Qualidade da água e saúde das famílias: o caso da sub-bacia hidrográfica do Ribeirão do Lage/MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Santos, Vera Lúcia Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9187
Resumo: Considera-se que as condições do estado de saúde da população, principalmente rural, estão interrelacionadas com o seu “habitat”, em termos das condições da moradia e do seu ambiente sanitário-higiênico (água, serviço de esgoto e lixo); sendo a saúde resultante de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais, comportamentais, bem como biológicos. Assim, este trabalho trata da relação entre a qualidade da água de consumo doméstico e a saúde das famílias, tendo em vista que água e saúde, bens preciosos, encontram-se amplamente interconectados. Procurou-se, por meio de um estudo de caso, relacionar a água de consumo consumptivo ou doméstico com a saúde das famílias rurais, inseridas na Sub-bacia Hidrográfica do Ribeirão do Lage; cuja situação encontra-se amplamente agravada pela falta de saneamento e atendimento médico básico, o que tem gerado preocupação às autoridades e populações locais, quanto às implicações nas condições de saúde e socioeconômicas das famílias ribeirinhas. As informações foram obtidas por meio da coleta de dados de fontes secundárias e primárias, por meio de entrevistas e aplicação de dois questionários previamente testados. Foram realizadas, também, análises físico- químicas e bacteriológicas de amostras de água coletadas nesta sub-bacia. Os resultados mostram estar ocorrendo um desequilíbrio interno entre os diversos componentes do ecossistema, visto que se constatou uma contaminação das coleções de água por coliformes e Escherechia coli, além de uma alta na DBO, o que a tornaria imprópria para ser utilizada para ingestão direta, irrigação de hortaliças a serem consumidas cruas e lazer, entre outras atividades. Algumas das evidências da degradação ambiental regional foram a escassez de recursos hídricos e a saturação do meio pela recepção dos rejeitos das atividades humanas, como os esgotos e resíduos agropecuários. Entre as enfermidades mais comumente diagnosticadas, estavam a esquistossomose, muito presente na região e que causa muita debilidade física e emocional nas pessoas, bem como as verminoses, transmitidas por helmintos e parasitas. Quanto às perdas financeiras familiares, elas se deram, principalmente, em relação a dias parados e menor rendimento no trabalho remunerado, já que os gastos monetários com o tratamento das doenças não foram significativos. Tal resultado pode ser explicado tanto pelo baixo poder aquisitivo da população, isto é, as famílias não tinham renda suficiente para gastar com a saúde de seus membros, dependendo, totalmente, do poder público ou da caridade de outros; como pela própria questão cultural e informativa quanto ao valor dessas enfermidades e seus reflexos no bem estar e qualidade de vida. Assim, situações de natureza cultural no manejo dos recursos, agregadas ao baixo poder aquisitivo, à desinformação sobre questões fundamentais da qualidade necessária da água e escassez da mesma, vêm causando vários problemas ambientais, prejudicando a saúde individual e social das famílias, com implicações negativas sobre sua qualidade de vida. Entretanto, pelos depoimentos, Isso é pouco percebido ou valorizado pelas famílias da região, em decorrência dos valores culturais, condições sociais e econômicas existentes, tornando as enfermidades detectadas de importância secundária, ou mesmo, sem qualquer relevância. Faz-se, então, necessária uma visão mais abrangente, multidisciplinar e dinâmica da situação, isto é, uma abordagem integral, ecossistêmica e evolutiva, considerando todos os aspectos da vida familiar. Ou seja, a compreensão do processo saúde-doença está relacionada à complexidade do próprio ambiente, das suas interdependências ecológicas, políticas, econômicas, culturais e sociais, entre outras, reconhecendo-se a importância da educação, no contexto da saúde social e ambiental.