Efeito de fungos da podridão branca sobre a qualidade nutricional de resíduos agroindustriais ligninocelulósicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Bento, Cláudia Braga Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Viçosa
BR
Associações micorrízicas; Bactérias láticas e probióticos; Biologia molecular de fungos de interesse
Mestrado em Microbiologia Agrícola
UFV
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://locus.ufv.br/handle/123456789/5296
Resumo: O aumento da população mundial demanda cada vez mais alimentos e bens de consumo, com conseqüente aumento na produção de resíduos agroindustriais oriundos de madeireiras, usinas de álcool combustível e indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas. Diversos estudos têm demonstrado o potencial de fungos da podridão branca em decompor substratos ligninocelulósicos, mas a utilização desses resíduos na alimentação de ruminantes ainda tem sido pouco explorada. O objetivo deste trabalho foi determinar a composição bromatológica e a digestibilidade in vitro de resíduos agroindustriais (casca de eucalipto, serragem de eucalipto, bagaço de cana-de-açúcar, sabugo de milho, casca de café, fibra de coco e casca de caroço de algodão desengordurado) inoculados com fungos causadores da podridão branca (Pleurotus ostreatus e Lentinula edodes), assim como determinar a atividade enzimática de celulase, xilanase e lacase em três diferentes tamanhos de partículas dos resíduos sabugo de milho e bagaço de cana-de-açúcar incubados com líquido ruminal in vitro, visando avaliar o potencial hidrolítico das comunidades microbianas do rúmen. Quando os resíduos foram tratados com L. edodes o teor de PB do resíduo casca de eucalipto aumentou 91 % e 78 % no tratamento enriquecido com farelo de arroz e uréia, respectivamente. O teor de LDA diminuiu 70 % na serragem de eucalipto frutificada e enriquecida com farelo de arroz comparada ao controle. A FDN do resíduo bagaço de cana diminuiu 5 % quando enriquecido com farelo e 21 % quando enriquecido com uréia. Quando os resíduos foram tratados com P. ostreatus os teores de CEL e LDA da casca de eucalipto diminuíram 22 % e 137 %, respectivamente, após o tratamento. Na serragem de eucalipto as concentrações de FDN e FDA diminuíram 19 % e 27 % no tratamento frutificado, respectivamente. O EE aumentou 402 % no tratamento frutificado no bagaço. No sabugo o conteúdo de cinzas aumentou 130 % no tratamento frutificado em relação ao controle. Houve redução de 60 % no teor de LDA da casca de café após a frutificação. A frutificação fúngica reduziu os teores de LDA e CEL em 25 % e 20 %, respectivamente na fibra de coco. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos para os teores de PB, FDA, CEL, HEM e LDA no resíduo casca de caroço de algodão desengordurado. Houve diferença significativa na DIVMS entre os enriquecimentos dos resíduos tratados com L. edodes, tendo sido observado aumento médio de 111 % e 98 % quando frutificado e adicionado de farelo de arroz e uréia, respectivamente, em relação ao controle O maior incremento de DIVMS no tratamento frutificado nos resíduos tratados com P. ostreatus foi obtido para a casca de eucalipto (200 %), sabugo de milho (67 %) e bagaço de cana-de-açúcar (13 %). As maiores atividades de celulase no resíduo sabugo de milho foram obtidas quando se utilizou partículas com 0,6 mm de diâmetro. A atividade de xilanase foi maior quando comparada à atividade de celulase em todos os tratamentos e tamanhos de partículas testados. O tamanho de partícula 0,6 mm no tratamento inoculado foi o que apresentou atividade máxima de xilanase após 48 horas de incubação (118,17 U/mL). A atividade de celulase no resíduo bagaço de cana-de-açúcar foi superior em todos os tratamentos e tamanhos de partículas quando comparado ao resíduo sabugo de milho. O tamanho de partícula 0,6 mm apresentou as maiores concentrações de xilanase no bagaço de cana-de-açúcar, tendo sido observado valor máximo após 48 horas de incubação de 78,89 U/mL no tratamento frutificado. As mudanças na composição química e na DIVMS indicam que L. edodes (UFV 73) e P. ostreatus (PLO 06) melhoram o valor nutricional dos resíduos tratados, aumentando o teor de PB e DIVMS e reduzindo os teores de FDN, FDA e LDA dos resíduos agroindustriais, com possibilidade de utilização na alimentação de ruminantes.