Paisagens verdes e negras: estratificação ambiental participativa e conhecimento local do solo em uma comunidade quilombola
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Solos e Nutrição de Plantas |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/29355 |
Resumo: | Comunidades tradicionais de agricultores acumulam conhecimento prático com o passar das gerações, o que lhes permitem elaborar sistemas próprios de interpretação, estratificação e classificação das unidades ambientais em seus territórios, que podem ser articulados com o conhecimento científico sobre solos e ambientes através de uma abordagem etnopedológica integrada e, assim, contribuir para um planejamento territorial mais adequado à realidade local. O objetivo deste trabalho foi compreender as relações entre o saber local e o conhecimento científico sobre o solo e suas interfaces com os outros componentes ambientais, no Quilombo Santa Cruz, em Ouro Verde de Minas, no Vale do Mucuri-MG. Para tal, resgatou-se o histórico de uso e ocupação do território com entrevistas semi-estruturadas, realizou-se uma estratificação ambiental participativa através de oficinas de mapeamento participativo e travessias guiadas por diferentes gradientes pedológicos, aliados à descrição de perfis de solo e coleta de amostras para análises químicas e granulométricas e, por fim, comparou-se a classificação local de solos com a científica. A comunidade quilombola de Santa Cruz apresenta um forte protagonismo político que permite sua sobrevivência e a reprodução de sua cultura quilombola, frente a cenários de conflitos fundiários e degradação ambiental dos solos e das águas. Os quilombolas estratificam a paisagem, em diferentes níveis, de acordo com critérios variados. A posição na paisagem é determinante na distinção dos compartimentos ambientais maiores e mais heterogêneos (Chapada, Baixada e Lajedo) e, à medida que a estratificação ambiental é aprofundada, outros critérios aparecem, como a face de exposição, a pedoforma e a presença afloramentos rochosos. Esses últimos distinguem etnoambientes menores e mais homogêneos (Pinel da Chapada, Pé do Lajedo, Morro com Pedra, Morro sem Pedra, Baixa e Brejo), que condicionam diferentes tipos de solo. Estrutura, umidade, cor e textura do solo, foram os critérios locais utilizados na distinção das quatro principais classes de solo: Terra Vermelha, Terra Arenosa, Terra Poenta e Barro. Esses solos foram mapeados e tiveram correspondência no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, através das respectivas classes: Argissolo Vermelho-Amarelo, Neossolo Regolítico, Cambissolo Háplico e Gleissolo Háplico. A estratificação ambiental participativa revelou a diversidade da paisagem no quilombo Santa Cruz, que evidencia gradientes pedológicos determinantes no desenho dosagroecossistemas. |