Adiposidade corporal e concentrações de adipocinas em crianças: relação com o risco cardiometabólico e o ambiente obesogênico no entorno das escolas e dos domicílios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Filgueiras, Mariana De Santis
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Ciência da Nutrição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://locus.ufv.br//handle/123456789/29679
https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2021.020
Resumo: A obesidade infantil é um problema de saúde pública global e sua fenotipagem deve considerar métodos de referência, como exames de imagem (ex. dual energy x-ray absorptiometry - DXA) e marcadores bioquímicos (ex. adipocinas). A adiposidade corporal está relacionada a maior secreção de adipocinas pró-inflamatórias, como leptina, retinol- binding protein 4 (RBP4) e quemerina, e a menor secreção de adipocinas anti-inflamatórias, como adiponectina. Essas adipocinas são potenciais mediadoras da relação entre a adiposidade corporal e o risco cardiometabólico, entretanto a sua relação com esse risco deve ser melhor investigada na infância. A partir da compreensão de que a obesidade e suas comorbidades são multicausais e do reconhecimento do papel de fatores ambientais em sua gênese, ressalta-se a importância do estudo desses fatores na população infantil. Esses ambientes têm se destacado como fatores determinantes para a elaboração de estratégias no cuidado e na prevenção da obesidade infantil, uma vez que ambientes urbanos podem ter características “obesogênicas” quando promovem escolhas alimentares e de estilo de vida não saudáveis, ou “leptogênicas”, quando promovem escolhas saudáveis. Sendo assim, o objetivo geral deste estudo foi avaliar a adiposidade e as concentrações de adipocinas em crianças e suas relações com o risco cardiometabólico e o ambiente obesogênico no entorno das escolas e dos domicílios. Este estudo é proveniente de duas pesquisas. A primeira, Pesquisa de Avaliação da Saúde do Escolar (PASE), trata-se de um estudo transversal realizado com 378 crianças de 8 e 9 anos de idade matriculadas em todas as escolas públicas e privadas da área urbana de Viçosa, Minas Gerais. Por meio de um questionário foram obtidas as informações das crianças: idade, sexo, renda per capita, anos de estudo da mãe, beneficiário de programa governamental, tempo de tela e atividade física fora da escola. Também foram aferidos o peso e a estatura para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), inclusive da mãe, bem como a gordura corporal total e na região androide por meio do DXA. Foram dosadas as adipocinas (leptina, RBP4, adiponectina e quemerina), marcadores do perfil glicídico (glicemia e insulina de jejum para o cálculo do homeostatic model assessment – HOMA-IR) e lipídico (colesteroltotal, high-density lipoprotein – HDL-c, low-density lipoprotein – LDL-c e triglicerídeo), bem como aferida a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) das crianças. A segunda pesquisa forneceu dados ambientais da área urbana do município de Viçosa, tais como os estabelecimentos de venda de alimentos predominantemente ultraprocessados, espaços públicos para prática de atividade física e/ou lazer, criminalidade, acidentes de trânsito, presença de áreas arborizadas, caminhabilidade e renda da vizinhança. Com base dos endereços das escolas e dos domicílios das crianças, foram criados buffers network de 400 m e obtida a densidade de todas as características ambientais por 1000 habitantes. Foram conduzidas análises descritivas, geoespaciais, regressão linear, generalized estimating equations (GEE) e modelagem de equações estruturais (MEE). As duas pesquisas foram aprovadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Os principais resultados desta tese apontaram: 1) Associação direta da leptina com a PAD e o HOMA-IR, e da RBP4 com o colesterol total, além da associação inversa da adiponectina com a PAD e o HOMA-IR, e da quemerina com a glicemia de jejum; 2) No entorno das escolas, os estabelecimentos de venda de alimentos ultraprocessados, caminhabilidade, acidentes de trânsito e criminalidade estiveram diretamente associados à gordura corporal total e androide, bem como a RBP4. Espaços públicos para atividade física e/ou lazer e espaços arborizados estiveram inversamente associados à gordura total e androide, RBP4 e quemerina; 3) No entorno dos domicílios, o ambiente obesogênico teve um efeito direto no IMC materno e na gordura corporal total da criança. O IMC materno e a gordura corporal total da criança mediaram o efeito do ambiente obesogênico na leptina. A complexidade dos determinantes da obesidade na infância, bem como o risco cardiometabólico relacionado à inflamação subclínica, levam à necessidade de ações intersetoriais para que as estratégias de prevenção e cuidado sejam efetivas, tendo o ambiente urbano como um dos meios para promoção da saúde de gerações futuras. Palavras-chave: Adiposidade. Ambiente e saúde. Criança. Inflamação. Obesidade infantil. Saúde urbana.