Efeitos da abertura comercial e da liquidez externa sobre o crescimento do setor agropecuário brasileiro
Ano de defesa: | 2008 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos Mestrado em Economia Aplicada UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/24 |
Resumo: | O processo de abertura externa brasileira, visto sob a ótica de abertura comercial e liberalização financeira, tem provocado profundas mudanças no cenário político e econômico mundial. Nos países da América Latina, esse processo teve início na década de 1990 e foi implementado com vistas a obter estabilidade macroeconômica. No Brasil, a partir da abertura externa, o setor agropecuário, que sempre teve papel de relevância na economia, destacou-se pela obtenção de superávits na balança comercial e contribuição para a geração de divisas, variáveis essas capazes de promover o aumento da liquidez externa brasileira. Dada a importância do setor agropecuário para o ajuste externo da economia brasileira, o presente estudo teve por principal objetivo analisar as relações da abertura comercial e da liquidez externa com o crescimento do setor agropecuário, no período de 1990 ao primeiro trimestre de 2008. Especificamente, objetivou-se verificar os determinantes externos do setor agropecuário, bem como os efeitos do indicador de abertura comercial e dos indicadores de liquidez externa sobre o crescimento do setor agropecuário. O trabalho foi fundamentado pela teoria da Contabilidade Nacional/Balanço de Pagamentos, que apresenta as relações existentes entre abertura comercial, liquidez externa e crescimento. Analiticamente, utilizou-se o teste de causalidade de Granger/Block Exogeneity Tests e o modelo Auto-Regressivo Vetorial (VAR) Estrutural. Foram utilizados o indicador de abertura comercial, referente à soma das importações e exportações agropecuárias sobre o PIB agropecuário, e os indicadores de liquidez, referentes à razão entre as reservas internacionais e as importações agropecuárias, a dívida externa e as exportações agropecuárias, as reservas internacionais e a dívida externa e à razão entre a dívida externa e o PIB agropecuário. Os resultados mostraram que os indicadores de abertura comercial e liquidez externa são significativos determinantes externos do crescimento do setor agropecuário. No geral, entre 1990 e 2008, o indicador de abertura comercial apresentou efeito positivo sobre o crescimento do setor, impulsionado pelo crescimento das exportações agropecuárias, que ocorreu de modo acentuado no período de 2000 a 2007. O aumento das exportações agropecuárias contribuiu para o aumento das reservas internacionais, a redução do risco da dívida externa e a melhoria da condição de liquidez externa brasileira; esses efeitos, combinados, possibilitaram o efeito positivo da liquidez externa brasileira sobre o crescimento do setor agropecuário. Entretanto, em alguns casos, a alocação do influxo de capital para o acúmulo de reservas, em contraposição à alocação de recursos para o crescimento real da economia, pode ter feito com que o aumento da liquidez apresentasse efeito negativo sobre o crescimento do setor agropecuário. Em alguns outros casos, observa-se que o aumento da dívida externa tem impacto positivo sobre o crescimento do setor. Isso ocorre em razão de o aumento do endividamento possivelmente ser proveniente de empréstimos destinados ao investimento na produção agropecuária, o que apresenta efeito positivo sobre o crescimento do setor agropecuário. Conclui-se que os efeitos verificados podem ser fortemente influenciados por políticas macroeconômicas e de infra-estrutura produtiva. Assim, muitas das relações adversas ao pressuposto de análise podem ter sido decorrentes da realidade política e econômica nacional, que apresentou comportamento fortemente diferenciado entre a década de 1990 e os anos de 2000 a 2008. A década de 1990 foi marcada pela implantação do Plano Real, que, balizada por políticas de estabilização macroeconômica, conduziu à apreciação da taxa de câmbio e ao aumento da taxa de juros e, conseqüentemente, resultou em crescimento das importações comparativamente às exportações, redução do saldo da balança comercial agropecuária e aumento da dívida externa e das reservas internacionais. De modo alternativo, entre 2000 e 2008 foi observado cenário favorável ao equilíbrio das contas externas, caracterizado, principalmente, pela flexibilização da taxa de câmbio e conseqüente obtenção de superávits crescentes na balança comercial agropecuária. Por fim, a estrutura produtiva determina a alocação de recursos, principalmente no que tange ao influxo de capitais, e pode ter influência no efeito da liquidez externa sobre o crescimento do setor agropecuário. |