Polimorfismo e ultraestrutura dos espermatozoides de Euschistus heros (Fabricius, 1798) (Hemiptera: Pentatomidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Cossolin, Jamile Fernanda Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/6285
Resumo: Nos insetos, os espermatozoides exibem morfologias muito variáveis, porém apresentam alguns caracteres constantes para a espécie e, em geral, somente o tipo responsável pela fertilização é produzido. Entretanto, tem sido observado em vários grupos, espécies que produzem mais de um tipo de espermatozoide, sendo mais comum a ocorrência de dois tipos (dimorfismo). Todavia, em Hemiptera são observadas espécies que produzem três ou mais tipos (polimorfismo). Neste sentido, este trabalho teve como objetivos verificar o número e descrever a morfologia dos tipos de espermatozoides produzidos pelo percevejo marrom da soja Euschistus heros. Para isto, testículos e vesículas seminais de 10 indivíduos foram dissecadas e uma parte dessa amostra foi fixada em Karnovsky e processada para microscopia de luz (ML), e uma outra parte foi fixada em glutaraldeído 2,5% acrescido de 2% de sacarose e 5 mM de CaCl 2 , no tampão cacodilato de sódio, pH 7,2 e processada para microscopia eletrônica de transmissão (MET) convencional e para a técnica de etanol- ácido fosfotúngstico (E-PTA). Ainda, algumas amostras foram fixadas em glutaraldeído 2,5% com ácido tânico 1% e processadas para MET. Em E. heros cada testículo tem seis folículos os quais foram identificados de 1 a 6. Essa espécie produz três tipos de espermatozoides, aqueles do tipo 1 são produzidos nos folículos testiculares 1, 2 e 3, os do tipo 2 no folículo 5 e os do tipo 3 nos folículos 4 e 6. Os três tipos encontra-se livres na vesícula seminal e, à ML, não é possível diferenciar os espermatozoides dos tipos 1 e 2, pois eles são morfometricamente indistintos, com comprimento total por volta de 190 μm e o núcleo 27 μm. Já o tipo 3 é facilmente diferenciável dos outros dois, pois eles são mais grossos e com 795 μm de comprimento total e 160 μm de núcleo. A MET mostrou que os três tipos de espermatozoides possuem uma região de cabeça, formada pelo núcleo e o complexo acrossomal que apresenta um paracristalino acrossomal ao lado do núcleo, e uma de flagelo, formada pelo axonema com 9+9+2 microtúbulos, dois derivados mitocondriais simétricos e, na região de transição núcleo-flagelo, um adjunto do centríolo assimétrico. Cada derivado mitocondrial apresenta duas áreas paracristalinas desiguais e uma ponte que o conecta ao axonema, o qual tem os túbulos acessórios e o par central preenchidos por material E-PTA positivo. Embora os três tipos de espermatozoides possuam os mesmos componentes, eles são facilmente reconhecíveis pela ultraestrutura e a associação desses componentes. Por exemplo, na região de cabeça, os formatos do vinúcleo e do paracristalino acrossomal são característicos para cada tipo de espermatozoide. Já no flagelo o que facilmente distingue os três tipos são os derivados mitocondriais, especialmente em corte transversal. Eles no tipo 1 são em forma de meia lua e cada um tem área igual a do axonema, no tipo 2 são alongados com área de aproximadamente 1,5 vezes a do axonema e, no tipo 3, são semicircular e cada um com área por volta de seis vezes maior do que a área do axonema. Observando o conteúdo de ovos imediatamente após a postura à ML, encontramos apenas núcleos de espermatozoides com o comprimento daqueles do tipo 1 e 2. Entretanto, como os espermatozoides do tipo 2 são produzidos em pequena quantidade, supomos que os tipo 1 são os que fertilizam os óvulos. Os outros dois tipos, como já propostos por outros pesquisadores, possivelmente são úteis na locomoção e/ou nutrição dos espermatozoides férteis. Considerando que a morfologia dos espermatozoides tem sido utilizada na sistemática dos insetos em geral, nos grupos de Hemiptera, que apresentam o polimorfismo espermático, provavelmente essas células são capazes de oferecer um conjunto de caracteres que poderão ser utilizados para o estudo filogenético e, especialmente, taxonômico destes insetos.