Sociedade, linguagem e jornalismo: o humor do "Binômio" nos anos 50 e 60

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Botelho, Nicolina Maria Arantes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9854
Resumo: Esta dissertação resulta de uma pesquisa realizada a respeito do jornal Binômio, criado pelo jornalista Euro Luiz Arantes, lançado em 17 de fevereiro de 1952, em Belo Horizonte-MG. O periódico teve a finalidade de fazer crítica e oposição ao governo Juscelino Kubitschek e a pretensão de revolucionar o estilo jornalístico da época, tendo sobrevivido por 12 anos, durante os quais passou por três fases: humorística (1952-1955), panfletária (1956-1959) e ideológica (1960- 1964). Deixou de existir em março de 1964 em conseqüência do golpe militar. Nesta investigação considerou-se Binômio como produto cultural que traduz e traz inscrito em si, de várias formas e em muitos níveis, o seu próprio tempo. Para demonstrar como se deram algumas das possíveis interligações entre esse semanário e sua época, procurou-se pesquisar os vestígios, indícios e sinais de sua historicidade em sua linguagem, buscando descobrir a identidade existente entre o estilo, as linguagens e as posturas adotadas pelo Binômio ao longo de seus 12 anos de existência e alguns aspectos culturais de nossa sociedade dos anos 50 e início dos anos 60. Entre outros achados, o estudo comprovou a existência de uma série de semelhanças entre a história e a trajetória de Binômio em cada uma de suas três fases e o malandro, o justiceiro e o renunciador, respectivamente, percebidos como personagens paradigmáticas de rituais de inversão da ordem social brasileira (DA MATTA, 1990). Assim como estes heróis, esse semanário estampava a rebeldia e a irreverência como verdadeiras marcas de nascença, não se enquadrando no sistema, tentando criar suas próprias regras, promovendo com suas posturas e atitudes uma subversão da ordem social. Ao analisar as linguagens desse jornal, concluiu-se que sua maior riqueza se encontra em seu humor, sendo sua fase humorística, e o pouco que dela sobreviveu, seu período mais rico e criativo. A compreensão do riso presente no que se denominou de humor binomiano contém em si a originalidade e a vitalidade presentes na cultura cômica popular da Idade Média e do Renascimento (BAKHTIN, 1987). Durante esses períodos históricos encontrou- se semelhanças significativas entre as fontes do riso, os festejos carnavalescos, o grotesco, a paródia e a praça pública e o humor binomiano.