Relação de perimetrias centrais com adiposidade, marcadores cardiometabólicos, inflamatórios e hormonais nas três fases da adolescência
Ano de defesa: | 2014 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
BR Dietética e Qualidade de Alimentos; Saúde e Nutrição de Indivíduos e Populações Doutorado em Ciência da Nutrição UFV |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://locus.ufv.br/handle/123456789/390 |
Resumo: | A obesidade central na adolescência tende a se manter na vida adulta, com prejuízos à saúde cardiovascular nesta fase. Desta forma, o estabelecimento de medidas simples para identificação precoce de indivíduos em risco é de interesse em saúde pública. Objetivou-se relacionar perimetrias centrais com adiposidade, marcadores cardiometabólicos, inflamatórios e hormonais nas três fases da adolescência. Este estudo epidemiológico do tipo transversal foi realizado com 800 adolescentes (Subamostra 1: 671; Subamostra 2: 476 e Subamostra 3: 375 adolescentes) de 10 a 19 anos, de ambos os sexos selecionados por amostragem aleatória simples em todas as escolas públicas e privadas, nas áreas rurais e urbanas do município de Viçosa, Minas Gerais. Os adolescentes foram subdivididos por intervalos etários (10 a 13 anos: fase inicial; 14 a 16 anos: fase intermediária; 17 a 19 anos: fase final). Foi aferido peso, estatura, perímetro da cintura (PC) em quatro pontos anatômicos (PC1: cicatriz umbilical; PC2: ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca; PC3: 2,5cm acima da cicatriz umbilical; PC4: menor cintura entre o tórax e o quadril), perímetro do quadril (PQ), perímetro do pescoço (PP,) pregas cutâneas tricipital, bicipital, subescapular e supra ilíaca. A partir das medidas calcularam-se as razões índice de massa corporal (IMC), relação cintura/quadril (RCQ), relação cintura/estatura (RCE) e relação pregas cutâneas centrais/periféricas (RCP= subescapular + supra ilíaca/bicipital + tricipital). A gordura corporal total, troncular e androide foi determinada pela absortometria de raios-X de dupla energia (DXA). Foram analisados glicemia, insulina, modelo homeostático de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR), HDL, LDL, triglicerídeos, ácido úrico, pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), proteína C reativa ultrassensível (PCR-us), contagem de leucócitos, expressão gênica da molécula de adesão intercelular-1 (ICAM-1), cortisol e aldosterona. Características do estilo de vida (padrão de atividade física, consumo de álcool e hábito de fumar) foram auto-relatadas. Considerou-se presença de obesidade abdominal quando RCE  0,50. O fenótipo ―cintura hipertrigliceridêmica‖ (CH) foi diagnosticado pela presença concomitante de PC aumentado ( percentil 75) e concentrações de triglicerídeos elevadas ( 100 mg/dL), enquanto que a síndrome metabólica (SM) foi avaliada pelo critério de Ferranti et al (2004). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (Of. Ref. N° 0140/2010 e Of. Ref. N° 674.045/2014). Como resultado encontrou-se que o PC diferiu de acordo com o local de aferição, sendo PC4<PC3<PC2<PC1 (p<0,05), por sexo e fase. O PC1 e PC2 foram de melhor desempenho para predizer adiposidade central, especialmente nas fases intermediária e final (p<0,05), mas os quatro pontos anatômicos apresentaram similar predição do risco cardiometabólico. Observou-se prevalência de SM idêntica ao fenótipo CH (6,4%), sem diferenças entre os sexos e as fases. O PC apresentou os maiores valores absolutos de área abaixo da curva (AUC), exceto para meninos nas fases inicial e final no diagnóstico da CH e para meninos na fase final no diagnóstico da SM, nos quais a RCE apresentou maior AUC. A RCP obteve as menores AUC. O PP apresentou associação positiva com gordura corporal total, troncular e androide (p<0,05), bem como com HOMA-IR, ácido úrico e PAS independentemente do estado nutricional e da ocorrência de obesidade abdominal. Os valores de PP foram maiores (p<0,05) no grupo com ≥3 fatores de risco. O ponto de corte de 28,8 e 29,9 cm para as meninas, bem como 31,7 e 30,4 cm para os meninos de PP foi capaz de predizer em ambos os sexos a resistência à insulina e a SM, respectivamente (AUC>0,5; p<0,05). As razões de prevalência de hiperinsulinemia (5,42; p<0,001), resistência à insulina (5,07; p<0,001), LDL alto (1,94; p=0,043), HDL baixo (1,76; p=0,014), hipertrigliceridemia (2,24; p=0,020), hipeuricemia (1,92; p=0,032), contagem de leucócitos elevada (2,55; p<0,001) e PCR-us elevada (4,18; p<0,001) foram maiores naqueles com obesidade abdominal. Por outro lado, a ICAM-1 aumentada foi menos prevalente nos indivíduos obesos (0,45; p=0,039). Tais resultados demonstram, portanto a relevância da localização da gordura corporal em todas as fases da adolescência, sendo que o PC e a RCE foram os melhores preditores do risco de alterações cardiometabólicas. Sugere-se a aferição do PC no ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca, uma vez que o uso de pontos ósseos fixos pode minimizar erros na avaliação da obesidade juvenil. Em adição, o PP pode ser um instrumento alternativo de triagem, de forma a auxiliar os profissionais de saúde na identificação precoce daqueles em alto risco para doenças cardiovasculares. |