Língua, cultura e migração: desenvolvimento linguístico e cultural de crianças de famílias migrantes internacionais em Viçosa, Minas Gerais
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Viçosa
Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://locus.ufv.br//handle/123456789/30797 https://doi.org/10.47328/ufvbbt.2022.480 |
Resumo: | A migração internacional é um fator que contribui para expansão das línguas e que colabora na formação e reconstrução identitária do sujeito, favorecendo a sua autonomia, construída na pluralidade das línguas e na flexibilidade, conquistada na transposição de fronteiras e de espaços politicamente demarcados. Os estudos sobre migração internacional no Brasil têm focado muito em questões de ordem econômica e política, ao tratarem da exploração de mão de obra barata de pessoas em situação de refúgio, e das questões humanitárias envolvidas no tratamento de (i)migrantes nessa condição. O processo de internacionalização da educação, que também contribui para um movimento migratório internacional temporário, tem motivado muitos estudos, embora esses ainda se concentrem nos aspectos sociais (CUNHA et al., 2017), políticos e econômicos da internacionalização do ensino superior (LIMA; MARANHÃO, 2009; ARAÚJO; SILVA, 2015; SILVA, 2017). Assim, têm ficado à margem das pesquisas aspectos importantes da migração para estudos, como os impactos sobre as famílias e a educação básica e a participação, cada vez maior, de classes sociais menos privilegiadas. Compreendendo a influência da Universidade Federal de Viçosa na composição demográfica e na paisagem linguística e cultural da cidade de Viçosa, Minas Gerais, realizamos esta pesquisa com o objetivo de investigar o perfil linguístico cultural das crianças em idade escolar que compõem famílias migrantes internacionais residentes nessa localidade, identificando seus fatores constitutivos. A pesquisa, do tipo qualitativa, está situada no domínio da Linguística Aplicada e foi dividida em duas etapas: 1) levantamento (GIL, 2012); e 2) estudo de campo, com o uso de entrevistas semiestruturadas (DENZIN et al., 2010). Foram identificadas no levantamento 41 crianças, integrantes de 28 famílias migrantes internacionais, 13 delas com pelo menos 2 filhos em idade escolar. Das 41 crianças matriculadas na rede básica de ensino, 14 estão na fase de 7 a 10 anos e 11, na fase de 11 a 15 anos de idade. Além disso, observamos que 31 (73%) estão matriculadas em escolas da rede privada de ensino e 10, na rede pública e/ou em Organizações Não-Governamentais (ONGs). Considerando que, na maior parte das famílias (17), pelo menos um dos pais é latino-americano de origem hispânica, a língua estrangeira mais presente no ambiente escolar é o espanhol, seguido do inglês. No estudo de campo, foram entrevistadas 9 das 28 famílias constantes no levantamento e os dados, analisados considerando o ponto de vista dos entrevistados. Assim, em 6 das 9 famílias entrevistadas, as crianças são bilíngues e não enfrentam problemas de aprendizagem de conteúdos curriculares. Em uma das famílias, a criança está em fase de aprendizagem da língua portuguesa e, nas últimas duas famílias, embora sejam bilíngues, os pais relatam não terem conseguido ensinar e manter suas línguas maternas com os filhos. A partir dos relatos das famílias entrevistadas, concluímos que, apesar da presença de uma comunidade significativa de estrangeiros na cidade de Viçosa, existem grandes desafios na manutenção das línguas dos pais com as crianças. São desafios já relatados por outros autores e que envolvem: a) questões identitárias (LIGHTBOWN; SPADA, 1993; MEY, 2006; SOUZA, 2016); b) crenças sobre aquisição e ensino-aprendizagem de línguas (LIGTHBOWN; SPADA, 1993b); c) pressões da comunidade majoritária (comunidade, família e escola); d) acesso a materiais e a uma comunidade de fala (CHULATA, 2015b); e e) aspectos intrínsecos ao desenvolvimento da criança bilíngue, como o desenvolvimento fonológico diferenciado (HOFF, 2006) e a intersecção/mistura de línguas (DOI; EL’DASH, 2006). Também foi possível confirmar que, de modo geral, entre as crianças mais jovens, de até 8 anos, a aquisição ou aprendizagem de português, língua majoritária e de instrução nas escolas, não carece de grandes preocupações. Por outro lado, merecem muita atenção a (des)valorização da pluralidade cultural dessas crianças no espaço escolar e a (in)compreensão sobre aquisição de línguas e bilinguismo entre crianças migrantes. Tendo em consideração a inexistência de ensino bilíngue na região, com alfabetização e ensino dos conteúdos curriculares na língua falada pelos pais, é fundamental que a comunidade escolar procure conhecer o histórico de migrações dessas famílias, visando compreender suas especificidades linguísticas e culturais, incentivando os pais na manutenção de suas línguas maternas com os filhos. Palavras-chave: Bilinguismo. Ensino-aprendizagem de línguas. Internacionalização. |