"Lugar" e "trecho": migrações, gênero e reciprocidade em comunidades camponesas do Jequitinhonha

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Maia, Cláudia de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/9851
Resumo: Neste estudo analisou-se na trajetória de mulheres e homens das comunidades do Banco Setúbal, Lagoa dos Patos e Córrego da Velha, na zona rural do município de Araçuaí no Médio Jequitinhonha, a (re)construção das relações de gênero e formas de reciprocidade, que possibilitam a organização de famílias em estratégias de reprodução social, em fase à dinâmica social vivenciada, privilegiando as experiências das mulheres. Para isso, utilizou-se as relações de gênero como perspectiva teórica interpretativa. A expansão da economia de mercado no Vale do Jequitinhonha, a partir da década de 60, através do processo de modernização da agricultura, associado às questões climáticas da região e o constante enfraquecimento do solo, conduziram as famílias camponesas á novas estratégias de reprodução social. Essas estratégias traduziram-se na combinação da agricultura de subsistência com trocas de mercado, através da migração sazonal dos homens, principalmente, para o corte de cana no interior de São Paulo. Essas novas estratégias estão imersas em formas tradicionais solidariedade e reciprocidade, e são possibilitadas por uma negociação no grupo doméstico, entre os homens, que partem para prover os recursos financeiros, e as mulheres, que permanecem para manter a agricultura de subsistência e as relações sociais. Percebeu-se que as mulheres passaram a acumular, as tarefas do espaço da casa, tradicionalmente femininas, e as tarefas do espaço da produção (roça), tradicionalmente masculinas, impondo mudanças na divisão sexual de tarefas culturalmente construídas. Além disso, elas passaram a ser o principal do elo de ligação da família com a terra patrimônio. Através da permanência das mulheres, no lugar de origem , que significa a manutenção de relações sociais, e do seu trabalho na roça e na casa, que os homens mantém sua condição de camponeses.