Parâmetros morfológicos corporais e do tubo digestivo de saguis híbridos Callithrix sp. (Mammalia: Primates) sob influência da sazonalidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lopes, Vanessa de Paula Guimarães
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/18689
Resumo: As relações entre morfologia e função digestiva/regime alimentar dos primatas neotropicais é de suma importância para compreender os mecanismos fisiológicos e ecológicos desses animais. No presente trabalho, foram analisados aspectos biométricos anatômicos corporais e do tubo digestivo, além do conteúdo alimentar de saguis híbridos (Callithrix sp.), coletados em fragmentos florestais no campus da Universidade Federal de Viçosa durante as estações seca e chuvosa, tendo em vista que as variações sazonais interferem na disponibilidade de alimento e qualidade da dieta. No que se refere aos parâmetros corporais estudados, não houve diferença significativa entre os saguis da estação seca e chuvosa. Em relação aos aspectos biométricos do tubo digestivo, o diâmetro do cólon ascendente mostrou ser maior nos animais da estação seca quando comparados aos saguis da estação chuvosa. Tais diferenças podem ser relacionadas com a dieta, sendo que, observou-se maior ingestão de goma pelos saguis da estação seca, enquanto os animais da estação chuvosa consumiram prioritariamente artrópodes e restos vegetais. Dessa forma, as especializações destes fragmentos podem ser o resultado de uma resposta adaptativa à ingestão da goma para melhor aproveitamento energético, visto que, este item alimentar é constituído por polissacarídeos complexos e de baixa digestibilidade, necessitando maior retenção do conteúdo alimentar nestes segmentos para aumentar absorção pela ação dos microrganismos. Para corroborar as pesquisas anatômicas realizadas, foram analisados também os parâmetros histológicos, histoquímicos e histométricos do intestino grosso, especificamente do ceco e cólon. Observou-se que a espessura das camadas parietais, o número de células enteroendócrinas, e de células caliciformes do cólon e AB-positivas do ceco, foram mais expressivas no intestino grosso dos saguis da estação chuvosa. Tais observações favorecem o controle da secreção e motilidade intestinal, contribuindo para absorção mais rápida dos alimentos ingeridos, dessa forma, o tempo de passagem do bolo alimentar é mais rápido, visto que, estes saguis foram basicamente insetívoros. No entanto, houve maior desenvolvimento das criptas do epitélio, bem como do número de células caliciformes PAS-positivas no ceco, e a altura dos colonócitos e espessura de sua borda estriada, tanto no ceco quanto no cólon, nos saguis da estação seca, isto reflete na maior absorção que estes animais necessitam para obter energia durante a gomivoria, aumentando a retenção do alimento nestes segmentos do intestino grosso, consequentemente, diminuindo o peristaltismo nessas regiões, favorecendo melhor absorção dos nutrientes pela fermentação microbiana e proteção contra a ação abrasiva das fibras. Dessa forma, o intestino grosso dos saguis possuem adaptações morfológicas para digestão das fibras dietéticas, sob influência da sazonalidade e consequente disponibilidade de alimento. Visto que, a maior ingestão da goma pelos animais da estação seca, por estarem expostos a uma pequena variedade e quantidade alimentar nesse período, seria uma compensação para a baixa ingestão de artrópodes.