Olhares cruzados: as representações da África Subsaariana em Cinco semanas num balão (1863), de Jules Verne

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ferruce, Princisval
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/21378
Resumo: No ápice das explorações da África, em 1863, Jules Verne publica sua primeira viagem extraordinária, Cinco semanas num balão. Aproveitando-se da onda de interesse crescente do público francês pelas regiões “bárbaras”, o autor elabora um romance inovador, cujo ponto chave se encontra exatamente neste fascínio pelo desconhecido, envolto, pela então, efervescente temática da “ciência moderna”. O principal aspecto a ser aqui abordado seria a possibilidade de representação de uma África desnudada em todos os seus aspectos inconvenientes – etnográficos e geográficos –, os quais são, na maioria das vezes, perpetuados por exploradores, viajantes, naturalistas e literatos. Destarte, à luz de uma abordagem interdisciplinar, no qual os Estudos Pós-Coloniais encontram maior destaque, o presente trabalho objetiva analisar como o texto de estreia de Verne se circunscreve dentro de uma tradição europeia de representação das zonas consideradas “primitivas”, ou seja, demonstrar como representar “o diferente” redunda, sempre, na delimitação de uma clara fronteira entre “nós” e “eles”, com seu correspondente juízo de valor. Essa divisão, de natureza ideológica, estabelece, então, uma hierarquia, na qual o objeto representado se constitui como um desvio a ser identificado. Sendo assim, nota-se que, na obra em questão, a representação adquire uma função absolutamente pragmática, projetando o continente africano de maneira a, sobretudo, reivindica-lo para as potências ditas colonialistas. Estudos tais como de Edward Said, Albert Memmi, Eric Hobsbawm dentre outros, servirão de guia a este estudo.