Características comportamentais de emas em cativeiro submetidas a diferentes fotoperíodos e relações macho:fêmea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Rocha, Delcio César Cordeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Genética e Melhoramento de Animais Domésticos; Nutrição e Alimentação Animal; Pastagens e Forragicul
Doutorado em Zootecnia
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/1694
Resumo: Pesquisas têm revelado que o fator bem estar animal é determinante na viabilidade técnica e econômica dos sistemas de produção animal. Desta forma o entendimento do comportamento animal poderá ser uma ferramenta útil para detecção de problemas que interfiram no conforto do animal e que acarretam prejuízos ao produtor. Os animais se comportam segundo determinados padrões. Esses padrões são definidos como um segmento organizado de atitudes que possui uma função especial. Pode ser um ato único ou uma série de atividades e representam uma resposta do animal a algum estímulo ambiental. Uma alteração no ambiente geralmente produz mais de uma resposta comportamental, mas o animal aprende a usar aquela mais eficiente. Como os desafios ambientais impostos ao animal ocorrem em ciclos regulares, estes exibem seus padrões de comportamento ciclicamente. Por exemplo, os bovinos em sistema de pastagem respondem ao ciclo natural claro-escuro, pastando, ruminando e descansando sempre nos mesmos horários. O experimento foi conduzido no Setor de Produção avícola, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), localizado na Fazenda Boa Vista de Cachoeira de Santa Cruz, município de Viçosa, Estado de Minas Gerais. Os dados comportamentais foram avaliados estatisticamente por método descritivo, através de comparação por freqüência das características avaliadas, para os tratamentos avaliados. Foram utilizadas 21 emas, sendo 15 fêmeas e 06 machos, com idade média de dois anos e meio, (após primeira postura). Os animais foram alojados em galpão, dispostos em três baias com diferentes fotoperíodos, sendo pesados antes e depois de cada período experimental. Adotou-se a utilização de coleiras coloridas para facilitar a identificação das emas. Os fotoperíodos foram baseados nos paralelos 21o (Viçosa, MG), 25o (Ponta Grossa, PR) e 52o (extremo sul da Argentina). Sendo, respectivamente 10:30h/dia de iluminação natural na baia 1 (6:45-17:15h) como testemunha; 13:30h de luz/dia na baia 2 (5:15 18:45 h) e 16:30h/dia na baia 3 (3:45-20:15h). As lâmpadas utilizadas nos dois tratamentos de 13:30 e 16:30h/luz/dia foram do tipo fluorescente com seis lâmpadas de 20W em baias de 200m2 cada (Essa área do galpão foi sub-divida em baias com área de 15 metros de comprimento por 5 de largura totalizando 75 m2 por baia). As luzes foram acessas em abril de 2006, com aumento gradual durante seis dias. A coleta dos dados de postura e choco foi realizada do inicio ao final do ciclo. O Experimento de fotoperíodo foi dividido em quatro fases, com coletas distintas de informações: a) Na primeira fase, os animais foram sub-divididos em dois lotes/fotoperíodo, sendo um dos lotes constituído de um macho e duas fêmeas e, o outro, de um macho e três fêmeas. Ou seja, a Baia 1A (1M:3F) (10:30h/luz/dia), Baia 1B (1M:2F) (10:30h/luz/dia); Baia 2A (1M:3F) (13:30h/luz/dia), Baia 2B (1M:2F) (13:30h/luz/dia) e Baia 3A (1M:3F) (16:30hs/luz/dia), Baia 3B (1M:2F) (16:30hs/luz/dia). Os dados foram coletados entre 10 a 27 de outubro de 2006. E efetuado a análise entre fotoperíodos diferentes na mesma relação macho:fêmea ou seja entre as baias A (1A, 2A e 3A) e baias B (1B, 2B e 3B) nos períodos da manhã e tarde. A análise estatística para o método scan foi descritiva, sendo feito o comparativo dos dados comportamentais em categorias (posição, ingestão, social, reprodutiva e outros) entre as baias com relação tratamentos luminosos diferentes na mesma relação macho:fêmea ou seja entre as baias A (1A, 2A e 3A) e baias B (1B, 2B e 3B) nos períodos da manhã e tarde. Verificou-se que a percepção da luz por via craniana interfere na reprodução e no comportamento das emas e que o fotoperíodo e as diferentes relações de macho:fêmeas alteram o comportamento das emas e a sua produção de ovos, libido e nos comportamentos sociais. b) 2ª Fase (Pintura das cabeças dos animais nas baias B ) Na segunda fase nas baias B (1M:2F) de cada fotoperíodo, todos os animais tiveram a cabeça coberta com tinta nanquim, buscando-se deixá-los insensíveis à luz. As observações foram conduzidas de 03 a 20 novembro de 2006. O percentual de interações macho:fêmea foi verificado conforme o tempo do fotoperíodo, ou seja, pode-se dizer que quanto maior o fotoperíodo maior o percentual de interatividade entre macho:fêmea no turno da manhã. Desta forma, conclui-se que a percepção da luz por via craniana interferiu na reprodução e nos comportamento sociais e ingestivos das emas, os diferentes fotoperíodos e as diferentes relações de macho:fêmeas alteram o comportamento das emas e a sua produção de ovos, libido. Uma vez que tanto os machos como as fêmeas com as cabeças pintadas com nanquim apresentaram refratariedade ao estímulo luminoso quanto à libido (cópula, display e postura) uma vez que os animais que foram submetidos à técnica tornaram-se refratários ao fotoperíodo ao final de algumas semanas mudando completamente seu repertório reprodutivo logo após a sua aplicação. c) 3º Fase (Trocas de machos das baias A com os das baias B) Na terceira fase foi realizada a troca dos machos das Baias B (cabeça coberta com tinta nanquim) pelos machos das Baias A (cabeças normais) e vice versa em cada fotoperíodo, ou seja, o macho da baia 1A (1M:3F) (10:30hs/luz/dia) foi trocado de baia com o macho 1B (1M:2F) (10:30hs/luz/dia) e, respectivamente para os demais fotoperíodos. As observações foram conduzidas no final de 27 de novembro a 14 dezembro de 2006. Assim sendo pode-se concluir que a percepção da luz por via craniana interferiu na reprodução e no comportamento das emas e os machos com cabeça pintada executaram menor quantidade de cortejo e de cópulas que os sem pintura mesmo em diferentes fotoperíodos. As fêmeas com as cabeças pintadas com nanquim se também se tornaram refratárias ao estímulo luminoso inclusive cessado à postura, ou seja, quando foram submetidos à técnica de nanquim mudaram seu repertório reprodutivo logo após a sua aplicação. d) 4ª Fase (inversão de tratamentos) Na quarta fase, os machos voltaram para suas respectivas baias iniciais, ou seja, fez-se a troca dos machos novamente (igual 2ª fase) das Baias B (cabeça coberta com tinta nanquim) pelos machos das Baias A (cabeças normais) e vice versa em cada tratamento. Porém, os animais das baias 1A (1M:3F) (10:30hs/luz/dia e 1B (1M:2F) (10:30hs/luz/dia) que nunca estiveram expostos ao fotoperíodo foram trocados com os animais das baias 3A (1M:3F) (16:30hs/luz/dia e 3B (1M:2F) (16:30hs/luz/dia) com maior tempo de fotoperíodo, e os animais das baias 2A (1M:3F) (13:30hs/luz/dia e 2B (1M:2F) (13:30hs/luz/dia) permaneceram no mesmo fotoperíodo. As observações foram conduzidas de 10 a 27 de janeiro de 2007. As análises estatísticas, tanto para o método focal quanto para o scan foram realizados de forma descritiva, semelhantemente ao já mencionado na 2ª e 3ª Fase. Nesta fase não houve presença de choco durante o período observado. Constatou-se que o percentual de interações macho:fêmea foi verificado conforme o tempo do fotoperíodo, ou seja, pode-se dizer que quanto maior o fotoperíodo maior o percentual de interatividade entre macho:fêmea no turno da manhã. Desta forma, conclui-se que a percepção da luz por via craniana interferiu na reprodução e nos comportamento sociais e ingestivos das emas, os diferentes fotoperíodos e as diferentes relações de macho:fêmeas alteram o comportamento das emas e a sua produção de ovos, libido e nos comportamentos sociais.