Alterações na qualidade física de um latossolo vermelho do cerrado brasileiro em resposta aos efeitos de longo prazo no manejo do solo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ngolo, Aristides Osvaldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Solos e Nutrição de Plantas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29309
Resumo: As práticas convencionais de manejo apresentam impacto direto sobre a estrutura do solo, em especial por conta do uso de máquinas e implementos nas atividades de preparo, que imprimem carga sobre a superfície do solo. Essas forças causam aumento potencial da densidade do solo, com consequente incremento da resistência oferecida ao crescimento radicular e redução do volume de poros que, por sua vez, afeta a infiltração de água, transporte de solutos e trocas gasosas. Por outro lado, o não revolvimento do solo como preconizado em sistemas como o plantio direto, tem sido propagado como uma prática conservacionista que melhora a qualidade física do solo. As mudanças no uso da terra, juntamente com a queima de combustíveis fósseis, têm sido apontadas como as principais causas das atuais mudanças climáticas globais, e seu estudo tem merecido destaque. Desse modo, tem-se cobrado que as atividades relacionadas à produção agrícola ajudem cada vez mais no sequestro do carbono, um desafio em especial em países de vocação agrícola como o Brasil. Uma dificuldade de muitos estudos de manejo de solo é a ausência de experimentos de longa duração, o que pode comprometer a acurácia e generalização das conclusões. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar os indicadores de qualidade física de um Latossolo Vermelho do Cerrado cultivado com milho por mais de duas décadas sob sistema de plantio direto e de outros sistemas de preparo. O foco principal do trabalho foi a análise de indicadores de qualidade do solo para evidenciar alterações na estrutura do solo e dinâmica do carbono em resposta aos tipos de manejo adotados. A área experimental está localizada dentro da Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa Milho e Sorgo, no município de Sete Lagoas (MG). Os tratamentos avaliados foram os seguintes manejos do solo: arado de disco (AD), plantio direto (PD) e grade com subsolador (GS). Uma área adjacente de cerrado nativo (CN) foi utilizada como referência. Na organização do presente estudo foram planejados três experimentos, que são apresentados na forma de capítulos. No primeiro capítulo, avaliou-se a qualidade física do solo (0-20 cm de profundidade) em resposta aos manejos avaliados, sendo efetuadas análises físicas, de carbono orgânico total, resistência à penetração em campo, e determinação de duas frações da proteína do solo relacionada com a glomalina, esta última uma substância produzida por fungos micorrízicos arbusculares e com potencial de contribuir com a adesão das menores partículas do solo. Os resultados demonstram redução do tamanho médio dos agregados nos sistemas de manejo (AD, PD e GS), aumento da densidade do solo, diminuição da porosidade total e da macroporosidade e redução dos teores de carbono orgânico total. Apesar das práticas de manejo e de seus efeitos, não foram afetados a floculação das argilas e os teores de glomalina. A resistência mecânica do solo à penetração indicou maior compactação superficial nos manejos AD e PD, enquanto em GS verificou-se redução dos valores dessa variável e da densidade do solo com o manejo, bem como redução mínima no tamanho dos agregados. No segundo capítulo foram avaliadas a dinâmica do carbono em resposta aos diferentes usos e manejos e o longo prazo de sua adoção. Neste sentido foram determinados os teores de carbono orgânico total (COT) e carbono lábil (CL), bem como o cálculo do índice de manejo de carbono (IMC) e o estoque de carbono corrigido (Est. C). Os resultados indicaram maior acúmulo de carbono e de IMC no manejo com arado de discos em todas as camadas avaliadas. O cálculo do IMC confirmou seu potencial como indicador de boas práticas de manejo do solo. As perdas no estoque de carbono depois da remoção do cerrado nativo e de mais de duas décadas de cultivo foram de 16,7 t ha -1 (AD); 24,00 t ha -1 (PD) e 32,2 t ha -1 (GS). No terceiro capítulo buscou-se avaliar as modificações microestruturais do Latossolo do cerrado estudado depois das mais de duas décadas de cultivo sob diferentes usos e manejos. Para isto, foram conduzidos estudos de micromorfologia e de tomografia computadorizada. Os resultados indicaram que a qualidade física do solo foi impactada pela implantação dos sistemas de manejo, fato evidenciado pelas transformações ocorridas na microestrutura do solo. Do mesmo modo, a tomografia computadorizada indicou alterações na microestrutura, principalmente pelo aumento de microporos e diminuição da conectividade dos poros. Como conclusões finais tem-se que a qualidade física do Latossolo foi impactada com a adoção dos diferentes sistemas de manejos, não sendo o sistema de plantio direto capaz de reduzir ou mitigar tais efeitos. Esse desempenho não esperado do plantio direto foi associado às dificuldades de manutenção de palhada na superfície do solo, o que foi associado à alta decomposição do material orgânico e às restrições hídricas na entressafra que dificultam o desenvolvimento de culturas de inverno.