biodiversidade em florestas em renegeração, focamos nas espécies arbóreas, tendo três objetivos gerais: (i) verificar os efeitos da configuração e composição das paisagens e o efeito de borda sobre a diversidade filogenética; (ii) avaliar o impacto da fragmentação sobre a diversidade funcional; (iii) verificar a existência de co-benefícios entre biodiversidade e o estoque de carbono para aplicação de mecanismos de conservação, por meio do mercado de carbono (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation - REDD+), utilizando como modelo florestas em regeneração. Nosso estudo foi desenvolvido na floresta tropical brasileira conhecida como Florestas de Tabuleiro. Para o objetivo geral (i), amostramos 27 fragmentos de diferentes tamanhos, formas e graus de isolamento, com um total de 280 parcelas de 10mx10m, sendo que, para 12 destes fragmentos também alocamos 120 parcelas de igual tamanho no ambiente de borda. Para o objetivo geral (ii) utilizamos os mesmos 27 fragmentos descrito para o objetivo (i), contudo, sem o ambiente de borda. Para o objetivo (iii), utilizamos 27 fragmentos de floresta primária, 11 fragmentos de florestas em regeneração e 11 pastos de criação de gado, totalizando 490 parcelas de 10mx10m. Em cada parcela coletamos todos os indivíduos arbóreos, com diâmetro à altura do peito (DAP; a 1,30 metros acima do solo) ≥4.8 cm de diâmetro. De acordo com cada objetivo deste estudo, os indivíduos amostrados foram classificados em espécies endêmicas da Floresta Atlântica, ameaçadas de extinção (Lista Vermelha da IUCN), quanto às suas características funcionais, como também calculados suas respectiva densidade de madeira e carbono. A diversidade filogenética-PD foi positivamente relacionada ao aumento da porcentagem de cobertura florestal. A distância filogenética entre pares de indivíduos que co-ocorrem (SES.MPD), diminuiu com o aumento da irregularidade dos fragmentos e com a densidade de fragmentos nas paisagens. PD foi maior no interior do que no ambiente de borda, enquanto SES.MNTD, foi menor no interior do que nos ambientes de borda. Em termos da diversidade funcional, o isolamento gerou uma redução da regularidade funcional e aumento da divergência funcional. Além disso, grandes fragmentos apresentaram uma menor uniformidade funcional, enquanto a dispersão funcional diminuiu com aumento da cobertura florestal. Encontramos também, que paisagens com maior densidade de fragmentos apresentaram maiores valores de densidade da madeira. Em termos de co-benefícios, encontramos positivas relações entre o carbono das árvores com todas as métricas de biodiversidade utilizadas neste estudo. Temos como conclusões principais que: (i) a composição das paisagens e o efeito de borda altera a diversidade filogenética das espécies arbóreas estocadas nos remanescentes de floresta. Por outro lado, paisagens fragmentadas possuem a capacidade de manter elevada história evolutiva, dada a retenção de diversidade filogenética, através de uma gama de métricas de configuração das paisagens; (ii) o isolamento aumentou a diferenciação de nicho através do incremento de espécies adaptadas ao distúrbio. Métricas de composição das paisagens geraram um incremento da co-ocorrência de espécies funcionalmente semelhantes; e (iii) existem fortes co-benefícios entre o estoque de carbono e a biodiversidade em florestas em regeneração, mesmo estas estando isoladas de grandes blocos florestais.