Grupos funcionais, uso dos recursos e diversidade funcional de plantas lenhosas no Cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Tolentino, Gláucia Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/7534
Resumo: A variação fisionômica e na composição de espécies em comunidades de plantas do Cerrado é comumente atribuída às propriedades do solo. Contudo, a influência do solo na seleção de traços funcionais e estratégias ecológicas e seu papel na determinação da diversidade funcional da comunidade são pouco conhecidos. O objetivo deste trabalho é avaliar a influência dos gradientes ambientais na distinção de grupos funcionais, na seleção de estratégias ecológicas e na diversidade funcional de plantas do Cerrado. O trabalho foi desenvolvido em um fragmento de Cerrado com ampla variação de solos, o que o torna um sistema adequado para o estudo de diferentes adaptações no uso dos recursos e na tolerância ao estresse. Foram inventariados 3 ha de vegetação arbustivo-arbórea, a partir dos quais foram selecionadas as espécies mais representativas para (i) mensuração de características funcionais, (ii) definição de grupos funcionais, (iii) avaliação de estratégias de uso dos recursos através da aplicação de isótopos estáveis (ẟ13C e ẟ15N) e (iv) análises da diversidade funcional ao longo dos gradientes de solo e abertura do dossel. Nossos resultados indicam a definição de três grupos funcionais distintos: espécies resistentes ao alumínio, geralmente associadas a solos pobres e ácidos; espécies de cerradão ou floresta seca, que têm abundância expressiva nas manchas de solo de maior fertilidade; e espécies leguminosas fixadoras de N 2, comuns ao longo de todo o gradiente de solos. Os traços funcionais e os valores de ẟ13C e ẟ15N foram congruentes ao demonstrar o contraste entre espécies resistentes ao alumínio e as espécies de floresta seca. Solos pobres e estressantes representam um sistema com alta economia de recursos, onde as plantas apresentam menor porte, pequena área foliar específica, alta razão C/N e baixa densidade da madeira, com valores de ẟ15N empobrecidos. Espécies de cerradão e floresta seca apresentam características contrárias que indicam a capacidade de rápido crescimento em um solo nutricionalmente mais favorável, onde as taxas de perda de N são altas e os valores de ẟ 15N das plantas são enriquecidos. As análises de diversidade funcional demonstraram que ambientes florestais apresentam menor redundância funcional, com espécies que apresentam traços mais divergentes e especializados. Dessa forma, os ambientes mais estressantes promoveram redução da diversidade funcional de plantas lenhosas e limitaram os traços funcionais, sendo definidos importantes thresholds para a separação de ambientes savânicos e florestais. Demonstramos que as espécies de Cerrado apresentam o trade-off crescimento-tolerância ao estresse como principal aspecto de definição de estratégias ecológicas, que se relacionam diretamente à produtividade do ecossistema e revelam a estruturação de comunidades funcionalmente distintas.