Modelos preditivos de (in) segurança alimentar e nutricional, segundo indicadores socioeconômicos, demográficos e nutricionais de famílias brasileiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Morais, Dayane de Castro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/21426
Resumo: Segurança alimentar e nutricional é definida como garantia de acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, de indivíduos e famílias. A avaliação da (in) segurança alimentar e nutricional demanda o emprego de diferentes indicadores, que abarquem as dimensões de acesso, disponibilidade e utilização biológica dos alimentos, visando contemplar seu amplo conceito. Este estudo objetivou avaliar a (in) segurança alimentar e nutricional segundo indicadores de percepção, renda, disponibilidade calórica, consumo alimentar e estado nutricional, por localização e situação dos domicílios, e construir modelos de predição de insegurança alimentar e nutricional de famílias brasileiras, a partir destes indicadores. Empregou-se dados secundários referentes às famílias avaliadas na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em 2008- 2009. Para a avaliação da insegurança alimentar e nutricional utilizou-se os seguintes indicadores: percepção sobre a quantidade insuficiente de alimento consumida pela família; renda familiar mensal per capita inferior a meio salário mínimo; renda familiar per capita inferior a dois dólares/dia; disponibilidade calórica no domicílio inferior ao somatório das necessidades energéticas de todos os integrantes da família, presentes no período da pesquisa; disponibilidade calórica no domicílio inferior a 2.500 calorias per capita/dia; consumo inadequado (abaixo ou acima das recomendações) de pelo menos um dos macronutrientes (lipídios, carboidratos ou proteínas) por pelo menos um dos moradores do domicílio; e presença de distrofia nutricional (baixo peso, baixa estatura e excesso de peso) em pelo menos um dos moradores do domicílio. Calculou-se as prevalências de insegurança alimentar e nutricional, pelos distintos indicadores, e seus respectivos intervalos de confiança, bem como razão de prevalência pela regressão de Poisson. Para a construção dos modelos de predição utilizou-se regressão de Poisson, bivariada e multivariada, com variância robusta. As análises foram estratificadas por localização (macrorregião) e situação (urbana ou rural) dos domicílios. Visando fortalecer a utilização da questão de percepção sobre a suficiência de alimentos para a família, presente na POF, como um indicador de segurança alimentar e nutricional, verificou-se a sensibilidade, valor preditivo negativo e concordância das questões isoladas da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) na detecção desta situação, presentes na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), nas edições de 2009 e 2013. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (parecer no 1.269.063/2015). As prevalências de insegurança alimentar e nutricional, pelos 11 indicadores, confirmam a mesma como um problema de saúde pública, com maior probabilidade de ocorrência nas macrorregiões Nordeste, Norte e zona rural do país. Considerando a dimensão de acesso e disponibilidade de alimentos, verificou-se que as maiores prevalências de insegurança alimentar e nutricional, em famílias brasileiras, foram detectadas pelos indicadores de disponibilidade calórica segundo necessidade energética e percepção quanto a insuficiência de alimentos para a família. Já em relação a dimensão de utilização biológica dos alimentos, verificou-se os indicadores de consumo inadequado de lipídios ou de carboidratos e de presença de excesso de peso ou de baixa estatura, por pelo menos um dos moradores do domicílio, apresentaram as maiores prevalências de insegurança. Ao avaliar todos os indicadores, de forma conjunta nos modelos de predição, constatou-se que a insegurança alimentar e nutricional foi melhor explicada, estatisticamente, pelos modelos que apresentavam como variáveis dependentes os indicadores de renda (em salário mínimo e em dólar) e de consumo inadequado de proteínas. Ao considerar os indicadores mantidos no modelo, explicando a concomitância da insegurança pelas distintas propostas, verificou-se que os modelos de percepção, disponibilidade calórica segundo necessidade energética, de renda familiar per capita (em salário mínimo e em dólar) e consumo inadequado de carboidratos por pelo menos um dos moradores do domicílio foram explicados por pelo menos um indicador de cada vertente da insegurança alimentar e nutricional. Estes modelos podem ser considerados como completos por permitirem avaliar a insegurança por diferentes dimensões, abrangendo as vertentes de acesso, disponibilidade e utilização biológica dos alimentos. Ressalta-se que, ao avaliar as questões isoladas da EBIA, presentes nas PNAD, certificou-se que as primeiras quatro questões da escala apresentaram bons resultados de valores preditivos negativos, sensibilidade e concordância, sendo que a primeira pergunta, referente a “preocupação com que o alimento acabasse antes de ter acesso a mais alimentos” destacou-se em relação as demais. Estes resultados confirmam que a questão relativa à preocupação quanto a quantidade de alimentos pode ser considerada como proxy de insegurança alimentar em estudos populacionais. Além disso, os achados do presente estudo corroboram com a recomendação de que a (in) segurança alimentar e nutricional deve ser avaliada por indicadores que abarquem as dimensões alimentar e nutricional desta situação, de forma conjunta, contemplando as vertentes de acesso, disponibilidade e utilização biológica. A avaliação sistêmica, por modelos de predição utilizando distintos indicadores, no presente estudo, permitiu maior aproximação dos instrumentos de análise com o amplo conceito de segurança alimentar e nutricional, adotado no Brasil.