A sociabilidade em condomínios fechados: o caso do Condomínio Residencial Recanto da Serra em Viçosa-MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Portugal, Josélia Godoy
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia familiar; Estudo da família; Teoria econômica e Educação do consumidor
Mestrado em Economia Doméstica
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/3319
Resumo: A lógica capitalista que produz uma sociedade hierarquicamente organizada também se expressa nos espaços urbanos, compondo territórios para as camadas altas da sociedade e para as camadas baixas. Em um contexto urbano segregado, as famílias que possuem poder aquisitivo maior tendem a se aproximarem fisicamente, constituindo seus espaços de moradia como os condomínios fechados. O objetivo geral de nossa pesquisa foi apreender o significado de morar em condomínio fechado para os seus moradores e as relações que desenvolvem a partir desse espaço em três escalas diferentes: intramuros, com o bairro e com a cidade. Buscamos abordar essa problemática pelo viés das relações sociais e físicas que os moradores estabelecem entre si e com o espaço físico da cidade de Viçosa, MG. Nossa amostra se compôs dos moradores do condomínio Residencial Recanto da Serra. A metodologia contemplou entrevistas com os moradores do condomínio, questionário socioeconômico e observação não participante. Na escala intramuros, identificamos que, mesmo compondo um grupo homogêneo em relação à cidade, no espaço interno do condomínio esses moradores se distinguiam fortemente entre si, formando subgrupos e estabelecendo relações de poder. Nas relações estabelecidas com os bairros limítrofes, verificamos que a motivação para os contatos foi de caráter utilitário, não havendo investimento, por parte dos moradores do condomínio, em relações de amizade. Quanto à cidade de Viçosa, os espaços frequentados pelos condôminos, ou seja, aqueles espaços onde se socializam com os de fora do núcleo familiar ou da vizinhança imediata, são marcados pelo signo da segregação, como o shopping, os clubes de lazer, os restaurantes e os espaços escolares. Nesse tipo de configuração de moradia, como os condomínios fechados, as relações que as famílias estabelecem entre si tendem a refletir as relações que estabelecem com a sociedade. No caso de Viçosa especificamente, é importante pontuar que a cidade tal como se configura hoje, evidenciando cada vez mais a tendência à segregação socioespacial, foi construída historicamente sob o signo da distinção. Ao reconstruirmos o histórico das relações estabelecidas entre os distintos grupos sociais que compõem a sociedade local, percebemos a presença da Universidade Federal de Viçosa (UFV) como fator de distinção não só pelo capital econômico, mas, principalmente, pelo capital cultural de parcela da população que a ela está diretamente ligada, como os professores. Em nossa pesquisa, constatamos que os moradores do condomínio Recanto da Serra tinham, em sua maioria, suas atividades de trabalho relacionadas com a UFV. Para desenvolvimento local da cidade hoje, um grande desafio é conciliar as potencialidades dessa Instituição, principalmente seu capital humano, com as necessidades de um município que carece de recursos e investimentos, apresentando localizações, como alguns bairros periféricos e a zona rural, com poucas condições de garantir a qualidade de vida de sua população.