Percepções de adolescentes sobre a violência doméstica e familiar contra as mulheres, Ervália/MG

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Singulano, Yara Lopes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/22103
Resumo: A violência doméstica e familiar contra as mulheres é a manifestação mais comum da violência de gênero, e um dos tipos de violência mais frequentes na América Latina e Caribe; no Brasil, desde a década de 1980 os índices de feminicídio vem aumentando. Diante desse quadro, mostra-se necessário pensar novas estratégias de enfrentamento ao problema, visto que as ações até então implementadas, pautadas principalmente no Direito Penal, restaram insuficientes ou ineficientes. Nesse sentido, a perspectiva de prevenção da violência, notadamente através de ações educativas que promovam o acesso à informação para as faixas etárias mais jovens, parece ser promissora. Partindo de tal premissa, o presente trabalho teve como objetivo geral do trabalho analisar em que medida o acesso à informação influencia a percepção de adolescentes sobre a violência doméstica e familiar contra as mulheres, entendida enquanto violência de gênero. Para tanto, como objetivos específicos buscou-se identificar, a priori, o nível de conhecimento objetivo dos adolescentes a respeito do tema, e, especialmente, quanto à aplicação da Lei Maria da Penha, bem como as suas compreensões sobre papeis de gênero, organização familiar, relacionamentos afetivos e conflito familiar; e analisar, comparativamente, as respostas dos adolescentes, antes e depois da realização de uma oficina pedagógica, para identificar se, e como, o acesso à informação impactou suas percepções sobre o fenômeno da violência doméstica e familiar. Quanto às percepções a priori dos participantes, notou- se grande influência do discurso midiático e de suas vivências pessoais no seu discurso, diante da ausência de discussões a respeito do tema no espaço escolar, o que justificaria o baixo nível de informação constatado entre os participantes. Também ficou evidenciado que, embora afirmem repudiar a violência física, muitos adolescentes corroboram com as crenças sexistas e patriarcais que fomentam a violência de gênero, sem se dar conta dessa incoerência. Quanto à análise comparativa das repostas, concluiu-se que, embora o acesso à informação seja de fundamental importância para promover a prevenção da violência doméstica e familiar contra as mulheres, ações pontuais e esparsas, como oficinas e palestras, podem ter seu potencial educativo limitado, especialmente no tocante às crenças pessoais dos adolescentes; ou seja, mostraram-se insuficientes para fomentar uma análise crítica acerca dos modelos sociais hegemônicos, como a organização patriarcal da família e a divisão sexual de tarefas, e, consequentemente, a prevenção da violência. Assim, para promover, de fato, a mudança cultural necessária para erradicar a desigualdade de gênero e a violência contra as mulheres, é preciso incluir as discussões sobre questões de gênero no cotidiano escolar, através de políticas educacionais perenes, que contemplem toda a trajetória escolar dos indivíduos. Além disso, ficou evidenciado que o discurso midiático exerce uma influência significativa sobre a percepção dos adolescentes, de modo que se mostra indispensável também sensibilizar a mídia, enquanto importante formadora de opinião e disseminadora de informações, sobre o problema da violência de gênero, para que adote uma abordagem não-sexista e não-violenta.