Transmissão de preços de milho branco entre os mercados grossistas moçambicanos de Maputo e Nampula e o mercado sul africano, 2007/2013

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Chambo, José Jacinto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Economia e Gerenciamento do Agronegócio; Economia das Relações Internacionais; Economia dos Recursos
Mestrado em Economia Aplicada
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/89
Resumo: O milho (Zea mays L.) é o principal cereal produzido na África e a cultura alimentar mais importante de Moçambique. A sua importância na segurança alimentar da população, principalmente das camadas mais pobres, é abundandamente conhecida, e a sua escassez é muitas vezes sinônimo de fome e calamidades. O milho tem papel importante como alimento-base; transformado em farinha, constitui o principal componente da cesta básica e da dieta alimentar das famílias moçambicanas. É também uma fonte segura de renda para as famílias pobres, que não conseguem produzir culturas de maior retorno e que requerem o uso elevado de insumos, como, por exemplo, tabaco, algodão, cana-de-açúcar, entre outros. Em Moçambique, 72% de pequenas e médias explorações são produtoras de milho, ocupando 44% da área agrícola total do país. A região norte, onde se localiza Nampula, caracterizada por possuir condições agroecológicas ótimas, é a maior produtora de milho- branco, que, além de abastecer o centro e norte do país, também flui para a região sul e para países vizinhos do norte. Deficiências na infraestrutura de transporte e armazenamento têm resultado em altos custos para abastecer essas regiões de milho proveniente de Nampula. A região sul, onde se localiza Maputo, é caracterizada por baixos índices de produção agrícola devido às suas condições naturais, que não permitem o desenvolvimento de agricultura em grande escala. As indústrias moageiras que transformam o milho em farinha, ração e outros derivados estão localizadas em Maputo e têm importado milho da África do Sul devido, entre outros motivos, à facilidade de comprar grande quantidade em pouco tempo, ao deficiente fluxo de produto e de informação, à qualidade, aos preços e à infraestrutura, ao passo que Nampula tem apresentado grandes excedentes. Estudos que possam disponibilizar informação do mercado grossista e que relacionam o maior produtor, Nampula, e o maior consumidor, Maputo, com o principal exportador de milho para Moçambique, a África do Sul, não foram encontrados. Informações dessa natureza tornam-se úteis aos fazedores de políticas e atores da cadeia de produção na tomada de decisões. O propósito deste trabalho foi analisar a transmissão de preços de milho entre os mercados grossistas moçambicanos de Maputo e Nampula e o mercado sul-africano, no período de janeiro de 2007 a maio de 2013, utilizando dados de preços semanais. Especificamente, pretendeu-se descrever o mercado de milho em Moçambique e suas relações com o mercado sul-africano; verificar se os mercados de milho branco de Maputo e Nampula e África do Sul são integrados; e determinar a magnitude de transmissão de preços entre esses mercados e a validade da Lei de Preço Único (LPU). Para alcansar os objetivos, utilizou-se a metodologia do modelo dos Vetores Autorregressivos (VAR) e do modelo de Correção de Erro (VEC). Esses modelos permitem fazer essas análises por meio de teste de causalidade, teste de cointegração bivariado e multivariado de Johansen, para verificar relações de longo prazo entre as variáveis, função impulso-resposta e decomposição da variância do erro de previsão. Os resultados mostraram que Moçambique ainda tem uma agricultura com nível de produção e uso de tecnologias baixos quando comparados com os da África do Sul, a qual dispõe dos mais altos padrões tecnológicos e de organização. Os preços dos mercados de Nampula e Maputo apresentam relação causal bidirecional, causal unidirecional de África do Sul para Maputo e nenhuma relação causal entre África do Sul e Nampula. O teste de Johansen mostrou a existência de um vetor de cointregação ou relação de longo prazo entre as séries de pares dos mercados de Maputo vs África do Sul, Maputo vs Nampula e Nampula vs África do Sul e entre os mercados de Maputo, Nampula e África do Sul. No entanto, a variável África do Sul se mostrou estatisticamente não significativa nas equações de longo prazo. Somente os mercados moçambicanos de Maputo e Nampula são integrados entre si. A elasticidade de transmissão de preços entre Maputo e Nampula indica que variações em um mercado não são repassadas na sua totalidade para o outro mercado no longo prazo durante o período em análise, ressaltando a não predominância da Lei do Preço Único nesses mercados. Os preços de Maputo tendem a receber mais influência dos preços de Nampula do que da África do Sul. As funções de impulso-resposta e da decomposição da variância do erro indicam que o mercado de Nampula tem maior poder de explicação sobre os preços de Nampula e Maputo. Nenhum mercado explicou os preços da África do Sul.