Uso racional da água na cultura da cana-de-açúcar irrigada no Norte de Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Vieira, Gustavo Haddad Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Construções rurais e ambiência; Energia na agricultura; Mecanização agrícola; Processamento de produ
Doutorado em Engenharia Agrícola
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/722
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de se definir estratégias tecnológicas para o manejo racional da irrigação da cultura da cana-de-açúcar no semi-árido norte mineiro, de modo a otimizar os recursos de produção, principalmente a água e a energia elétrica, maximizando a eficiência do uso da água pela cultura. Foram instalados três experimentos, no município de Jaíba/MG, cada um em uma área de aproximadamente 54 ha, irrigadas por pivô central. No primeiro experimento avaliou-se a produtividade e o rendimento industrial da cana-de-açúcar e avaliaram-se indicadores morfo-fisiológicos do estresse hídrico para a cultura em função de lâminas de irrigação; no segundo, estudou-se a redução da evapotranspiração da cana-de-açúcar irrigada em função do fator de disponibilidade de água no solo; e no terceiro experimento objetivou-se avaliar indicadores de desenvolvimento, maturação e produtividade da cana-de-açúcar em função da época de interrupção da irrigação. A área foi cultivada com cana-de-açúcar (Saccharum sp.) cultivar RB 86-7515, no quarto ciclo (terceira soqueira), após a colheita da safra 2009/2010, para os experimentos de lâminas de irrigação e de redução da evapotranspiração e no terceiro ciclo (segunda soqueira) da cultura, em fase de maturação, para o experimento de interrupção da irrigação. O manejo da irrigação foi realizado com auxílio do aplicativo Irriger®, que determina a demanda hídrica da cultura. No experimento de lâminas, trocaram-se os bocais dos emissores, para a aplicação dos tratamentos, de modo que em cada vão entre torres do pivô fosse aplicada uma lâmina específica. O experimento foi montado com seis tratamentos (25, 50, 75, 100, 125 e 150% da ETc). Para se avaliar a redução da evapotranspiração da cultura da cana-de-açúcar, em função do fator de disponibilidade de água no solo (fator f ), foi conduzido um experimento com diferentes frequências de irrigação, com os fatores de disponibilidade hídrica do solo: 0,3; 0,5; 0,7 e 0,9. No experimento de avaliação da melhor época de interrupção da irrigação, interromperam-se as irrigações nos dias 15 e 29 de agosto para os tratamentos T1 e T2, respectivamente, e nos dias 13 e 28 de setembro, para os tratamentos T3 e T4, respectivamente, no ano 2010. A colheita da cana para todos os tratamentos ocorreu no dia cinco de outubro. Com isso, as plantas dos tratamentos T1, T2, T3 e T4 ficaram, respectivamente, 51, 37, 22 e 7 dias sem irrigação ou chuva (dsi). Com os resultados obtidos, para cana-de-açúcar cultivar RB 86-7515, de ciclo tardio, nas condições em que foi realizado o experimento, no semiárido norte mineiro, foi possível concluir que: apesar de se atingir a produtividade máxima da cultura (112,3 t ha-1) com 1.537,2 mm de água no ciclo da cultura, o máximo rendimento econômico (108,5 t ha-1) foi obtido com a lâmina de 1.333,8 mm. A lâmina que proporcionou a maior produtividade de açúcares (17,56 t ha-1) foi de 1.508,4 mm. O melhor rendimento econômico, em termos de açúcares por unidade de área, foi de 17,4 t ha-1(lâmina recomendada), com fornecimento de 1.406 mm de água, resultando na necessidade de 808 m3 de água para se produzir uma tonelada de açúcar. Lâminas de irrigação maiores que 1.000 mm promoveram teores de dextrana acima dos limites estabelecidos para produção de açúcar. Recomenda-se para as indústrias de etanol e, principalmente de açúcar, introduzirem as análises de dextrana na rotina laboratorial. Houve tendência de aumento do índice de área foliar (IAF) da cana-de-açúcar à medida que se aumentou a lâmina de irrigação no ciclo da cultura; o aumento do IAF foi mais acentuado nos tratamentos que receberam mais água; o potencial hídrico foliar foi menor para menores lâminas de irrigação, com destaque para o tratamento que recebeu menos água (25%); a temperatura foliar foi próxima à temperatura do ar nos tratamentos que receberam as maiores lâminas (100 a 150%), com tendência de aumento da diferença entre a temperatura das folhas, à medida que se reduziu o suprimento hídrico; houve tendência de aumento do índice de clorofila (ICF) à medida que se aumentou as lâminas, com leve queda nos tratamentos que receberam lâminas maiores que 100% da ETc. Ao se irrigar a cana com f 0,7, obteve-se 17% de redução da evapotranspiração da cultura, se comparado ao f 0,5; não se recomenda irrigar a cultura com f 0,3, visto que se aumenta o consumo de água em 20% se comparado ao f 0,5 e não se obtém aumento da produtividade de colmos e de açúcares; os maiores valores de EUA foram encontrados, com a lâmina de 1.540 mm, para as produtividades de colmos (8,29 kg m-3) e de açúcares (1,22 kg m-3); recomenda-se f de 0,5 no manejo da irrigação, visando maximizar a eficiência e uso de água para produtividades de colmos e açúcares; O maior rendimento de açúcares por área se deu no tratamento T2, com 18,73 t de açúcar por hectare, seguido de T1, com 17,06 t ha-1, T3 com 15,18 t ha-1 e T4, com 12,97 t ha-1. São necessários estudos que avaliem o comportamento da cana-de-açúcar em solos de textura argilosa e arenosa, com o manejo da irrigação feito em diferentes fatores f . Ocorreu antecipação da senescência foliar da cana-de-açúcar quando a irrigação foi interrompida no início da fase de maturação; a interrupção da irrigação da cana-de-açúcar até 51 dias antes da colheita promoveu decréscimo na produtividade de até 26 t ha-1; não houve acréscimo de rendimento industrial (ATR) com a manutenção da irrigação até próximo à colheita; não se recomenda interromper a irrigação para a cultura da cana-de-açúcar, antes de sete dias antes da colheita, com a finalidade de aumentar o teor de sacarose nos colmos.