Mobilização de reservas corporais e eficiências energéticas de cabras no início da lactação
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Genética e Melhoramento de Animais Domésticos; Nutrição e Alimentação Animal; Pastagens e Forragicul Doutorado em Zootecnia UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/1873 |
Resumo: | Objetivou-se com este estudo determinar a magnitude da mobilização das reservas corporais, a eficiência de utilização da energia corporal mobilizada para a produção de leite e as exigências energéticas de cabras para mantença e lactação durante o início da lactação. Utilizou-se 51 cabras multíparas da raça Alpina, alocadas em baias metabólicas individuais providas de cochos para fornecimento de ração e água. As cabras foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e seis repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas semanas de lactação. Todos os animais receberam uma única dieta experimental à base de silagem de milho e concentrado. Um grupo de três cabras (grupo referência) foram abatidas logo após o parto para estimação da massa de gordura interna e para determinação da energia corporal inicial dos animais que permaneceram no experimento, os demais abates foram realizados com o decorrer da lactação (7o dia ao 56o dias de lactação). Foram realizados abates sequenciais de seis cabras por semanas de lactação, todas as partes do corpo foram pesadas, amostradas para mensuração da massa de gordura interna e determinação da energia corporal dos animais mediante a análise química da matéria seca, proteína bruta, gordura bruta, cinzas e energia dos tecidos corporais. O consumo de matéria seca foi determinado individualmente e diariamente. As cabras eram levadas para a sala de ordenha duas vezes ao dia (6h30 e às 15h30), a produção de leite dos animais foram mensuradas por meio de pesagens diárias e individuais do leite e as amostras de leite foram coletadas semanalmente de cada animal e levadas ao laboratório para para avaliação dos constituintes do leite (gordura, proteína, lactose). Foi realizado um ensaio de digestibilidade no 23o dia experimental utilizando-se seis cabras lactantes para determinação da digestibilidade e do valor energético da dieta. Para determinar a variação de energia corporal foi feita uma regressão múltipla, baseada na massa corporal e nas semanas de lactação, com isso, estimou-se o peso de corpo vazio uma semana antes do abate do animal (PCV SEM-1), assim subtraindo o (PCV SEM-1) com peso de corpo vazio observado no momento em que cada animal foi abatido. Houve uma aumento de forma curvilínea do consumo de matéria seca (P <0,001) e da produção de leite (P <0,006). A gordura e a proteína do leite reduziram ( P <0,006) com o avanço da lactação. A massa corporal reduziu (P <0,008) de forma muito intensa durante as primeiras quatro semanas de lactação. As massas de gorduras omental (P <0,005) e visceral (P <0,003) reduziram linearmente durante as oito semanas de lactação. O peso da carcaça (P <0,002) e dos componentes não-carcaça (P <0,001) também foram afetados de forma negativa com o avanço da lactação. Na massa de gordura da carcaça houve uma redução (P <0,003) de 5,6 para 2,1 kg, entre o parto até a oitava semana, já a massa de gordura dos componentes não-carcaça reduziram (P <0,002) de 8,49 para 2,8 kg. Houve mobilização da proteína da carcaça (P <0,001) de 4,36 para 2,89 kg, também foi observado redução da proteína dos componentes da não-carcaça (P <0,0001) de 3,69 para 2,35 kg, durante oito semanas de lactação. Para determinar as eficiências de utilização da energia da gordura mobilizada e a proveniente da dieta, utilizou-se as seguintes equações: CEM, Mcal = β0 + β1 × EL + β2 × Emob (eq. 1); em que, o CEM é o consumo de energia metabolizável, EL é a energia do leite e o Emob é a energia mobilizada do corpo. CEM, Mcal = β0 + β1 × PC0,75 + β2 × EL + β3 × Emob (eq. 2), em que, o PC0,75 é o peso corporal metabólico. A eficiência de utilização da gordura mobilizada (Kmob) foi encontrada através da razão entre o β1/ β2 da equação 1. A exigência de energia metabolizável para a mantença e para a lactação, são representadas pelos β1, β2 da equação 2, já a eficiência de utilização para a lactação (KL) é a recíproca do 1/ β2. A eficiência de utilização para a mantença (km) foi determinado através da equação km = 0,35 × qm + 0,503, em que, qm é a mobilizabilidade dos alimentos para mantença. A eficiência de utilização da gordura mobilizada foi de 0,74, para lactação de 0,93 e para a mantença de 0,74. A exigência de energia metabolizável para mantença foi de 0,190 Mcal/ PC0,75, onde esta foi dividida em metabolismo basal que foi de 0,0946 Mcal/ PC0.75, e energia de suporte para a lactação que foi de 0,0954 Mcal/ PC0.75. Outro estudo foi realizado avaliando as predições do Small Ruminant Nutrition System (SRNS) sobre digestibilidade dos nutrientes da dieta e nas exigências energéticas de cabras no início da lactação. A avaliação do programa foi feito com base nos valores observados neste estudo e os valores estimados pelo SRNS. Na avaliação dos coeficientes da digestibilidade, NDT, CEM, CEL foram utilizados seis animais. Para avaliação do CMS, CEM, EMm, EML, balanço de EM, variação do ECC, variação da massa corporal, utilizou-se as 51 cabras em início de lactação. Foram utilizados como inputs para o programa as seguintes variavéis: massa corporal, idade, consumo de matéria seca, ingestão de nutrientes diários, produção de leite, teor de gordura e proteína no leite, escore de condição corporal (ECC). Para a avaliação do consumo de matéria seca, utilizou-se a equação do AFRC (1998): CMS, kg/d = 0,42 × PL3,5% + 0,024 × PC0,75 + 0,4 × ΔPC + 0,7 × Proporção de forragem na dieta, em que, ΔPC é variação do peso corporal, devido a equação existente no programa ser desenvolvida para ovelhas. Para avaliação dos modelos foram utilizadas varias técnicas estatíticas, como: coeficiente de determinação, intervalos de confiança dos parâmetros, coeficiente de correlação de concordância, quadrado médio do erro de predição, entre outros. O SRNS tem boa acurácia na predição dos coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, matéria orgânica, NDT, CEM e CEL. Entretanto, não faz uma boa predição para os coeficientes de digestibilidade aparente da proteína bruta, gordura e do coeficiente de digestibilidade fibra. Para os coeficientes de digestibilidade aparente da proteína bruta, gordura o SRNS subestimou os valores, por causa dos componentes endogenos. Já para o coeficiente de digestibilidade fibra ocorre o contrário, o SRNS superestimou os valores, por causa da diferente entre as taxas de degradação da fibra de gramíneas de clima temperado com as de clima tropical. A equação do AFRC (1998) não estimou bem o consumo de cabras em início de lactação. Os valores de CEM, balanço de EM e EMm, foram subestimados pelo SRNS. Entretanto, o SRNS estimou com acurácia os valores EML, variação do ECC e variação da massa corporal. As cabras durante as oito semanas pós- parto mobilizaram não apenas gordura, mas também proteína corporal. As cabras mobilizaram em média de 6,48 MJ/d de energia. A eficiência de utilização da energia mobilizada é de 74% e a eficiência de utilização da energia dietética é de 93%. O SRNS tem baixa acurácia para predição da qualidade da dieta e boa acurácia para predição das reservas corporais de cabras em início de lactação. |